Construída em um terreno de 24 mil m² bem às margens de uma represa no município de Itaí (SP), a Residência Jurumirim está voltada para o horizonte. O projeto arquitetônico, de autoria do escritório Nitsche Arquitetos, foi implantado na parte final do lote dando espaço para um belo jardim e uma agradável caminhada em direção às águas.
[...] O projeto enriquece muito quando o time de arquitetos e os clientes estão alinhados, desde as definições principais, até as decisões mais específicas. Eles foram nossos parceiros Gil Barbieri“Os moradores nos procuraram depois de visitar a casa de uns amigos em São Francisco Xavier, outro projeto do nosso escritório. Eles buscavam um conceito similar: uma morada térrea, feita de estrutura de madeira, pensada de forma a valorizar a bela vista proporcionada pela localização”, revela Gil Barbieri, arquiteto do Nitsche.
Por conta da dimensão do terreno, e pensada desde o início para ser térrea e espraiada, a Residência Jurumirim foi dividida em sete volumes, todos separados por pequenos jardins e conectados por uma área de circulação coberta. Com isso, o cruzamento de dois eixos perpendiculares organizou todo o programa da casa.
O projeto de paisagismo, assinado por André Paoliello, tem papel importante entre os volumes, principalmente entre os blocos dos dormitórios e entre a varanda da sala e a área da piscina.
O eixo de circulação, localizado no lado oposto à represa de Jurumirim (daí o nome do projeto), conecta os volumes dos quartos com o da sala de jantar, que por sua vez é integrada com a cozinha e com a sala de televisão e de jogos. Já o eixo de serviços começa na varanda fechada da entrada, formando uma linha reta de conexão entre a garagem e a churrasqueira da outra varanda, voltada para o horizonte, de onde é possível acessar a piscina.
Esse caminho é feito através do jardim, marcado pelas plantas guaimbês e capim-do-texas verde e por plataformas elevadas revestidas com granito branco Itaúnas. Sob o solário da piscina foi construída uma sauna, que se abre para a vista da represa.
O maior bloco da casa é o de convivência, com sala, cozinha e varanda com churrasqueira. Esse módulo está conectado a outros três pavimentos – cada um com duas suítes – por um grande corredor que mede cerca de 50 m. “Esse corredor é acompanhado por um muro de elementos vazados que protege a circulação da chuva e permite ventilação cruzada”, comenta o arquiteto.
O mesmo muro também separa o bloco da sala de jogos e de televisão e o de serviços dos demais pavimentos da residência.
Uma cobertura inclinada, construída acima da área de convívio, chega à altura de 4,3 m do piso da varanda, o que tornaria esse espaço exposto à chuva e ao sol. De acordo com Barbieri, para que a varanda pudesse ser utilizada plenamente pelos moradores e seus convidados, uma segunda cobertura, com 2,7 m de altura, foi erguida abaixo da primeira. “Essa segunda cobertura é descolada da casa, como medida para preservar a entrada de luz e a vista do céu a partir da sala”, completa.
Essa segunda cobertura é descolada da casa, como medida para preservar a entrada de luz e a vista do céu a partir da sala Gil BarbieriA obra da Residência Jurumirim aliou racionalidade construtiva e expressão estética. Com pouquíssimos revestimentos, os materiais revelaram suas características próprias e únicas.
A morada tem duas fachadas principais, com características distintas. A dos fundos, que encerra a circulação longitudinal, é marcada por um grande muro de cobogós verdes que acompanha toda a extensão da construção.
Já a fachada oposta, voltada para a represa, é toda fechada com caixilhos de alumínio anodizado e vidro transparente. Nos dormitórios também foram instalados painéis camarão com tecido perfurado de PVC, que protege os ambientes internos da incidência solar e de insetos, sem abrir mão da ventilação.
A estrutura da casa, feita de madeira laminada colada de eucalipto, é o que mais se destaca. As vedações em vidro são amplamente utilizadas como maneira de abrir a casa para a vista, permitir a entrada de luz e manter uma leitura clara da estrutura.
A cobertura de telhas termoacústicas brancas pode ser vista de dentro da casa. Com exceção dos banheiros, todos os pisos são de própria laje estrutural polida, dando uma aparência similar ao granilite, porém com custo mais acessível, pois não há necessidade de fazer um contrapiso e revesti-lo.
Segundo o arquiteto, o processo foi longo, pois os moradores são exigentes e interessados, o que resultou em muitos encontros. “Não vemos isso como uma dificuldade, mas sim como um ponto positivo do processo. O projeto enriquece muito quando o time de arquitetos e os clientes estão alinhados, desde as definições principais, até as decisões mais específicas. Eles foram nossos parceiros”, finaliza Barbieri.
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