Texto: Naíza Ximenes
Terreno plano, implantação no fundo do lote e construção com a máxima ocupação lateral possível foram as solicitações dos clientes quando contrataram o escritório KS Arquitetos para projetar a Casa LC, situada em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul.
Mas, quando o assunto é uma edificação de fora a fora em um terreno, surgem algumas questões: como garantir a entrada de iluminação natural? E de ventilação cruzada?
O primeiro passo foi criar uma estratégia para atender todos os requisitos em um espaço de tímidas dimensões. O segundo, encontrar formas de manter o conceito arquitetônico do escritório diante das premissas colocadas pelos proprietários.
A solução foi apostar na volumetria. Os arquitetos criaram uma fachada definida por três orientações diferentes, que se sobressaem — e, apesar da distinção, todas elas ganharam abertura para o jardim, o ponto focal do projeto.
Logo na entrada, o visual mais rústico e equilibrado por nuances contemporâneas é facilmente identificável. O portão de acesso garante alta permeabilidade visual e é dividido em três seções: o jardim, à direita; a porta para pedestres, no meio; e a entrada para carros, à esquerda.
Uma vez dentro da Casa LC, algumas características ficam evidentes, como o uso de estruturas aparentes (a exemplo do tijolo, na grande maioria das paredes) e a exploração da madeira como elemento decorativo e estrutural.
“Nós optamos por não revestir as estruturas desse projeto”, conta o escritório. “Além da madeira, dos tijolos e do concreto, as instalações elétricas, hidráulicas e de ar-condicionado também são totalmente aparentes. O intuito era que todo o processo construtivo priorizasse a praticidade, funcionalidade, velocidade e economia na obra.”
No primeiro pavimento, um pergolado de madeira cobre o deck. No segundo, ripas de madeira formam um terraço por completo, com bancos em duas direções. Ainda mais acima, um terceiro pergolado se sobrepõe a uma das janelas do segundo andar.
Atravessando o deck no jardim, grandes panos de vidro separam a área gourmet da sala de estar, na área interna. O tijolo nas paredes externas se estende pelo interior do espaço, com a diferença de que, em algumas paredes, ele foi pintado de branco. O piso passa a ser de um porcelanato acinzentado, na mesma paleta de cores do mobiliário da cozinha, de aspecto mais neutro.
Estruturas aparentes marcam o ambiente
Em uma macro perspectiva, toda a área social é marcada por um forte design industrial. Além do uso dos materiais brutos em demasia, o ambiente também ganhou estruturas e elementos expostos (a exemplo da iluminação e dos pilares de concreto), paleta de cores neutra e sóbria (com variações entre branco, preto, marrom e cinza), formas simples e geométricas (que evidenciam a funcionalidade do design) e acabamentos minimalistas por todo o design.
No térreo, ficaram sala de estar, cozinha, sala de jantar e suíte de hóspedes. Na extremidade da sala, há uma escada que, além de levar ao mezanino, evidencia toda a proposta de iluminação natural e ventilação cruzada. Para isso, a aposta foi em um pé-direito duplo, que dá a sensação de amplitude e integra os andares.
O mezanino da casa possui dois corredores laterais e um vazio central, sendo um deles repleto de panos de vidro. O outro conecta o escritório aos outros quartos, seguindo a mesma proposta: paleta de cores sóbria, elementos estruturais expostos e formas geométricas.
As suítes também ganharam paredes de tijolos (ora brutos, ora pintados de branco) e o mobiliário nos dormitórios é todo em marcenaria branca, em contraste ao avermelhado das paredes.
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