O projeto arquitetônico da Cobertura MCP, um dúplex localizado na cidade de São Paulo, teve como partido privilegiar a iluminação natural e as vistas e paisagens do entorno. Para que esse efeito fosse alcançado, o escritório Lacaz & Broggin Arquitetura e Engenharia preservou espaços amplos – já que recebeu o apartamento sem qualquer divisão espacial interna e sem área edificada no pavimento – e laterais envidraçadas.
"Preservamos ao máximo as áreas externas e criamos ambientes integrados, generosos e que, no fim, fossem realmente utilizados pela cliente”, declara o arquiteto Fábio Lacaz, observando, ainda: “A arquitetura do edifício tem linguagem contemporânea com certo ar industrial, o que nos norteou para as soluções que adotamos ao longo do projeto".
A Cobertura MCP já contava com um recorte na laje por onde deveria passar a escada que liga os dois pavimentos. Partindo desse detalhe, os arquitetos puderam definir as dimensões dos espaços internos e as suas funções.
Com base nesse programa inicial, os arquitetos puderam definir a área íntima, as salas e as áreas de serviço, todas localizadas no pavimento inferior. Já a área de lazer foi distribuída no andar superior, privilegiando os ambientes externos e o paisagismo.
Os revestimentos utilizados tiveram como referência materiais e tonalidades na cor cinza, já empregados no prédio, cabendo ao mobiliário o uso de cores e madeiras para trazer o conforto desejado ao ambiente.
"As áreas bastante integradas e as circulações generosas deixam o apartamento funcional e prático”, comenta o arquiteto e sócio Eduardo Broggin, ressaltando que os espaços também possuem muita iluminação e ventilação natural, minimizando o uso de luz artificial e de sistemas de ar-condicionado . "O conceito que nos norteou foi privilegiar as vistas da cidade, com espaços amplos, bem iluminados e ventilados", completa Broggin.
As fachadas da cobertura, por sua vez, foram revestidas com telha metálica ondulada e pintura eletrostática prata – trata-se de um processo de pintura que tem como finalidade o revestimento de ferro, alumínio e outros metais –, material já utilizado nas fachadas do próprio edifício, a fim de respeitar a tipologia presente na construção.
O projeto de interiores foi pensado de maneira a atender ao desejo da cliente de expor as diversas peças feitas por ela ao longo da vida. "Priorizamos uma arquitetura com detalhes simples, com grandes estantes que seriam complementadas por essas peças. Os móveis que escolhemos são, em sua maioria, de designers brasileiros", relata Lacaz.
O hall de distribuição, uma das soluções mais interessantes do projeto, liga a sala aos quartos e oculta um painel de madeira com portas que dão acesso ao lavabo e a toda a área de serviço do apartamento, como lavanderia e banheiro.
O projeto de paisagismo foi desenvolvido pelo escritório André Paoliello, e a premissa previa que todo o perímetro da área de cobertura fosse preenchido por áreas de jardim. O paisagista propôs um jardim em estilo inglês, com plantas de diversas espécies plantadas sem regra definida em vasos de diferentes tamanhos e desenhos.
No deck, o paisagismo é mais árido e limpo, com vasos baixos em que foram plantados diversos tipos de cactos. Outro ponto importante da composição é que as plantas foram escolhidas de forma que suportassem os fortes ventos que incidem sobre o local.
"Queríamos que os jardins, que rodeiam a cobertura, parecessem como se plantados diretamente na terra e comportassem espécies de médio a grande porte nas jardineiras muito altas", diz Lacaz. "A solução que encontramos foi utilizar um piso elevado de placas de concreto na área externa da cobertura, de forma que as jardineiras tivessem o volume maior de terra abaixo do piso elevado. O desenho irregular e contínuo dessas jardineiras, executadas em aço inox, também contribuem com a impressão de um jardim plantado na terra", conclui Broggin.
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