O grande diferencial da Residência Burgel 2, localizada em Curitiba (PR), está na sua volumetria. Construída em um terreno de 850 m², a morada é formada a partir de dois pavilhões que se juntam na forma de um T, criando uma composição singela, mas cheia de transparências e nuances.
O projeto arquitetônico foi assinado pelo escritório Valliatti e Tomasi Patrão Arquitetura, que buscou atender fielmente ao pedido de seus clientes, um jovem casal e suas duas filhas: desenhar uma residência simples, mas com design contemporâneo.
“Os proprietários também solicitaram uma morada que valorizasse o convívio familiar e o entrosamento com amigos, aproximando-os ao máximo da área de lazer e da natureza do entorno”, conta o arquiteto Sérgio Valliatti Jr.
O partido arquitetônico da Residência Burgel 2 foi definido a partir das características naturais do entorno e do terreno, como insolação, ventilação, topografia e presença de um bosque. O modo simples como os dois pavilhões foram encaixados criou uma planta dinâmica e integrada.
O primeiro bloco, paralelo à rua e centralizado no lote, é marcado por um espaço volumétrico de concreto com uma grande esquadria de PVC voltada para a frente e para os fundos do terreno, que valorizou o social com pé-direito duplo. Já o segundo volume ocupa a profundidade da área e foi inserido ao lado do bosque, à direita. No térreo, esse volume recebe garagem, circulação vertical, cozinha, gourmet e serviços e, no pavimento superior, todas as suítes.
A composição volumétrica dos dois pavilhões também solucionou problemas de privacidade e potencializou a relação dos ambientes com a área externa, garantindo mais integração, setorização e fluidez para os espaços de convívio de forma dinâmica e funcional no térreo.
“A integração das áreas de convivência se dá tanto por dentro como por fora da residência e os pontos focais são o bosque e a piscina. Destaque para o social com pé-direito duplo que se abre para ambos os lados do terreno”, comenta o arquiteto.
Preservar a intimidade dos moradores em relação aos vizinhos e transeuntes da rua foi uma das dificuldades enfrentadas pelos profissionais durante as obras. Para resolver essa questão, criaram uma volumetria que protege a área de lazer e utilizaram brises em madeira que, além de filtrar a insolação e trazer harmonia para a fachada principal, garantem o isolamento almejado.
As fachadas seguem uma linha contemporânea em volumes sobrepostos com contraste de cores e materiais. Além disso, foram usados painéis de vidro com detalhes em madeira natural ripada para complementar a composição, marcada por detalhes geométricos, sobreposições de volume e anteparos. Segundo Valliatti Jr., a paleta de cores é monocromática em tons de cinza e concreto, e a utilização da madeira natural nos decks e brises finaliza o arranjo.
O projeto de interiores seguiu o conceito contemporâneo da arquitetura. Os ambientes integrados com atmosfera monocromática e casual em tons de cinza e madeiras claras permeiam de forma sutil e diferenciam a residência. “Buscamos harmonia entre a área interna e externa através dos elementos e tecidos naturais, como couro, lã, madeira e pedras. Evitamos os contrastes e mantivemos a paleta do lado externo da casa”, explica o arquiteto.
No pavilhão principal, onde está a área social, há uma bela escada definida em mármore, composta por um anteparo arquitetônico solto da parede e do teto, que serve como pano de fundo para a sala de jantar.
Quase todo o mobiliário (fixo, mesas e sofás) foi desenhado pelo escritório com linhas retas e ergonômicas, e a decoração ficou por conta dos objetos do casal (fotografias, quadros e demais decorativos) e materiais garimpados em lojas. Os materiais utilizados são porcelanatos nos pisos, mármores para os volumes decorativos e tamponamentos, além de couro, lã, madeira e linho nos revestimentos da ambientação.
A Residência Burgel 2 conta com sistema de automação para iluminação, som, acionamento de persianas e home theater. “A iluminação foi pensada para valorizar a arquitetura e criar uma atmosfera de repouso e bem-estar. Definimos a luminotécnica com luz quente, pontuada e indireta”, explica o arquiteto.
A água da chuva é captada e reutilizada para irrigação do paisagismo e áreas externas, e a energia solar aquece a piscina. Os pisos dos quartos e banheiros possuem aquecimento por manta elétrica garantindo o conforto ambiental durante o inverno.
Por fim, o projeto de paisagismo foi pensado como continuidade do entorno. Foram criados planos livres e desimpedidos de vegetação rasteira e arbustivos escalonados para valorizar a sobreposição dos volumes e plantas altas que garantem a privacidade, isolam e delimitam o terreno nas divisas. “Utilizamos capim em diversas alturas, bambu em duas espécies, folhosas tropicais e jabuticabeira”, conclui Valliatti Jr.
Veja mais projetos de casas organizadas em pavilhões na Galeria da Arquitetura:
Residência JN, por Jacobsen Arquitetura
Casa Topo, por Martin Dulanto Arquitecto
Casa HC, por grupo pr arquitetura
Escritório
Veja outros projetos relacionados
Termos mais buscados