O espaço de 710 metros quadrados, exposto na 29ª edição da mostra Casa Cor São Paulo 2015, foi idealizado pelo arquiteto paisagista Marcelo Faisal e impressiona não somente pela delicadeza do cenário, como também pelo envolvimento político, econômico e social.
O Jardim dos Sertões – outra nomeação do projeto – surge a partir de uma crítica à crise hídrica e econômica vivida atualmente pelo Brasil, especificamente na região Sudeste. Nesse sentido, o arquiteto optou por utilizar árvores e plantas que dispensassem cuidados com irrigação, excluindo, portanto, a manutenção diária através da água.
“Sempre fui preocupado com a questão da sustentabilidade e, consequentemente, com a economia de água. Devido à crise hídrica, a fórmula encontrada para contribuir com a problemática estava em utilizar espécies que consigam ficar de 15 a 30 dias sem serem regadas”, relata Marcelo Faisal.
O projeto é composto por diversas espécies – ativas e exóticas –, como cactos e agaves, cuja resistência e rusticidade ressaltam o objetivo do arquiteto em criar um jardim semiárido. A intenção do autor foi montar, propositalmente, um panorama semelhante à paisagem do sertão, caracterizada pelo clima seco e considerada uma das regiões que mais sofre com a falta de água no país.
“Com baixa necessidade hídrica, o projeto pode depender exclusivamente das chuvas, cabendo apenas podas de gramado, em períodos de até 60 dias. Trata-se de um jardim absolutamente funcional, que dispensa a manutenção e o jardineiro”, conclui Faisal.
Além de minimizar os desperdícios de água, o Jardim do Semiárido conquista o status de 100% sustentável, pois reaproveita os materiais escolhidos, como a madeira de demolição, e por meio do piso drenante abstém-se de qualquer tipo de impermeabilização de solo, garantindo a umidade natural do terreno.
A iluminação também colabora para o aspecto sustentável do jardim, uma vez que utiliza lâmpadas de LED, as quais consomem menos energia, demandam um baixo custo de manutenção e possuem preço mais acessível, comparadas às incandescentes.
“Hoje em dia, ser tecnológico é ser sustentável, e estamos falando de um projeto totalmente comprometido com a preservação do meio ambiente”, finaliza o arquiteto.
Ainda assim, após a realização do evento e desmontagem do ambiente, pisos, pergolados e espécies vegetais serão encaminhados aos destinos competentes, para que sejam novamente reutilizados.
Sombreado pelo pergolado de madeira, o Jardim do Semiárido foi projetado para garantir a circulação das pessoas por todos os canteiros e ambientes, permitindo o passeio fluido e o fácil acesso aos espaços, que foram matematicamente calculados.
Ao pedrisco-cinza, certificado pelo IBAMA e com origem de porto-de-areia, incumbe a função de orientar o caminho dos convidados, que passeiam pelo local em meio aos jardins e são direcionados à área de convivência, localizado sobre o deck, ao centro da exposição. Acompanhada por balanços de corda náutica e móveis de madeira, com certificado de árvores de descarte, o ambiente apresenta um aspecto visual diferenciado e aconchegante.
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