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Zallinger

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A reforma do hotel Zallinger recuperou as tradições de seu projeto anterior, ao mesmo tempo em que deu novos áreas à estrutura. Assinado pelo noa* (network of architecture), o programa não interfere na paisagem e priorizou a sustentabilidade. Imagens: Alex Filz
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Tradição sustentável

Texto: Nuri Farias

O pitoresco hotel Zallinger está localizado no Alpe di Siusi, na província de Bolzano (Itália), região conhecida por ser o maior planalto da Europa. Assinada pelo escritório noa* (network of architecture), a reforma do estabelecimento não interfere na paisagem e nem no equilíbrio ambiental. “O objetivo era melhorar a qualidade e a acomodação dos hóspedes dessa antiga estrutura hoteleira, e ao mesmo tempo criar valor estético e ecológico”, revela o arquiteto Stefan Rier.

A renovação e a ampliação do projeto, em 2017, não alteraram a volumetria existente e, ao mesmo tempo, trouxeram de volta o histórico assentamento com a característica de pequena vila original. Através das soluções e materiais adotados, a magia da época foi trazida de volta, tanto no respeito pelo meio ambiente como pelas tradições.

Arquitetura histórica

A história do Zallinger começou há mais de 160 anos atrás. Seu primeiro projeto foi construído por Karl von Zallinger-Stillendorf, que comprou as terras em 1854 e, em 1858, ergueu uma capela ao lado do hotel. Na época, a área era chamada de Sassegg – que significa ‘terreno elevado na grande pedra’ –, com referência à montanha Sassopiatto, que tem vista para o estabelecimento.

Em 1933, Anton Schenk comprou o prédio e presentou sua filha, Zita, no dia de seu casamento com Hans Schenktrjer. Com a morte de sua primeira esposa, Hans prosseguiu as atividades como empreendedor hoteleiro e, anos depois, junto a sua segunda esposa, Luisa Schenk. Nos anos 1990, o Zallinger foi renovado para ser mais moderno. Porém, em 2010, com a morte de Hans, o legado passou para as mãos de Luisa e seu sobrinho Markus, que ainda hoje renovam apaixonadamente a hospitalidade desse histórico refúgio.

Organizado em minichalés

O primeiro programa do hotel era cercado por sete celeiros do século XIX e a pequena igreja, mas, com o passar dos anos e efetuadas algumas reformas, os pequenos blocos foram substituídos por um único grande edifício. Junto com os proprietários, o noa* queria trazer de volta a magia e a atmosfera de uma aldeia alpina, por isso reestabeleceram a estrutura original e construíram outros sete minichalés para respeitar o plano original.

O novo Zallinger ganhou 24 quartos nos novos celeiros, mas também manteve os 13 quartos originais, que já estavam disponíveis no prédio central da pousada. Os chalés estão sempre em pares e cada um possui quatro salas, não conectadas, que são acessadas por um corredor de distribuição compartilhado, garantindo a privacidade dos hóspedes. “Do ponto de vista construtivo, cada unidade se baseia num patamar de concreto, tendo sido erguida com métodos pré-fabricados em madeira a partir de uma engenharia personalizada por nós”, comenta o arquiteto.

O interior dos quartos é aconchegante e acolhedor, com um moderno aspecto de chalé da montanha Foto: Alex Filz

Desta forma, o canteiro de obras teve um impacto mínimo no meio ambiente, tanto no tempo de construção no local, quanto no transporte dos materiais. A estética da arquitetura e do interior do hotel é caracterizada pelas paredes construtivas de madeira, dando uma sensação moderna de cabana ao espaço.

O exterior dos novos minichalés foi revestido por painéis de madeira maciça, que podem ser abertos para proporcionar uma visão total da paisagem, ou fechados, criando luz e sombras nos quartos e contribuindo para o relaxamento dos hóspedes.

O interior dos quartos é aconchegante e acolhedor, com um moderno caráter de chalé da montanha. A materialidade foi inspirada na roupa tradicional de um caçador: almofadas com detalhes de malha e feltro. Alguns espaços têm um pequeno loft que pode ser usado para as crianças ou apenas um cantinho relaxante.

Edifício principal

O volume central original do hotel foi mantido, mas teve o projeto de interiores do térreo completamente redesenhado. O atual design conta com recepção, lobby, lounge e restaurante.

O restaurante e a área do lounge foram projetados para acomodar hóspedes externos, já que muitos esquiadores fazem uma pausa por ali para se alimentar, pois o refúgio está localizado nas principais pistas de esqui da cordilheira Alpe di Siusi. No entanto, os hóspedes do hotel podem contar com um espaço privativo e familiar, com lareira.

O bar é marcado por um enorme tronco de abeto (madeira local). Há ainda uma belíssima adega. Seu desenho lembra os picos das montanhas que se erguem em direção ao céu. As tiras de madeira criam uma espécie de estante, caracterizada por ofícios verticais inclinados e compartimentos alongados que acomodam as garrafas individuais de vinho.

As paredes de madeira foram escolhidas para auxiliar na absorção sonora. Por isso, os painéis amadeirados foram posicionados para criar o máximo conforto acústico. A escolha de usar um piso de feltro, um material alpino tradicional que combina resistência e maciez, também proporciona esse resultado.

Sustentabilidade

Todos os materiais usados na reforma foram certificados e o complexo de edifícios, aquecido por paletes, obteve a certificação do Clima Hotel. Decidiu-se não iluminar os caminhos que ligam os chalés e o abrigo, para evitar a poluição luminosa e permitir que os hóspedes, equipados com lanternas, admirem o encanto do céu estrelado.

É significativo que, juntamente com a reforma, também tenha sido lançado um plano para minimizar o fluxo de carros em uma área que tem visto um forte crescimento de visitantes nos últimos anos. A partir de 2014, o hotel, com o apoio do noa*, envolveu os gestores de outros seis estabelecimentos na área na construção de um único ponto de coleta para os carros dos hóspedes localizados no vale.

Por fim, o aquecimento e o fornecimento de água quente são obtidos através da instalação de uma caldeira de paletes, que garante impacto zero sobre o CO2 na atmosfera. Um silo enterrado permite armazenar o palete durante a temporada de verão e depois ser consumido no inverno.

Escritório

  • Local: BO, Itália
  • Início do projeto: 2017
  • Conclusão da obra: 2017
  • Área do terreno: 9608 m²
  • Área construída: 1870 m²

Ficha Técnica

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