É difícil acreditar que uma residência de 308 m² tenha levado apenas cinco meses para ser construída. Mas foi bem isso que aconteceu em um condomínio fechado em Quatro Barras, região metropolitana de Curitiba (PR). Ali está a Casa Contêiner, que foi desenvolvida pelo escritório Leal Ribas Engenharia e Arquitetura com a estrutura de metal sendo a grande estrela do projeto arquitetônico. Sustentável, o material também dita o estilo da morada.
O lote onde encontra-se a Casa Contêiner possui mais de 4 mil m². Com essa dimensão, o terreno permitiu a implantação de uma residência térrea e um recuo significativo que valoriza o paisagismo, além de dar privacidade aos moradores.
De acordo com as arquitetas Denise Leal Ribas e Carolina Leal Ribas, os clientes fizeram dois pedidos. O primeiro deles era para que a casa fosse construída rapidamente; e o segundo solicitava uma estrutura que não causasse grande impacto durante a execução, respeitando, sobretudo, a topografia natural do terreno. A partir daí, pensou-se na utilização dos contêineres marítimos.
“Essa solução procura reutilizar elementos originalmente concebidos para outra função. Nós os ‘reciclamos’ e os transformamos em uma morada térrea e de planos abertos”, explicam Denise e Carolina. Na Casa Contêiner, foram empregadas seis unidades.
O uso desse material como método construtivo traz inúmeras vantagens, sobretudo aliadas à sustentabilidade. A primeira delas é talvez a mais importante: a reutilização de um objeto que depois de sua função original seria descartado na natureza.
Outro benefício dessa solução consiste na economia de materiais, como areia, tijolo, cimento, água e ferro, pois a estrutura não precisa ser ‘construída’, apenas montada. Além de agilizar a construção da casa, isso significa uma obra limpa, com redução de entulho e menos custos com serviços de terraplanagem e fundação. “Leve, a estrutura metálica possibilitou o uso de sapatas isoladas, pequenas e rasas, e dispensou armações ou ferragens”, contam as arquitetas. “Quanto ao seu aspecto, escolhemos deixá-lo aparente, por intenção plástica e funcional”, complementam.
Marcada pela horizontalidade, a residência ainda adota volumes de madeira nas fachadas, com o objetivo de proteger os ambientes internos da exposição solar. Eles também quebram a rigidez do metal e fazem o fechamento de algumas faces dos contêineres em locais estratégicos.
O entorno da Casa Contêiner é composto por vasta vegetação e um jardim logo à frente, portanto, merecia ser contemplado. Para isso, as arquitetas executaram diversas aberturas de vidro, as quais permitem que os ambientes internos se abram para a área externa. Muitas delas, inclusive, se voltam para o deck, feito de madeira natural. “Ele é uma extensão da sala de estar. Com as portas-janelas instaladas ali, criamos grandes vãos integradores”, comentam. Na área descoberta, o sol toma conta do espaço.
Os rasgos e as grandes aberturas também levam iluminação, ventilação cruzada e energia do verde para dentro da residência. No verão, os volumes externos, as varandas e os beirais bloqueiam a incidência direta da luz natural, enquanto no inverno os fechamentos em vidro permitem que o sol aqueça os espaços internos. Segundo as arquitetas: “nessa época do ano, o contêiner armazena calor, intensificando o conforto térmico nos ambientes”.
Com o uso de contêineres, era necessário resolver a questão termoacústica da residência, pois o material é condutor de calor. A saída encontrada pelas arquitetas foi utilizar um isopor de alta densidade e drywall como revestimento interno das paredes e no teto.
No telhado, surgem as telhas tipo sanduíche, que são compostas por duas chapas metálicas (aço galvanizado ou galvalume) e contêm um isolante em seu interior, geralmente feito de EPS ou PUR.
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Restaurante Container, do escritório Bernardo Horta Arquiteto
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