Logo após ter sido construída, em 2019, a Casa BL ganhou novos proprietários. Com a chegada deles, veio a necessidade de uma ampla reforma, que se iniciou em 2021 e foi finalizada em março de 2022, totalizando cinco meses de obra.
O objetivo da remodelação era adaptar o projeto original – de autoria do escritório Plano Arquitetura Indaiatuba – de forma a atender as necessidades dos futuros moradores, um casal que trabalha em home office e passa muito tempo dentro de casa.
A reforma, contudo, foi encabeçada por outro escritório, o Maeze Arquitetura, comandado pelo arquiteto Victor Maeze. Segundo ele, o projeto contemplou toda a residência, incluindo algumas modificações feitas na fachada. “Mas com a preocupação de não alterar a arquitetura existente, pelo fato de ser um trabalho de um escritório que respeito muito e porque a fachada tinha um potencial enorme”, recorda.
Assim, na fachada foram feitas modificações de pintura e acrescentado um ponto existente no projeto original que não tinha sido executado durante a obra: a extensão do elemento de madeira. “Achei bastante viável, pois aumentou a horizontalidade do projeto”, comenta o arquiteto.
Situada em um condomínio fechado em Indaiatuba (SP), a Casa BL deveria dispor de dois confortáveis escritórios para os seus moradores. Assim, o quarto do pavimento térreo foi transformado em um espaço exclusivo do cliente, enquanto um dos quartos do pavimento superior foi modificado para atender dois usos: quarto de hóspede e escritório da cliente.
“Esses dois ambientes eram de extrema importância para o casal, pois é onde eles passam a maior parte do tempo”, menciona Victor Maeze.
Já no briefing, o cliente deixou bem claro que queria ter um espaço só dele, onde pudesse combinar seu trabalho com seus hobbies, entres os quais a fotografia. “Ele chamou esse espaço de man cave”, conta Maeze, que decidiu projetar ao ‘pé da letra’. “Criei uma sensação de caverna logo na entrada, pintando parede e teto de azul escuro. O uso da luz natural ao fim da caverna se daria pela porta que dá acesso à área externa, onde as paredes estão mais claras”, descreve.
Sobre a parede escura, o arquiteto optou por colocar os quadros com fotos tiradas pelo próprio morador, para que recebessem o devido destaque e trouxessem memória afetiva ao espaço. Por fim, usar madeira no teto foi um recurso do design biofílico, uma vez que o material traz sensação de aconchego e reduz o estresse do dia a dia.
No outro escritório, que divide espaço com o quarto de hóspede, a cor verde se destaca na paleta neutra, também como forma de remeter à biofilia, já que é uma cor que acalma.
A concepção da Casa BL priorizou elementos leves e que criassem contraste nos ambientes, mas sem enjoar ao longo do tempo. Para isso, o arquiteto utilizou a madeira e tons de cinza, elementos que compõem de forma harmônica entre si.
Outro detalhe importante no projeto foi o uso da biofilia, que impacta positivamente na vida e na rotina do casal, diminuindo o estresse do trabalho. “Como os clientes possuem um ritmo muito frenético de trabalho, senti a necessidade de incorporar um contato maior com a natureza, mesmo que de forma indireta, melhorando a qualidade de vida deles”, conta Maeze.
Entre os recursos biofílicos utilizados, o arquiteto salientou o uso da madeira, de cores naturais, como o azul e o verde, e o uso de vegetação tanto natural como artificial, criando pontos de fuga.
Alguns exemplos são a parede verde da sala, a implantação de jardim externo na porta do escritório e a parede verde na suíte master, que é refletida no espelho do quarto, ampliando a sensação de vegetação. “Esses padrões de repetição natural ajudam a melhorar nosso humor e tem efeitos calmantes”, acrescenta.
O projeto de interiores da Casa BL foi pensando na sua totalidade, de forma que os mesmos materiais são encontrados em todos os ambientes, conferindo unidade. Um exemplo é o MDF madeirado e o MDF cinza claro, que são os mesmos em quase todo o projeto. A paleta de cores é neutra, capaz de se adaptar às mudanças de ambientes (do social para o privado) de forma natural.
Uma das maiores mudanças foi realizada no quarto do casal, onde uma parede não estrutural foi demolida para a ampliação do guarda-roupa, que era uma necessidade da cliente. No antigo closet, foi inserida uma penteadeira, um espaço só dela, banhado de luz natural advinda da janela na parte superior da parede.
Outra questão importante foi o projeto luminotécnico, que foi desenvolvido em detalhes para atender a rotina de vida dos novos proprietários e harmonizar com a luz natural, que é muito presente na residência. “Busquei utilizar uma iluminação indireta que exaltasse a arquitetura e não criasse muito excesso de luz, pensando nos pequenos detalhes para evitar a poluição luminosa”, detalha.
Por fim, o paisagismo foi idealizado de acordo com o gosto dos clientes. Ele contempla os cheios e vazios da fachada da casa e abrange o projeto em sua totalidade.
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