Materiais neutros com apelo às texturas naturais marcam e dão o tom de simplicidade à arquitetura da Casa 8, uma residência unifamiliar projetada pelo escritório Atria Arquitetos. Construída nos anos 1960, em Brasília, a arquitetura da residência expõe os preceitos modernistas da época, encabeçados pela integração entre exterior e interior, priorizando a simplicidade dos materiais e amplos espaços.
Embora todos os anos de vida e as mudanças arbitrárias tenham descaracterizado a moradia, esses valores foram resgatados; e os traços originais, recuperados. Os ambientes ganharam grandes aberturas, favorecendo o convívio familiar e entre amigos e a contemplação do entorno.
Com 466 m², a estrutura em concreto armado da edificação térrea tem planta simples, implantada no terreno de 1.600 m², sendo que a profundidade do lote é de 80 m. Foi possível manter uma generosa área verde Gabriela MüllerA arquiteta Gabriela Müller, sócia de Gustavo Costa, coautor do projeto de reforma, conta que o partido explora amplamente a integração entre ambientes e preserva a rica vegetação do entorno. “Com 466 m², a estrutura em concreto armado da edificação térrea tem planta simples, implantada no terreno de 1.600 m², sendo que a profundidade do lote é de 80 m. Foi possível manter uma generosa área verde”.
À primeira vista a fachada da casa assemelha-se a uma caixa fechada, que se apresenta como um muro de 3,5 metros de altura. A parede, voltada para a rua, elimina a necessidade de grades ou portões e, para quebrar a impressão agressiva, oferece um jardim aberto ao transeunte – um gramado de 6 metros integrado à calçada.
Ao atravessar a porta de acesso e caminhar pela alameda lateral, o pedestre percebe que ambientes internos e externos confundem-se e integram-se plenamente por meio de portas com painéis pivotantes. Feitas de madeira de ipê certificada, elas compõem o vão da garagem e dos acessos de pedestre, a fachada lateral e as portas de correr dos fundos.
Organizados em três categorias distintas, os ambientes internos apresentam áreas comuns e coletivas – cozinha, biblioteca, sala de estar e jantar –; espaços de apoio formados por garagem, área de serviço, depósito e banheiro de serviço; e, por fim, o setor privado composto por sala íntima e quartos. Estes últimos são envolvidos pelos demais espaços, configurando-se como o núcleo da casa, o que confere mais privacidade aos ambientes.
Com metragem generosa de 1,10 x 2,60 m, as portas pivotantes da fachada lateral foram feitas a partir das janelas e portas de ipê existentes na casa original. “A solução representou uma economia significativa”, reflete Gustavo Costa. Foram reaproveitados 120 m² de matéria-prima, o que representa uma redução de 45% no custo total caso fossem compradas peças novas.
Jardins de inverno (...) e coberturas de vidro promovem a ventilação e iluminação abundante nos espaços Gabriela MüllerA madeira ipê ripada fecha as molduras metálicas inseridas na caixilharia que estrutura cada porta. São 4.300 ripas de 5 x 63 cm – fixadas uma a uma, por meio de encaixe macho e fêmea, o que dispensa parafusos ou cola – que garantem a vedação do conjunto. Para fazer o acabamento da superfície, a madeira foi lixada e ganhou um produto que mantém o aspecto natural da madeira e ainda a protege das intempéries.
A iluminação e ventilação da casa constituem dois sistemas complementares. As áreas periféricas – cozinha, biblioteca, acesso, jantar e estar – são amplamente iluminadas e ventiladas pelas portas pivotantes laterais e portas de correr aos fundos. Quando estão abertas, as portas constituem um sistema eficaz de ventilação natural, uma vez que permitem a circulação do ar, com a entrada e saída dos ventos.
Para as áreas íntimas – localizadas no núcleo da casa – os arquitetos projetaram jardins de inverno, nos quartos e suíte principal, e coberturas de vidro, na suíte principal e sala íntima. “Os recursos promovem a ventilação e iluminação abundante nos espaços”, revela Gabriela Müller.
A planta inteligente promove a ventilação cruzada e a correta orientação solar, dispensando o uso do ar-condicionado até mesmo nos dias mais quentes no planalto Central, garantem os arquitetos. Já a iluminação natural abundante realça a alvura do piso e das paredes, tornando os espaços ainda mais generosos.
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