Depois de cinco anos de construção, a empresa International Flavors & Fragrances, criadora da fragrância do famoso perfume Chanel Número 5, ganhou seu Centro de Criatividade no Brasil. Localizado no Tamboré, em Alphaville, interior de São Paulo, o edifício de 8 mil metros quadrados de construção, surge em concreto maciço e moldado in loco, com fachadas de vidro e proteções de placas metálicas perfuradas em tons de cinza, em um terreno em declive de 14 mil m² de frente para uma reserva florestal.
O projeto desafiador precisava criar dois ambientes diferentes e restritos, com características bem Cada área tinha suas exigências, e uma bem diferente da outra. Foi como se fossem duas empresas em um único projetoRoberto Loebespecíficas para duas áreas da empresa: a de fragrâncias, mais utilizadas em cosméticos e produtos de limpeza, e a de aromas, utilizadas em alimentos. As duas áreas deveriam ser separadas, mas ao mesmo tempo, os departamentos deveriam se conversar em algum momento para que houvesse confraternização entre os 180 funcionários – artistas e técnicos. “Um projeto muito especial porque você tem que entender muito bem do negócio. Eles não podem misturar nada que tem cheiro com o que tem gosto”, explica o arquiteto Roberto Loeb.
A solução dos arquitetos Roberto Loeb e Luis Capote foi desenhar um único edifício com três blocos. São dois braços retangulares – um para fragrâncias e outro para aromas – conectados por uma torre circular central onde fica a área administrativa da empresa. “Cada área tinha suas exigências, e uma bem diferente da outra. Foi como se fossem duas empresas em um único projeto”, lembra Loeb. Os blocos foram construídos com os mesmos materiais, mas disposições diferentes. O de alimentos, por exemplo, tem pisos laváveis, e, no de cosméticos, por sua vez, tem escadas metálicas que ligam os andares internamente, para que haja comunicação entre a área de criação e testes.
O ponto de encontro dos funcionários de todo o centro se dá por meio de uma moderna escada caracol de metal que permite a circulação vertical, acessando os andares como se fossem praças de encontro com cafés.
No Centro de Criatividade, os técnicos e artistas criadores fazem suas criações de novas fragrâncias para perfumes, por exemplo, ou para produtos de limpeza, e também aromas para biscoitos e outros produtos alimentícios. Lá, eles também recebem consumidores para testarem os produtos antes de serem comercializados. Por isso, na entrada, uma ponte de madeira caibro reciclada e metal de 20 metros os guia para a recepção, que remete a uma casa. “É uma espécie de ritual. Para que se entre no clima”. Há sala de estar e até uma verdadeira cozinha, onde os visitantes são acolhidos para testar os produtos.
No bloco central, também fica uma Perfumoteca, uma espécie de biblioteca com vidros de fragrâncias e aromas que a empresa desenvolveu e patenteou. A partir deste bloco circular, que conecta as duas áreas da empresa, se segue para um dos dois braços.
Além dos cuidados com ar-condicionado – que não poderia ter a mesma saída para não É uma comunicação individual, então a cor remete a uma certa especificidade da matéria que cria uma identidade do ambienteGuinter Parschalkmisturar o ar de nenhum ambiente com o outro –, também houve preocupação com a iluminação. Baseada na arquitetura brasileira colonial, uma herança da arquitetura árabe, foi utilizado o Muxarabi, recurso que se protege contra o olhar externo, mas, de dentro, se enxerga o exterior. Todas as janelas foram protegidos com uma tela metálica perfurada em treliças e brises-soleil. “Uma peneira que corta a intensidade da luz, como um chapéu de palha, mas não tira a vista, o contato com o exterior”, explica o arquiteto.
Um sofisticado projeto de iluminação, a cargo da empresa Studio IX, de Guinter Parschalk, também cuidou de diferenciar as duas áreas da empresa. “É uma comunicação individual, então a cor remete a uma certa especificidade da matéria que cria uma identidade do ambiente”, diz Parschalk. No bloco das fragrâncias, que está relacionado a perfume, Parschalk escolheu uma luz azul bem suave. “É uma luz mais gasosa, remete ao céu e ao frescor dos cheiros”, diz.
Para a área de aromas, Guinter escolheu uma iluminação âmbar de tom mais alaranjado. “É mais quente, mais ativa, remete à carne, aos temperos da culinária e, por isso, aos aromas”, explica Guinter.
Na escada caracol, que liga os dois braços do edifício, único momento em que as áreas se conversam, Guinter conseguiu fazer um jogo e misturar as duas luzes. “É uma área de não trabalho e curta permanência, por isso, pudemos mesclar as luzes. E, por ser todo revestido de vidro, a certa distância, este mix de azul e âmbar cria uma luz violeta.”, afirma o idealizador.
Escritório
Termos mais buscados