O Espaço Natura brota aos poucos da mata, mantendo-se protegido do olhar curioso de quem passa na rodovia Anhanguera, no município de Cajamar, São Paulo. Integrada à farta natureza da região, a arquitetura descortina aos visitantes o relevo e a geometria do complexo ao longo do percurso que leva ao único acesso da empresa. Ao entrar no espaço, o interior surpreende: pontes e passarelas metálicas ultrapassam a topografia, o vale do rio Juqueri – recoberto por faixas de vegetação – e até uma ferrovia histórica.
Inaugurada em 2001, a fábrica da Natura é um projeto do escritório Roberto Loeb e Associados estruturado em uma área de 70.000 m². O partido tem características de um ‘campus’ industrial e privilegia a ocupação horizontal, estabelecendo diálogo e ritmo entre os espaços construídos e a paisagem. O Programa arquitetônico integra todas as unidades de atividades da empresa: administração, pesquisa, desenvolvimento, fabricação, treinamento, atendimento ao consumidor, áreas de estoque e distribuição, restaurante, clube, creche e serviços sociais.
Foram as possibilidades técnicas e estruturais disponíveis no Brasil que apontaram para o triunvirato concreto, metal e vidroRoberto Loeb “São ao todo 12 edifícios interdependentes, com formas diferenciadas, fugindo do que é considerado clássico na arquitetura industrial: os processos conduzidos no interior de uma grande caixa. Foram as possibilidades técnicas e estruturais disponíveis no Brasil que apontaram para o triunvirato concreto, metal e vidro”, analisa Roberto Loeb.
O projeto selecionado por meio de um concurso privado, realizado pela Natura em meados dos anos de 1990, buscou desde o início a inovação, norteada pelos princípios de sustentabilidade. Para espelhar essa filosofia, a sede deveria demonstrar transparência, respeito ao meio ambiente, acolhimento aos colaboradores e revendedores – que realizam tours pelas unidades fabris para conhecer o processo de industrialização como parte do treinamento –, e ainda abrigar com racionalidade os diversos complexos industriais, de recepção de matéria-prima, armazenamento e logística, manifestando inovação e prevendo o crescimento futuro.
Entre as fábricas, interligadas por dois corredores estruturais, há intervalos – servem igualmente como respiros verdes – dedicados a futuras expansões que, nesses 10 anos de existência, mostraram-se realistas. Por causa do crescimento da demanda do mercado, a Natura empreendeu um extenso programa de expansão e acabou ocupando essas áreas.
O projeto também desenvolveu um sistema inovador de ar-condicionado que economiza energia. Saídos do subsolo, dutos injetam o ar refrigerado no ambiente com pé-direito alto, entre 10 e 12 metros, e se distribui na planta industrial por chaminés. Levando em conta que o ar frio é mais pesado e se acomoda onde é necessário, o aquecimento resultante do funcionamento das máquinas e do calor das pessoas cria uma corrente ascendente de ar quente, sem exigir a refrigeração do ar acima de 3 metros de altura.
Outro destaque é o fornecimento de iluminação natural para todas as unidades industriais, contrariando a solução tradicional, em que o usuário fica confinado sem o contato com a luz, a mudança das estações e a passagem do tempo. Em 2004, após convite feito à Natura pela Fundação Holcim, o projeto foi apresentado por Roberto Loeb em Zurique, na Suíça, na primeira edição do Holcim Fórum, simpósio que fomenta discussões sobre o futuro do meio ambiente construído. A partir daí ficou sedimentado como um exemplo de sustentabilidade.
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