Ao ser indagado sobre o conceito que norteou a arquitetura do restaurante Toro, o arquiteto e autor da obra, Naoki Otake, responde: “Uma mistura de boteco e espaço zen”. À primeira-vista a afirmação pode parecer estranha, mas Naoki se refere à simplicidade – das soluções, do desenho, dos materiais escolhidos e da iluminação – principal valor da cultura japonesa.
Supereconômica, a construção teve um resultado excelente Naoki OtakeA ausência de sofisticação aqui é positiva e o lugar lembra muito um boteco, inclusive no uso de mesas e cadeiras simples. “Mas a decoração trabalhada com marcenaria, cores e luzes artificiais imprime a devida ambientação de restaurante japonês”, argumenta o profissional.
O Toro está instalado em uma aconchegante casa, situada em Moema, bairro da capital paulista. O nome nasceu da expressão ‘toro’ (o torô), que significa fatia especial do peixe bluefin, dito o ‘rei dos atuns’.
Com um orçamento curto para a execução da obra, mas um alto grau de exigência quanto à arquitetura, Naoki optou por trabalhar com materiais básicos, como piso de cimento queimado, paredes com tijolos aparentes e cobertura aparente sem forro. O arquiteto relembra que a obra foi tocada sem construtora, apenas com mestre de obras e coordenada por um dos sócios. “Supereconômica, a construção teve um resultado excelente”, atesta.
Originalmente, havia no lugar uma casa muito pequena, com quatro ambientes – sala, cozinha, dois quartos e telhado de duas águas. A metragem reduzida exigiu a criação de novas áreas para abrigar a cozinha, o estoque e o escritório. As paredes do imóvel foram retiradas, criando um grande salão. Desde o início existia a ideia de manter a escala de casa singela, “mas demos a ela uma ambientação confortável e desprovida de sofisticação. Tudo nela é básico”, reflete Naoki.
Demos à antiga casa uma ambientação confortável e desprovida de sofisticação. Tudo nela é básico Naoki OtakePara manter a estrutura com segurança, uma vez que as paredes foram removidas, foram feitos reforços em vigas metálicas. Desprovida de lajes, esse processo mostrou-se bem simples, sendo necessário apenas a estruturação da cobertura.
Espaços aconchegantes, com atmosfera prazerosa, sem perder a leveza do desenho, são característicos do Restaurante Toro. Desde a entrada, cuja fachada é fechada com esquadria de vidro, há uma ambientação simples, próxima à encontrada em um bar, porém condizente com um restaurante japonês. “Como conseguimos isto? Usando cores escuras, bastante madeira e iluminação baixa”, revela Naoki.
O uso de materiais simples e brutos, como pedras, madeira, cimento queimado, massa grossa e tijolo aparente transmite conforto. A paleta de cores privilegia também a rusticidade, indo dos tons de terra aos cinzas – cores visualmente acolhedoras. Para arrematar, a iluminação natural e artificial – cenográfica para a noite – integra áreas internas e externas, através de um projeto luminotécnico de baixa intensidade e com luzes indiretas.
No interior, a mistura do estilo rústico e moderno é valorizada pelo pé-direito alto, harmonizado nos 60 m² de área, tomados pelo salão principal e sushi bar. As paredes na cor preta contrastam com os lambris na tonalidade madeira e servem de fundo a uma série de fotos de restaurantes populares do Japão. Além de uma mesa comunitária com espaço de sobra para oito pessoas, um pequeno jardim de inverno, vertical, insere o verde na ambientação.
Um projeto que leva a simplicidade ao seu extremo e a valoriza. Talvez o mais enxuto que produzimos e com grande apelo visual Naoki OtakeJá o balcão do sushi bar oferece conforto extra com a utilização de poltronas que substituem os tradicionais bancos. O restaurante também dispõe de um deque de madeira com mesas e sofá para espera, separado da calçada por uma parede de vidro. O teto retrátil, por sua vez, permite a entrada do sol quando conveniente.
Naoki define o Toro como ‘um projeto que leva a simplicidade ao seu extremo e a valoriza. Talvez o mais enxuto que produzimos e com grande apelo visual’.
Escritório
Termos mais buscados