O primeiro corredor do sistema BRT implantado na cidade do Rio de Janeiro foi projetado pelo escritório ZK Arquitetos Associados. "Por ser pioneiro, não havia parâmetros e base para referência operacional ou funcional. Além disso, tivemos que configurar uma identidade visual a esse novo equipamento sem agredir o entorno", contam os arquitetos Jozé Candido Sampaio e Bárbara Freitas sobre o desafio de projetar as estações BRT – Transoeste.
A solicitação da Prefeitura exigia um projeto arquitetônico confortável, sobretudo que atendesse às necessidades de acessibilidade para pessoas com deficiência e mobilidade reduzida. Dessa maneira, todas as estações oferecem acesso através de rampas, enquanto a plataforma, completamente livre, avança no mesmo nível das portas dos veículos, permitindo embarque e desembarque mais ágeis e seguros.
Além disso, as paradas possuem um espaço de convivência com bancos e mesas, assim como bicicletários, introduzidos em meio a canteiros com árvores, palmeiras e arbustos. “A ideia era criar um ambiente receptivo, mas que permitisse aos usuários permanecer o menor tempo possível no local, para melhor dinâmica do sistema”, explicam Sampaio e Freitas.
De acordo com os arquitetos, o principal conceito das estações BRT – Transoeste é a criação de um espaço aconchegante e esteticamente agradável, já que a inserção em diversas regiões torna as estruturas parte indissociável da paisagem da cidade.
Uma das maiores preocupações para o desenvolvimento do projeto era em relação ao clima carioca, excessivamente quente, o que demandava atenção redobrada quanto ao controle da temperatura. Por isso, logo cogitaram a instalação de aparelhos de ar-condicionado em todas as estações, porém, devido ao alto custo de implantação, a ideia foi descartada.
A partir daí, a solução foi optar pela cobertura prolongada, que surge sobre a base de concreto com duas alturas, para formar um colchão de ar e garantir o conforto térmico naturalmente. Os raios solares também são obstruídos pelos brises instalados do outro lado, com uma chapa perfurada e, ainda, um captador eólico localizado no teto, que aponta sempre para a área onde o vento predomina. “Esse sistema de ventilação remove a massa de ar quente e renova o ar dentro da estação”, explicam Sampaio e Freitas.
Já as esquadrias são de vidro Low-E – que reflete o calor de volta para a fonte – ou em chapa de aço perfurada, provocando ainda mais a ventilação cruzada. Ainda assim, onde se localiza a cabine da bilheteria, são utilizadas paredes termoacústicas em aço de 0,50 mm e espessura de 100 mm, sendo revestido em EPS, com encaixe do tipo trapézio pré-pintado na cor branca.
A iluminação artificial utiliza réguas e painéis de LED, de grande durabilidade e baixo consumo de energia, enquanto a iluminação cênica, apesar de usar estes mesmos materiais, diferencia-se pelas cores branca e azul, que enfeitam a parte externa da estação.
As estações BRT – Transoeste foram condecoradas com “BRT Padrão Ouro”, graduação máxima, pelo Institute for Transportation and Development Policy (ITDP), que analisa sistemas de BRT no mundo todo sobre vários aspectos.
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