Texto: Naíza Ximenes
Ao projetar a Casa ACP, em Porto Feliz (SP), a arquiteta Candida Tabet procurou desenhar um espaço funcional, mas que também fosse leve e aconchegante. “Para mim, a arquitetura sempre tem que ter aquela pitadinha de lúdico”, afirma.
O ponto de partida do projeto foi o terreno — que, segundo Tabet, tem o formato de um leque. A entrada fica na maior face do lote, de frente para um campo de golfe, e vai afunilando no fundo. Com mais de três mil metros quadrados de área, havia espaço de sobra para construir uma casa totalmente térrea.
Apesar de ter um único pavimento, o extenso programa solicitado fez com que a arquiteta apostasse em um pé-direito generoso (uma solução térmica, além de visual, já que possibilita a ida do ar quente para cima), aliado a um corredor principal de 2,5 metros de largura, por 45 metros de comprimento, que conecta todos os cômodos.
Para que ele não ficasse monótono, o corredor ganhou janelas em todas as faces possíveis — que garantem a entrada de luz natural e a conexão entre interior e exterior —, além de entradas e painéis em ambas as laterais, formando uma volumetria única.
“É uma passagem linda, cheia de acontecimentos. O corredor se tornou praticamente uma galeria”, descreve Candida. “A única exceção ao pavimento térreo se dá por um escritório, no mezanino, conectado ao restante da casa por uma escada”, ela completa.
Para otimizar o convívio ao longo dessa extensa passagem, a equipe de profissionais envolvidos no projeto optou pela separação por usos. Isso fez com que a ala social e de hóspedes ficasse de um lado, e a ala íntima, do outro.
A entrada acontece por uma grande porta de vidro pivotante, quase centralizada no corredor. Uma vez dentro da casa, o uso da madeira cumaru fica evidente — tanto na decoração, quanto na própria estrutura, já que o projeto foi inteiramente construído em madeira laminada colada e madeira maciça.
Tabet conta que, para ela, o processo de construção de um projeto é muito empírico. “Eu gosto de ir conhecendo com o que estou trabalhando. Quando começamos a definir a estrutura da casa, eu vi uma coisa muito retangular e alta, e comecei a enxergar grandes pórticos estruturais, pilares e vigas. Foi nesse momento que decidimos construir todas as lajes, coberturas, pilares e vigas em madeira.”
Para adaptar o uso da madeira ao cotidiano (considerando as intempéries do clima), o telhado foi construído em OSB, EPS e manta Avalon, sem utilização de concreto, evitando o uso de água e promovendo uma construção mais rápida.
À esquerda da porta de entrada, fica a escada que leva ao home-office — cômodo que ganhou um terraço interno através de uma extensão por um mezanino. Voltando ao térreo, todas as passagens desse lado do corredor levam às suítes, uma ao lado da outra. As passagens do outro lado, por sua vez, levam às áreas sociais e de lazer, que ganharam uma vista exuberante para o horizonte.
De frente para a porta de entrada, há um painel de madeira que dá privacidade aos moradores ao impedir a visão de quem está de fora. Atravessando as passagens nas laterais desse painel, o morador tem acesso à adega e ao lavabo, inicialmente, seguidos por sala de jantar, sala de estar e sala de TV.
O ambiente atrás desse painel atua como uma área de convergência entre espaços de convivência, já que é lá que fica o mezanino com vista para as salas. A sala de jantar, à direita do painel, tem uma porta que leva à cozinha. Lá, o destaque fica para a grande janela conectada à churrasqueira.
A sala de estar (com sofás, poltronas e uma mesa de bilhar/pingue-pongue) fica à esquerda do painel. No meio, embaixo do mezanino e separada por portas de madeira de correr, está a sala de TV.
Todo o ambiente é cercado por portas de vidro de correr, que, quando abertas, transformam o espaço interno em externo ao integrá-lo à piscina, que se estende por toda a borda.
Na extremidade da piscina mais próxima à sala de estar, o deck de madeira é conectado ao solário e ao spa. Ao lado da sauna coberta, fica outra suíte. De frente para o solário, como um anexo à casa, está a sala de jogos.
Na outra extremidade da piscina, por sua vez, mais próxima à sala de jantar, outro deck de madeira leva o morador à churrasqueira, seguida pela área de serviço e garagem.
Todos os ambientes ganharam piso cimentício, paredes em cores neutras e claras e uma decoração contemporânea e minimalista. Além disso, o mix entre área social e de lazer em um único espaço solucionou todas as questões relacionadas à iluminação, ventilação e conforto térmico, já que quase não há barreiras entre os cômodos.
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