Um pequeno trecho dos 496 km do Lago Guaíba, no Rio Grande do Sul, margeia a Casa DPG, projetada pelo escritório Kali Arquitetura. Mais do que oferecer um cenário ímpar, a bacia é o quintal da residência.
“Dada a proporção do terreno, mais profundo que largo, começou-se a pensar em uma implantação que aproximasse a casa do rio e permitisse vistas únicas, tanto para quem está em seu exterior, quanto em seu interior”, comenta o arquiteto André Accorsi. Para completar, o volume da casa está longe de muros lindeiros em seus recuos laterais, o que cria um grande pátio entre a entrada e o acesso à rua.
Os arquitetos da Kali priorizaram formas puras e objetivas. Na fachada leste, de frente para o lago e com vista privilegiada para a Usina do Gasômetro, as esquadrias do térreo chegam a um vão de 13 metros, o que reforça a ideia de abrir e integrar a casa ao seu entorno natural. Na fachada posterior, o grande destaque se dá pelo volume que se sobressai coberto por vegetação, responsável por abrigar a brinquedoteca.
Já a entrada principal da casa é marcada por uma grande cobertura suspensa que se transforma em um painel iluminado à noite. Completando essa face, um rasgo inferior de esquadria em toda a extensão da parede da porta principal confere privacidade ao jantar e, internamente, permite a integração da área interna com a externa.
As características externas da construção dão uma prévia do que esperar dos ambientes internos. Marcado por grandes rasgos, o primeiro pavimento é uma junção de hall, salas de estar e jantar e cozinha, que pode ser completamente isolada ou incorporada aos demais ambientes graças aos painéis que foram instalados para permitir o controle da abertura ou fechamento. A lavanderia e o lavabo são os únicos cômodos completamente vedados. O último, aliás, teve uma das paredes substituída por uma grande abertura envidraçada que se abre para o jardim privado com abertura zenital.
No andar superior, em contrapartida, as aberturas são raras, sendo naturalmente mais compartimentado e íntimo. Nesse pavimento estão quatro dormitórios. O do casal foi desenhado de forma minimalista, com o mínimo de informações, como o mobiliário, que aparece apenas nos itens necessários demonstrando uma grande clareza e elegância. Na suíte, os espelhos da bancada refletem a vista do gasômetro, que também pode ser apreciada da banheira.
Os outros quartos são todos em tons claros, o que permite mudanças na decoração enquanto as crianças crescem. Além disso, o banheiro é tipo americano, podendo ser compartilhado pelos irmãos. O último quarto foi destinado para uma suíte de visitas e tem uma disposição tradicional, porém que segue a mesma linguagem do restante da casa
“Utilizamos a hierarquia adequada conforme a utilização das áreas, com um térreo aberto sob pilotis, com áreas integradas e permeabilidade no interior-exterior. O 2º pavimento, onde ficam os dormitórios e demais áreas íntimas, recebeu fachadas mais opacas para maior privacidade”, acrescenta o arquiteto.
Os espaços de lazer da Casa DGP vão muito além da piscina e área gourmet e dividem-se em três blocos principais: academia, playground e brinquedoteca.
A academia, embora separada do restante da casa, conta com uma arquitetura semelhante à construção principal. “Ela é basicamente um bloco branco puro que recebe uma grande abertura finalizada com uma moldura em concreto aparente. Na lateral, a mesma linguagem (da casa) é utilizada e outra janela é adicionada com o tratamento de concreto ao seu redor.” Assim, a vista abre para a vegetação do perímetro do muro.
O playground teve inspiração nos desenhos infantis. Em um único brinquedo multiúso, uniu-se diversas maneiras de brincar, desde as mais clássicas como balanço e escorregador até as casinhas personalizadas com formas e alturas diferentes.
Para guardar os diversos tamanhos e tipos de brinquedos e criar espaços de permanência para brincar, o ambiente foi estruturado de forma divertida e leve. Uma estante em toda a extensão da parede de maior largura é formada por módulos quadrados e retangulares combinados dinamicamente. A televisão, localizada centralmente, está fixada numa parede que é na verdade um quadro negro. Todos esses elementos configuram um espaço livre onde o protagonista é a própria criança e sua imaginação.
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