Quando perguntamos ao arquiteto Maurício Karam o que a Residência Boituva tem de mais especial, ele respondeu: “gosto muito dessa junção entre pedra e água”. É bem assim que o projeto arquitetônico se desenrola, com mármores, lagos e piscinas criando caminhos naturais.
O programa solicitado pelos clientes era extenso, contemplando amplas áreas gourmet, de convivência e de jogos. Esses espaços deveriam conversar entre si e também com a área externa da casa.
Gosto muito dessa junção entre pedra e água Maurício Karam
A princípio, os proprietários adquiriram dois terrenos vizinhos, sendo que um deles já abrigava uma pequena casa. Mas durante a execução do projeto, Karam e sua equipe constataram que eram necessários mais alguns metros quadrados para implantar com folga os jardins e a área externa. Então, além de aproveitar a antiga construção como apoio para a nova residência, os clientes adquiriram mais um lote nos fundos.
Uma parcela do terreno, acomodada no nível mais elevado, implicou algumas dificuldades por conta de uma pré-estrutura de fundação até então preparada para receber outro imóvel. A intenção do arquiteto era utilizar justamente essa área para distribuir o programa principal a partir do ponto mais elevado, de onde se teria a melhor vista.
A Residência Boituva foi dividida em dois blocos entremeados por um átrio. De um lado, encontra-se a área social da casa: as salas de estar e jantar. Do outro, dispõe-se a sala de jogos, bem como spa, cinema, academia, e ao fundo, a área de serviços.
Separando esses dois blocos, o átrio surge num vão que organiza toda a circulação vertical da casa. Além da piscina aquecida e do teto retrátil, o local ainda se destaca pelo harmonioso conjunto formado pela escada de mármore, o elevador de vidro e o paisagismo concebido por Alex Hanazaki. Esse espaço também estabelece conexão com o andar de cima, onde estão os dormitórios da família (na parte da frente) e dos hóspedes (aos fundos).
Karam complementa que o teto retrátil – revestido de vidro – favorece tanto a iluminação natural quanto a ventilação cruzada que, por sua vez, fica ainda mais intensa com a as janelas corrediças instaladas na sala de estar. E mesmo que essas soluções não forneçam vazão suficiente, a casa desfruta de sistema de ar-condicionado sustentável, com energia proveniente de placas fotovoltaicas.
Todos os ambientes térreos se abrem para a área gourmet, muito bem enquadrada entre as colunas que sustentam a varanda das suítes. Atravessando uma pequena ponte lateral, chega-se a um lago natural com lindos peixinhos e um pergolado. “Criamos um verdadeiro ecossistema ali, que se transforma numa área de convívio extremamente agradável. Funciona como um ritual terapêutico, pois ficamos rodeados pelo jardim, ouvindo o barulhinho da água...”, descreve o arquiteto.
Através de um rasgo feito no chão, a água da piscina interna passa por baixo de uma ponte até desembocar em outra abertura que dá para a piscina externa e, aos poucos, vai se “quebrando” nos degraus da escada. O paisagista Hanazaki aproveitou essa escadaria e criou um fio d’água que produz um bonito efeito de cascata.
Para dar volumetria a casa, Karam escolheu materiais diferentes. A fachada principal (uma empena cega voltada para a rua) é revestida de aço corten e brises ripados de madeira, que controlam o sol forte que incide diretamente sobre o dormitório dos hóspedes. Este material ainda aparece em algumas paredes internas também na versão ebanizada.
No entanto, o piso de mármore travertino foi o grande norteador do projeto, pois está presente em praticamente todo o térreo, da área social até a área da piscina externa, inclusive nas paredes. “É um material mais frio que, junto à madeira (quente), equilibra o conforto térmico da residência. Essa diferenciação dos revestimentos deixa os ambientes menos monótonos”, conclui Karam.
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