Contemporaneidade e tecnologia aplicada à ecoeficiência em todas as etapas de produção fazem parte do projeto da nova sede do Clube Curitibano, criado pelos arquitetos por Jacksson Depoli e Michelle Schneider, do ArqBox. Localizada em Curitiba, a obra é fruto de um concurso fechado promovido pelo Clube entre escritórios de arquitetura da cidade.
Buscamos atender as demandas atuais e futuras com uma linguagem arquitetônica do conjunto, seu entorno e a malha urbana. A construção é ecologicamente correta, acessível, flexível e modular, com possibilidade de execução em duas ou mais etapas, uso racional de água e energia e reciclagem de materiais Jacksson DepoliNo projeto com área construída de mais de 22 mil m², em um extenso terreno de aproximadamente 12.650 m², os arquitetos apostaram na flexibilidade do uso dos espaços. São opções de lazer, cultura e esporte que atendem a plena convivência de sócios, familiares e amigos. O partido arquitetônico é sóbrio, como uma escultura branca, um monobloco icônico de design atemporal, funcionando como símbolo para o clube e para o bairro.
“Buscamos atender as demandas atuais e futuras com uma linguagem arquitetônica do conjunto, seu entorno e a malha urbana. A construção é ecologicamente correta, acessível, flexível e modular, com possibilidade de execução em duas ou mais etapas, uso racional de água e energia e reciclagem de materiais empregados”, relata o arquiteto Jacksson.
A nova sede reverencia o bosque de araucárias do local – árvore símbolo do Paraná. A área verde constituiu uma diretriz para a concepção do projeto, além de condicionante, pois não pode ser modificado. Segundo Michelle, lazer infantil e arvorismo serão atividades realizadas no bosque, que também fará parte das visuais de frequentadores do edifício principal, próximo ao acesso de pedestres e veículos, exclusivo pela Rua Jacarezinho.
“A partir do hall é possível admirar toda a sua extensão. Nas outras áreas, a vista contempla o restaurante, a academia, a piscina e o campo de futebol”. Nesse último espaço interno, localizado no pavimento térreo, existe a possibilidade de o local tornar-se também uma área de eventos, convenções, feiras e shows, podendo comportar até 1.500 pessoas. A flexibilidade é o ponto-chave nas salas de festas e quadras cobertas, que permitem divisões em festas menores e maiores. Também nesse pavimento, o restaurante fica na entrada, proporcionando flexibilidade de uso, para sócios do clube e para a comunidade.
A construção foi pensada dentro da área limite – 60 m da rua de acesso. Isso aumentou a área para atividades externas localizadas no fundo do lote – com maior porção no miolo da quadra – além de oferecer mais segurança e domínio visual, evitando pontos cegos. Nesse ponto, foi planejado o Clube de Piscinas, com topografia marcada por um platô longitudinal e plano, facilitando a implantação. O fato de o edifício ser longilíneo também trouxe à tona outra condicionante relevante: com orientação solar Norte-Sul, foi necessária a proteção da insolação direta nas fachadas leste e oeste.
Pensadas para favorecer os fluxos e a acessibilidade de todos os usuários, as escadarias conectam francamente o hall aos ambientes internos. A acessibilidade também é garantida por dois elevadores implantados no hall. A conexão visual é estabelecida por grandes aberturas e por um átrio oblíquo, que aproveita a incidência solar. O estacionamento toma três pavimentos dos subsolos, sendo que o primeiro divide espaço com banheiros, vestiários, áreas de serviço e apoio, carga/ descarga e área de embarque/desembarque de pessoas.
“A escolha do concreto foi motivada única e exclusivamente pelo custo, já que a estrutura de concreto tem um custo inicial 1/3 menor que a metálica. O nosso limite era de R$ 2.500 por m², então a solução foi criar uma malha com módulo de 2,5 m, com lajes nervuradas protendidas e vigas-faixas que não ocupassem uma grande altura, prejudicando a passagem de tubulações e sistemas”. Mas o arquiteto revela a possibilidade de execução da estrutura de aço, visando a agilidade no processo construtivo.
O projeto paisagístico acontece na mesma linguagem do edifício, com linhas ortogonais, repetições de formas e a possibilidade de usos de diferentes materiais como grama, pedras e vidros translúcidos que iluminam os pavimentos inferiores.
O edifício será envolto por uma fachada ventilada têxtil, uma manta leve, com microperfurações, de composição modular e executada na fábrica. Ela é composta por duas camadas: a interna de alumínio com esquadria maxim-ar e vidro incolor, e a externa, com membrana têxtil na cor branco-gelo. Sua função é filtrar os raios solares, permitindo a entrada da luminosidade e consequente economia de energia elétrica, tanto para as lâmpadas, quanto para a climatização.
“A fachada acrescenta uma característica limpa ao edifício permitindo-o respirar, ao mesmo tempo em que funciona como um filtro de sol e de altas rajadas de vento. Este tipo de frente é muito usado na Europa e começa a entrar no mercado brasileiro”, comenta Jacksson.
Todos os ambientes permitem ver o exterior, mas esta integração é reforçada pelos rasgos na fachada, permitindo ao usuário ver a beleza exterior. Outro diferencial da fachada é o jogo de luzes e projeções feitas em ocasiões especiais.
As soluções de conforto ambiental estão presentes desde a concepção do projeto. Estão previstos sistemas e dispositivos para o amplo aproveitamento da ventilação natural, para proteção da insolação excessiva e para o controle climático de temperatura e de umidade. No pavimento térreo, uma extensa área de sombreamento com circulação cruzada garante a climatização.
A fachada acrescenta uma característica limpa ao edifício permitindo-o respirar, ao mesmo tempo em que funciona como um filtro de sol e de altas rajadas de vento Jacksson DepoliA tecnologia econômica e duradoura do concreto armado moldado in loco é uma estratégia de ecoeficiência e está presente na estrutura e no revestimento da fachada. Esta opção evita a produção de resíduos sólidos na obra, o desperdício de material e aumenta a velocidade de execução.
Há, ainda, a implantação de sistemas de captação e reúso de águas pluviais, a racionalização dos sistemas de infraestrutura predial e a utilização de sistema de captação solar com placas fotovoltaicas. Todas soluções que contribuem positivamente para o processo de certificação AQUA – Alta Qualidade Ambiental, promovido pela Fundação Vanzolini e Inmetro. Jacksson Depoli lembra: “Uma obra cara não é viável e, por consequência, não é sustentável.”
Com obras previstas para 2015, o Clube Curitibano será realizado em três fases. Na primeira acontecerá o programa maior, que contempla áreas sociais, setor de piscinas, estacionamento, restaurante, academia e quadra de futebol. Na segunda serão feitas a cobertura da quadra de futebol e implantação das demais áreas esportivas, como quadras de vôlei de praia e quadras poliesportivas. E na terceira e última etapa está prevista a construção do clube de tiro, centro de estética e ampliação do estacionamento. “Um dos maiores desafios era conciliar o programa extenso com uma área final de ocupação relativamente pequena”, conta Jacksson.
Escritório
Termos mais buscados