Foi a partir do próprio nome da marca Real Burger que se originou o conceito da primeira loja, localizada no Alpha Square Mall, em Barueri (SP). A ideia foi trabalhada pelo escritório Mestisso Arquitetura & Interiores, que apostou em revelar tudo o que havia de real no espaço. Surgiram, então, materiais aparentes, como lajes nervuradas, paredes de tijolos de concreto e tubulações, que determinaram o estilo industrial do projeto arquitetônico.
Durante a obra, descobrimos os blocos de tijolo de concreto e decidimos manter sem qualquer acabamento. Isso é o real Merê EstevesAntes de ser ocupado pelo Real Burger, o local acomodava uma loja de tapetes. Segundo a arquiteta Merê Esteves, o antigo ambiente era revestido com forro de gesso e massa nas paredes, os quais foram removidos para deixar à mostra o que havia por trás deles. Com isso, a identidade da hamburgueria ganhou seus primeiros contornos.
A arquiteta Carolina Razuk não esconde a surpresa desse processo. “Foi muito engraçado quando começamos a descascar as paredes, porque nem sabíamos o que havia ali. Durante a obra, descobrimos os blocos de tijolo de concreto e decidimos manter sem qualquer acabamento. Isso é o real”, comenta, entusiasmada. Esteves afirma que mesmo os pedaços de massa mais resisitentes permaneceram. “O engenheiro disse que teria muita dificuldade em limpá-los, mas a proposta era justamente o contrário: ser bem natural”, menciona.
Houve também a retirada do forro, que apresentou uma robusta laje nervurada e ainda manteve aparentes as tubulações de ar-condicionado e do sistema de incêndio. De maneira discreta, ali foram instalados trilhos e spots de iluminação na cor preta que acabaram reforçando, sutilmente, o caráter industrial do restaurante.
De acordo com Esteves, era necessário realizar algumas adaptações no ambiente, sobretudo em relação ao pé-direito muito alto de um espaço relativamente limitado. Para isso, a escolha de novos materiais foi fundamental.
O desafio seria criar um lugar mais aconchegante, com elementos ‘quentes’ que contrabalanceassem tanto a altura do teto quanto a frigidez das paredes de concreto e do piso de cimento queimado.
Então, as arquitetas decidiram preencher o vazio do pé-direito, inserindo a cozinha do restaurante dentro de uma caixa de madeira OSB de, aproximadamente, 3 metros de altura. “Essa iniciativa reduziu o desconforto de um espaço pequeno com um teto muito alto”, afirma Esteves. Por ser produzido com um material quente, o volume – que ainda possui um balcão de fórmica preto – intensifica a sensação de conforto, assim como o piso de madeira de demolição.
Outra forte característica do projeto Real Burger é a iluminação, que foi criada com tubos de cobre desenhando um caminho finalizado por arandelas. Segundo Razuk, a intenção era destacar as paredes descascadas, por isso as luminárias jogam uma luz cênica sobre elas. “Isso sem contar a escolha pelo metal, cuja cor contrapõe ao cinza do bloco de concreto”, acrescenta.
Isso sem contar a escolha pelo metal, cuja cor contrapõe ao cinza do bloco de concreto Carolina RazukPara chamar a atenção da marca, as arquitetas recorreram a outro recurso da iluminação: posicionaram um letreiro de neon em cima da caixa da cozinha. Então, assim que entram, os clientes deparam-se com o nome do restaurante flutuando sobre a estrutura.
Assim como o cobre, o mobiliário também cumpre a função de quebrar a neutralidade do cinza e dos tons pastéis do estabelecimento. Para Razuk, o grande destaque é o boot, um sofisticado sofá feito em couro vinho que contrasta com os revestimentos frios e leva mais aconchego ao espaço.
Atendendo à necessidade da hamburgueria de acomodar em torno de 50 pessoas, foram distribuídos diversos assentos acompanhados por pequenas mesas. “Com exceção das banquetas que são iguais, escolhemos modelos diferentes para as cadeiras por uma questão de estética”, finaliza Razuk.
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