Arquitetura e natureza interagem o tempo todo no Makenna Resort, localizado entre as cidades de Ilhéus e Itacaré, em área de Reserva Ambiental de Mata Atlântica nativa protegida pela UNESCO e pelo Ibama. “Esse foi o nosso grande desafio: integrar a construção de um resort ecológico e sustentável à paisagem”, conta a arquiteta Monica Drucker.
O escritório Drucker Arquitetos Associados partiu de um terreno grande, de 50 hectares, mas apenas a faixa marinha foi utilizada, já que a área de Mata Atlântica deveria ser preservada. “O primeiro estudo que desenvolvemos era de uma arquitetura similar a esta, mas com vidros, lajes e minimalista. Quando fomos visitar o lugar e sentimos a força da natureza e o clima quente, úmido e com muito vento, mudamos nosso projeto”, revela Monica Drucker.
O clima pedia sombra. Pedia um guarda-sol, e foi simplesmente isso que fizemos. (...) Todas as formas de vedação e fechamento são para atender as condições necessárias para dormir, ter sombra e ter escuridão Ruben OteroO partido foi levado ao máximo da horizontalidade. Os profissionais abriram o campo visual e o resort passou a interagir com o entorno. Formalisticamente, a construção desenvolveu uma relação de equilíbrio com a paisagem. “O clima pedia sombra. Pedia um guarda-sol, e foi simplesmente isso que fizemos. Geramos uma sombra que oferece conforto. A partir daí, todas as formas de vedação e fechamento atendem as condições necessárias para dormir, ter sombra e ter escuridão”, explica Ruben Otero.
Clube com restaurante, salas de lazer, spa, setor de serviços e 16 bangalôs – de 100 m² cada – ocupam os 6.700 m² de área construída. Algumas unidades são completamente abertas, com portas de correr que separam e integram, sempre que necessário, a sala e o quarto.
Com lajes dos pisos elevadas do solo entre 70 cm e 90 cm, a estrutura de concreto aparente do resort comporta lajes nervuradas, miolo de EPS de 30 cm de espessura e fibra de carbono, que dá sustentabilidade ao concreto, quase como se fosse uma protensão. Os apoios revelam-se pontuais e relativamente separados. Todos esses atributos levam a grandes balanços que dão origem a grandes terraços e espaços internos e externos – áreas de estar – abertos e flexíveis, sem interferência de elementos estruturais.
“Optamos por uma arquitetura marcadamente de concreto, que é o oposto do que se faz na região. Estruturalmente, são placas paralelas horizontais, apenas separadas do piso. Elas contrastam com as palmeiras verticais, espécie arbórea predominante no terreno”, conta Monica Drucker.
Uma série de soluções foram adotadas para contribuir para o conforto térmico da edificação. As construções são suspensas do solo, permanecendo livres da umidade.
As coberturas são feitas com laje nervurada e as placas de EPS barram a transmissão do calor. “Essa proteção térmica é bastante forte e diminui em, aproximadamente, 15 a 20 graus a temperatura interna”, informa Monica.
Devido ao calor constante e à elevada umidade, os arquitetos optaram por aberturas frente-fundo, que facilitam o fluxo de ar proporcionando ventilação cruzada abundante.
Outras atitudes sustentáveis fazem parte da infraestrutura do Makenna Resort, como a presença de gerador de energia por células fotovoltaicas e sistema de esgoto com biodigestores, que devolve 98% da água limpa ao meio ambiente.
Pedra, madeira, concreto e fibras de carbono estruturam a construção. As pedras revestem as alvenarias; a madeira está presente nos caixilhos com venezianas reguláveis. Além do EPS, o concreto recebeu fibras de carbono na superfície, um material de última geração, resistente ao desgaste da maresia.
Para obter máxima eficiência térmica e energética, os arquitetos projetaram o uso de células fotovoltaicas e desenvolveram um projeto de iluminação com lâmpadas econômicas – Leds ou Pls.
Ao fazer parte do projeto Tamar, incorporando uma área de proteção da Mata Atlântica nativa tombada pelo IBAMA e pela UNESCO, o Makenna Resort incorpora práticas ambientalmente corretas. A água utilizada é devolvida ao meio ambiente tratada, com 98% de grau de limpeza. Para isso, são utilizados biodigestores descentralizados para tratar resíduos orgânicos.
Optamos por uma arquitetura marcadamente de concreto, que é o oposto do que se faz na região. Estruturalmente, são placas paralelas horizontais, apenas separadas do piso. Elas contrastam com as palmeiras verticais, espécie arbórea predominante no terreno Monica DruckerSão três biodigestores, cada um com três câmaras, implantados pelo projeto da ONG Instituto Ambiental OIA, situada em Petrópolis. No primeiro tanque subterrâneo com cúpula, as bactérias digerem o esgoto em condições anaeróbicas. As águas seguem através de uma tubulação para o biofiltro, um segundo tanque subterrâneo forrado com pneus, preenchido com casca de coco e coberto por terra e plantas. A água restante vai para a zona das raízes. O terceiro e quarto tanques também são forrados por pneus, terra e vegetação. No final do processo, a água sai praticamente limpa, podendo ser utilizada para irrigação.
A interação entre a arte e a arquitetura permeia os espaços. No hall de acesso, obras minimalistas do artista plástico alemão Thilo Scheuermann retratam o universo existencial de índios e pescadores. A obra Petrus mostra uma canoa indígena cortada por uma placa de aço corten. Já o Mar vermelho evidencia quatro ocas dos Tupinambás – tribo indígena da região – divididas por um tubo pintado com tinta automotiva na cor vermelha. Nas áreas sociais, objetos centenários de Arte Tribal Africano ostentam máscaras e bandeiras, e quadros contemporâneos do mesmo artista plástico.
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