Um volume linear e colorido pousa suavemente sobre o terreno de uma reserva da Mata Atlântica, em Ubatuba, região litorânea de São Paulo. Trata-se da Casa das Saíras, morada de praia do arquiteto Samuel Kruchin – titular do escritório Kruchin Arquitetura –, que resolveu presentear sua família com um projeto arquitetônico inspirado nos pássaros típicos da Encosta Vermelha do Sul. Tal como a espécie de ave que dá nome à residência, a edificação se confunde com a paisagem até ser notada pelas placas vibrantes instaladas na fachada.
Ao centro, abre-se um vazio que integra as áreas laterais e deixa ver a continuidade da encosta: não separa e não interrompe o percurso Samuel KruchinOs 10 mil m² do lote onde está instalada a Casa das Saíras são tomados pela natureza. Rio encachoeirado, samambaias, lírios, bromélias, palmeiras e pequenos animais fazem parte do cenário que, de acordo com Kruchin, precisava ser preservado. Essa era uma das premissas do projeto, que também deveria captar o máximo de insolação possível e provocar um respiro natural através dos fluxos de vento sobre a copa das árvores.
“Elevamos uma edificação, de 370 m², que se integra à vegetação e se impõe a ela de maneira ostensiva. Literalmente, a construção pousa sobre a mata e diferencia-se dela pelos efeitos de cor, como os pássaros”, define o arquiteto.
Segundo Kruchin, o grande diferencial da Casa das Saíras é a forte integração do conjunto com o entorno, através da transparência constante do vidro. A residência compõe-se de dois corpos conectados (coletivo e privado) por uma área de estar aberta de transição, que dribla o sombreamento das elevações vizinhas e permite um rebatimento de luz para os ambientes internos. “Ao centro, abre-se um vazio que integra as áreas laterais e deixa ver a continuidade da encosta: não separa e não interrompe o percurso”, descreve.
Outro destaque é o sistema construtivo, formado por diversos pórticos fabricados em madeira laminada de reflorestamento. Eles se sucedem ao longo do plano inferior e, mais à frente, são intercalados por portas coloridas e anguladas, que se projetam para fora do corpo edificado, sem tocar o plano superior. “A inclinação dessas folhas permite um efeito volumétrico, que estende e multiplica sua expressão em várias direções do ambiente”, comenta o arquiteto.
São esses componentes que marcam os espaços privados, por meio de cores intensas, como verde, amarelo, vermelho e azul, em alusão às plumagens da espécie de pássaro chamada saíra-sete-cores. Entre esses dois planos, as linhas horizontais desenham a cobertura da Casa das Saíras.
Para o arquiteto, não há propriamente uma fachada em seu sentido clássico, porém passagens de integração interna-externa, que resultam em uma estrutura compositiva feita de vidro e madeira prensada.
Além de atender às questões sustentáveis – por interferir o menos possível no terreno e utilizar madeira reflorestada –, Kruchin se preocupou com a ventilação natural e permanente dos ambientes. Tal premissa é fundamental, levando-se em conta o clima quente e úmido característico da região praiana. Dessa maneira, um espaço instalado entre as duas coberturas permite que o ar quente suba e saia por uma espécie de persiana no teto. “Também cobrimos a residência com manta associada à proteção térmica”, finaliza.
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