“Quando iniciamos o estudo do retrofit, percebemos um prédio absolutamente atípico, localizado no meio de um parque fantástico de vegetação, uma chácara e um edifício horizontal com grande pátio central” relata o arquiteto Ricardo Julião, responsável pelo projeto de modernização. No processo de reforma para o Edifício 740 Anastácio, a preservação da estrutura foi o item mais importante.
O grande desafio envolveu repensar a concepção da obra e ainda trazer vida à construção antiga, mas com infinito potencial. “Durante o retrofit, não poderíamos sobrepor ao projeto original do arquiteto Kogan Villar, não só pela qualidade da obra, mas principalmente pelos seus conceitos”, comenta o arquiteto.
Inicialmente, os profissionais fizeram um levantamento técnico de todas as informações disponíveis. “Em primeiro lugar, adequamos o edifício às novas tecnologias. Implantamos piso elevado, ar condicionado – itens inexistentes na época –, condições de acessibilidade com elevadores específicos, sistema de combate a incêndio, entre outros”, conta Ricardo.
A arquitetura seguiu a linha modernista com releitura contemporânea, eficiente e sustentável, e a obra foi integralmente preservada. Uma das poucas modificações aconteceu na cobertura, que precisou ser repaginada.
“Havia um teto retrátil que, para os dias de hoje, é considerado pesado, então colocamos pele de vidro, montamos uma estrutura tubular de alumínio mais leve, com vidro transparente, e refizemos os trilhos, para facilitar o deslocamento”, explica o arquiteto André Santos.
Com isso, o escritório atualizou a antiga solução, que possibilitando que a água escorre naturalmente, com estruturas mais leves, ligas de alumínio mais sofisticados e a propriedade de ser autolavável. Agora, o teto abre e fecha facilmente.
O concreto aparente, que é uma característica da arquitetura modernista dos anos 1970, prevaleceu. “Nosso objetivo com o retrofit foi preservar o concreto aparente que predominava, os vidros das janelas e restaurar todas essas floreiras” diz André. “Como a qualidade de execução do material era bem razoável, porque é muito difícil fazer o concreto aparente com a fôrma e deixá-lo impecável, apenas realizamos uma manutenção. Ele foi estucado, limpo, lixado e preparado para voltar a ser como era”, conta Julião.
Repleto de vãos, passarelas e aberturas, o projeto possui vários itens que promovem a iluminação e ventilação natural. A ventilação é favorecida assim que a cobertura retrátil abre, e o ar é admitido pelos caixilhos, saindo pelos vãos do pátio central. O centro desta área possui um domo transparente, de onde é possível ver o céu.
“Todo o edifício é integrado pelo átrio central. Aberturas internas, iluminação natural e paisagismo propagam em os andares uma atmosfera de bem-estar” explica Mozart Stephan, da Hines.
O projeto de paisagismo permaneceu o mesmo, até as espécies foram preservadas da obra original. “Todo o entorno é um parque com uma vegetação linda, estacionamento, trilhas para caminhar, sendo um privilégio trabalhar e conviver no espaço. Sem a necessidade de mexer no traçado do caminho e no piso, e manuseando a vegetação com muito cuidado, promovemos a poda, limpeza, enfim, apenas a manutenção”, explica Ricardo.
O escritório manteve o pátio ajardinado e o espelho d’água. “A água em movimento traz vida para o projeto, permite que você esteja no jardim e relaxe ao som do barulho da água, que oferece uma sensação diferente. Esses espelhos foram totalmente modernizados com sistemas de bombas, além da troca dos revestimentos de pastilhas” conta o arquiteto André.
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