Texto: Naíza Ximenes
A construção da Casa VJC Iporanga representou um desafio arquitetônico extraordinário para a equipe do escritório DB Arquitetos. Unindo a exuberante natureza da Mata Atlântica no Guarujá, em São Paulo, com a necessidade de proporcionar conforto e funcionalidade para seus moradores, a morada teve seu projeto cercado por desafios significativos.
Já no início, os arquitetos tiveram de lidar com um terreno de aclive acentuado e com as restrições da legislação local quanto à inclinação e ocupação do solo. “Nós podíamos construir somente em uma determinada mancha, e, além disso, ainda tivemos que recuar um metro de cada lado, para garantir o espaço do andaime e não ferir a mata. Então foi um projeto difícil, apesar de o terreno ser grande”, explica o arquiteto David Bastos, do DB Arquitetos.
Devido a essas limitações, o projeto só foi aprovado após oito anos de rigorosa avaliação, acompanhado de uma atualização que exigia adaptações meticulosas para garantir a harmonia entre a construção e a natureza circundante. Com quatro pavimentos e uma distribuição complexa, o desafio residia em proporcionar uma residência espaçosa e funcional, mantendo a integridade do ambiente natural.
Inspirado pela beleza natural da região, o projeto adotou uma abordagem contemporânea e atemporal. Utilizando materiais como pedra e madeira, a casa se integra perfeitamente à paisagem circundante, criando uma atmosfera de tranquilidade e elegância.
“São quatro pavimentos. No pavimento térreo, nós fizemos a entrada, onde fica o estacionamento de carros, e as escadas, que fazem a circulação vertical e são acompanhadas por um elevador. O segundo pavimento abriga os serviços, ao passo que o terceiro abriga os quartos. No quarto e último andar, ficam a área social, a piscina e o terraço”, descreve Bastos.
A escolha cuidadosa dos materiais reflete não apenas a estética, mas também a preocupação com a sustentabilidade e a durabilidade da construção. O arquiteto comenta que o intuito era projetar uma casa contemporânea e atemporal, devido às dificuldades de acesso e de futuras construções. Ele utilizou materiais naturais, como pedra e madeira ripada, que recobre toda a área externa do pavimento privativo.
O programa de necessidades ainda inclui cinco suítes, distribuídas em diferentes pavimentos. Além disso, a disposição dos espaços foi cuidadosamente planejada para otimizar a circulação e a funcionalidade.
Escada com caixilharia de vidro, que garante a entrada de bastante luz natural
A iluminação natural e a ventilação foram aspectos essenciais para a residência, criando ambientes luminosos e arejados. Com amplas janelas e aberturas estratégicas, a Casa VJC Iporanga permite que a luz natural entre abundantemente, criando uma sensação de conexão com o ambiente externo. Além disso, o cuidado com o projeto de ventilação garante uma circulação adequada do ar, mantendo os espaços frescos e confortáveis em todas as estações do ano.
As áreas de lazer foram projetadas para promover a convivência e o relaxamento, com uma piscina deslumbrante, espaço gourmet e áreas externas para entretenimento. A casa oferece um equilíbrio perfeito entre privacidade e sociabilidade, permitindo que os moradores desfrutem ao máximo de sua experiência na casa de praia.
O projeto de interiores, por sua vez, foi concebido pela arquiteta Marina Salles para refletir o estilo de vida descontraído e acolhedor dos moradores. Utilizando uma paleta de cores neutra e materiais naturais, os espaços foram decorados com conforto e elegância. Cada ambiente foi cuidadosamente planejado para maximizar o uso e a flexibilidade, garantindo que a casa seja um refúgio relaxante para toda a família.
“Quando nós recebemos uma proposta em que a arquitetura é de outro escritório, a primeira premissa é respeitar muito o projeto de arquitetura original da obra”, conta a arquiteta, proprietária do escritório Marina Salles Arquitetura e Interiores. “Então nós levamos essa materialidade para o projeto de decoração e usamos o máximo de materiais naturais. Nos estofados, apostamos bastante no linho, no algodão e nos tecidos de lonas impermeáveis com tratamentos de repelentes à água, garantindo a resistência. Nos outros elementos, há, por exemplo, um tapete de uma trama de PVC, que é fácil de limpar quando molha ou cai alguma coisa. Enfim, tudo baseado nisso de ser fácil de usar e que trouxesse essa materialidade da arquitetura junto”, completa.
Ela conta que também apostou em uma paleta de cores neutra, calma e com alguns tons da natureza para dentro da casa, incluindo verde e tons terrosos. “O pano de fundo é, realmente, a natureza”, ela diz.
Ao descrever os diferentes ambientes da obra, Salles destaca parte do mobiliário. “O primeiro pavimento acima do nível da rua é o da garagem, onde há um home theater com um grande sofá de linho em capa. Esse material foi uma escolha importante para criar essa facilidade de manejo que os clientes queriam. Nós ainda fizemos um tapete bem colorido para esquentar o sofá com a marcenaria e os materiais da arquitetura mais neutros. São os contrapontos criados pela decoração”, ela conta.
Há outros dois destaques citados pela arquiteta: a escada interna, marcada pela caixilharia de vidro, e o quarto pavimento, onde fica a área de lazer. “No quarto pavimento, nós temos a cozinha principal, a sala de jantar, a sala de estar, a piscina, o gourmet e o lavabo. A primeira sensação quando eu pisei na casa e vi esse espaço foi de que a casa respirava. Claro que nós tivemos que manter essa sensação na decoração e no mobiliário. Foi por isso que evitamos a inclusão de elementos altos, que interrompessem a vista e prejudicasse esse espaço, que é o coração da casa”, conclui.
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