Entre os mais de 250 inscritos para o Concurso Nacional de Estudos Preliminares de Arquitetura, o escritório Aleph Zero Arquitetura foi o escolhido por ter a melhor proposta para a cobertura do vão central do Mercado Público de Florianópolis (SC).
O concurso teve início em 2013 e foi organizado pelo Instituto de Arquitetos do Brasil/Departamento Santa Catarina (IAB/SC) em parceria com o Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis (IPUF) e promovido pela Prefeitura Municipal.
“A nossa proposta era que a nova construção não interferisse na construção já existente do prédio, que é um dos principais pontos turísticos da capital catarinense. A ideia foi valorizá-lo como patrimônio artístico, histórico e arquitetônico da ilha, respeitando os mais de 160 anos de história do edifício”, conta o arquiteto Gustavo Utrabo.
Para conseguir desenvolver uma obra que ficasse alinhada com o edifício, mas sem interferir nos alicerces do prédio, os arquitetos optaram por utilizar o mínimo de componentes e seguiram com um pensamento simples: incluir dois pontos de apoios metálicos, com distância de 36 m entre si e ligados ao longo do eixo central, alinhados aos pilares já existentes.
“Esses pilares se apoiam em na viga principal em formato de perfil retangular, no qual as vigas intermediárias ficam conectadas e inclinadas em direção à calha central. Além disso, são distanciadas umas das outras em vãos de 11,4m”, explica o arquiteto Pedro Duschenes.
A última base da cobertura consiste em uma camada translúcida pré-tensionada nos dois sentidos, feita de poliéster, que proporciona leveza e iluminação tênue ao vão central do mercado.
Esta cobertura pode ser recolhida por meio de um sistema automatizado, no qual as barras deslizam pelos trilhos, sanfonando o tecido nas extremidades do telhado. “Tal sistema irá permitir que, em dias de sol ou em noites quentes, os visitantes tenham uma visão perfeita do céu e da totalidade do edifício”, comenta Utrabo.
Assim, com essa nova cobertura, torna-se possível realizar de forma mais adequada todos os eventos que o projeto recebe como, como desfiles, feiras temporárias, projeções, apresentações culturais, festividades, entre outras atividades que potencializam o seu uso e o aproveitamento do espaço.
A cobertura deveria ser retrátil para que se mantivesse o caráter público do local e não perdesse o estilo de edifício de ‘rua’. Esse foi um dos pedidos feitos pelos órgãos de patrimônio histórico e idealizadores do concurso.
“O diferencial do projeto concentra-se exatamente nesse diálogo entre a narrativa histórica da construção e a necessidade contemporânea de potencializar o local como um espaço de encontro e convivência, bem como na versatilidade propiciada pelo sistema de cobertura retrátil”, relata Duschenes.
Antes da reforma, o vão central não tinha uma cobertura fixa, os comerciantes colocavam guarda-sol conforme a necessidade diária. A cobertura do vão interliga a Ala Sul do prédio com a Norte, garantindo maior conforto para os comerciantes e consumidores que vão ao local.
As membranas podem ser operadas por um tablete. Após o acionamento, cada pano leva cerca de 10 segundos para abrir e 10 segundos para fechar. Os panos também podem ser abertos individualmente.
O projeto não interferiu na fachada dos prédios, apenas realizou a implementação da cobertura do vão central. Os desafios deste projeto eram a baixa interferência no elemento histórico, a manutenção de baixo custo, a possibilidade de abertura da cobertura, a preservação do conceito de mercado de ‘rua’ e a criação de um sistema de coleta de águas pluviais.
Para a iluminação noturna, os arquitetos utilizaram refletores de lâmpadas de LED, que também auxiliam na economia de energia. A estrutura metálica é realçada por esses refletores localizados na base de cada pilar e na cobertura do antigo mercado, também orientados para o novo elemento.
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