Revitalizado pela terceira vez pelo escritório LoebCapote Arquitetura e Urbanismo, o Cine Caixa Belas Artes – após seu fechamento em 2011 – reabriu suas portas em 2014 com nova fachada, novas cores e nova iluminação. Só não mudou sua identidade cultural para a cidade de São Paulo.
Desde a inauguração em 1956, o projeto reside na esquina da Avenida Paulista com a Rua Consolação. Na época, foi nomeado de Cine Trianon e contava com a decoração de Giulio Rosso. Com localização privilegiada em meio às raras arquiteturas históricas da cidade, o empreendimento integra um complexo projetado pelo arquiteto italiano Giancarlo Palanti, radicado no Brasil, para o escritório de Alfredo Mathias. O conjunto inclui também os edifícios Chipre e Gibraltar, ambos voltados para a avenida paulistana mais movimentada.
A primeira reforma realizada pelos arquitetos Roberto Loeb e Luis Capote no cinema priorizou o lado decorativo. Na segunda, eles modificaram as salas de exibição dos filmes e abriram no mezanino uma janela de frente para a rua, além de retirarem os vidros da bilheteria, ambos mantidos na terceira e atual obra. As mudanças também chegaram à cor da fachada, que antes era vermelha devido ao antigo patrocinador, o Banco HSBC.
“A fachada da Consolação, agora pintada de azul-cobalto, reflete a cor do novo patrocinador, a Caixa Econômica Federal”, expõe os arquitetos sobre a nova “cara” do Belas Artes. A frente e parte do interior – os quatro metros mais próximos à rua – foram tombadas em 2012, após uma ação do Ministério Público, tornando-se um patrimônio histórico da cidade de São Paulo.
O projeto de interiores manteve no térreo a bilheteria aberta e o piso de caco cerâmico. “Inovamos na iluminação, constituída de tubos de neon em forma de ‘sol’, um dos elementos mais marcantes da decoração”, informam os arquitetos do LoebCapote Arquitetura e Urbanismo. Na rampa de acesso ao bar, o espelho, à direita de quem sobe, dá a impressão de duplicar o espaço visual.
No design antigo da bilheteria figura telas de plasma que anunciam a programação e os horários de cada sessão. O forro de concreto recebeu as cores preto, cinza azulado e claro, e vermelho.
A comunicação visual de sinalização tem redesenho do design Rafic Farah, enquanto os painéis da memória cinematográfica ficaram a cargo de Barbara Sturm, vice-diretora da produtora Pandora Filmes e filha de André Sturm, proprietário do Cine Caixa Belas Artes.
“Todo o sistema de ar condicionado das seis salas de projeção, do lobby, bar do térreo e mezanino foi totalmente renovado com novos dutos e novas máquinas. O tratamento acústico e a projeção digital nas seis salas e as novas poltronas – vermelhas no térreo e negras no mezanino – completam com a iluminação neon dimerizada espaços de grande conforto e acolhimento para os espectadores”, explicam os arquitetos.
Para quem sobe as escadas em direção às salas do mezanino ou desce para as salas do subsolo, a iluminação em arcos de lâmpadas de led cria a sensação de entrar em um túnel em direção às telas das novas salas. Esses ambientes desde 1980 possuem nomes de personalidades artísticas nacionais: Cândido Portinari, Carmen Miranda, Oscar Niemeyer, Villa-Lobos (a maior das salas, com capacidade para 295 lugares), Mário de Andrade (a menor, com capacidade para 88 lugares) e Aleijadinho. Vale ressaltar que todas as poltronas foram reformadas.
Reequipados com geladeiras, fornos, estufas, pipoqueiras e demais complementos, os bares do térreo e mezanino oferecem serviços de alimentação e ambientes para encontros e conversas nos dois ambientes de espera.
Os arquitetos concluem que o Belas Artes reabriu suas portas após um longo período, voltou renovado, mas manteve o ’DNA’ de cinema de rua, um dos poucos que ainda subsistem na cidade de São Paulo. ”Realizar mais essa reforma constitui a alegria e o prazer de recuperá-lo para população”, finalizam.
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