Numa das esquinas da Avenida Hélio Pellegrino, em São Paulo (SP), um estabelecimento multifuncional e despojado chama a atenção. Restaurante e mercado ao mesmo tempo, o Empório Frutaria foi concebido pelo escritório Korman Arquitetos com soluções inusitadas que seguem o estilo industrial.
Carina Korman, uma das arquitetas responsáveis pelo projeto arquitetônico, conta sobre a área de atuação dos clientes e como eles gostariam que o espaço fosse concebido. “O empório, que pertence ao grupo Frutaria São Paulo, oferece culinária e produtos naturais e orgânicos. O desejo dos proprietários era por um lugar moderno, com varandas abertas e fechadas”.
O primeiro desafio da Korman Arquitetos era transformar e adaptar o local, uma vez que ali funcionava um bar. Para isso, foi realizada uma reforma total, com a ampliação da área e a concepção de uma nova fachada.
A face externa do Empório Frutaria recebeu um revestimento de porcelanato que imita o aspecto rústico da madeira. Mesmo discreta, é a partir da fachada que os diferentes espaços do estabelecimento se revelam. As varandas, equipadas com mesas e cadeiras, percorrem quase toda a extensão do imóvel. “Uma delas é aberta para a rua, enquanto a outra foi fechada com vidro, porém integrada ao salão interno”, descreve Korman.
No entanto, são outros materiais que diferenciam esses dois ambientes. Por exemplo, na varanda fechada surge uma cobertura em lona transparente com um emaranhado de cordas de diferentes espessuras. Seu fechamento em vidro possui uma película espelhada que impede a visualização do interior e traz privacidade ao espaço. Ainda assim, permite a entrada de iluminação natural da mesma forma que o teto translúcido.
Quanto à iluminação desse espaço, fios com lâmpadas penduradas criam a sensação de um ambiente aberto. Já no bar (aos fundos), pendentes pretos reforçam o estilo industrial do projeto. Na sequência, há ainda uma área de açaí.
As gôndolas e as mesas foram feitas sob medida em MDF madeirado carvalho e estrutura em ferro preto Carina KormanJá na varanda aberta optou-se por uma cobertura de lona preta, que segue realçada por ventiladores feitos com pás de madeira tipo demolição. À frente, o corredor de acesso ao mercado ganhou um jardim vertical formado por samambaias e orquídeas. “Como ali é a entrada do empório, foi criada uma passagem mais larga, para que os carrinhos possam ser manuseados tranquilamente”, comenta Korman.
As duas varandas recebem um piso de porcelanato que lembra o visual do concreto, além de replicarem nas paredes o mesmo material utilizado no revestimento da fachada. O mobiliário também é o mesmo, sendo adotadas mesas em madeira teca e cadeiras de fibra sintética preta.
O interior do Empório Frutaria foi dividido entre mercado e salão por meio de uma ilha central, na qual se instala o sushi bar. Em relação aos materiais, esses dois ambientes utilizam basicamente o mesmo piso porcelanato de madeira, enquanto nas paredes e no teto foi aplicada uma pintura que imita o concreto. Com as tubulações elétricas deixadas aparentes, o estabelecimento evidencia seu caráter industrial.
O mercado, disposto logo à frente da entrada, se destaca pela abertura da claraboia – criada para permitir a entrada de iluminação natural. Para aproveitar esse recorte, as paredes foram pintadas com tinta lousa e levam charme ao ambiente. Esse recurso ainda aparece sobre as estantes dos produtos.
De acordo com Korman, todos os móveis do mercado são assinados pelo escritório. “As gôndolas e as mesas foram feitas sob medida em MDF madeirado carvalho e estrutura em ferro preto”, explica. Ao centro, caixas de acrílico organizam a parte de cereais, da mesma forma que o balcão do sushi bar dá suporte às demais mercadorias.
Esse elemento foi pontuado pela cerâmica metro White, que remete a tijolinhos cerâmicos e tem um estilo mais retrô, assim como as bicicletas colocadas acima das geladeiras. “Decidimos incluí-las na decoração, porque elas compõem o logotipo do empório”, esclarece a arquiteta.
Aqui voltam a aparecer as estantes em ferro e madeira, além das mesas com acabamento em laminado tipo concreto. Esses móveis, desenhados pelo escritório, são mesclados com cadeiras ora fabricadas em madeira ora em ferro preto tipo industrial.
Nos fundos do salão, a parede apresenta um pequeno recuo que, conforme Korman, foi executado devido às estruturas existentes do imóvel. “Utilizamos isso a favor da arquitetura e fizemos um espaço com um confortável sofá de tecido amarelo. Acima dele instalamos pendentes com lâmpadas diferentes. Revestimos uma das paredes com cerâmica metro White e, na outra, escrevemos à tinta lousa um pouco sobre o estilo do empório”, detalha a arquiteta.
Empório Santa Isabel, por David Guerra Arquitetura e Interiores
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