Localizada na paradisíaca Angra dos Reis (RJ), em um ilhéu de cerca de 53 mil metros quadrados, a Residência AB estabelece um diálogo perfeito com o entorno, interferindo minimamente na natureza que a cerca.
Responsável pelo projeto arquitetônico, o escritório Jacobsen Arquitetura procurou seguir com rigor todas as normas ambientais. De acordo com o arquiteto Paulo Jacobsen, aspectos como proximidade da construção com o mar, altura da casa, área de terreno ocupada e modificações na topografia precisaram ser considerados, levando a estudos conceituais importantes.
A residência parece sair do morro como uma flecha Paulo JacobsenMesmo obedecendo às normas ambientais, o escritório conseguiu elaborar um projeto capaz de emoldurar a exuberante paisagem e oferecer aos moradores o máximo de contato com a ilha, de forma segura.
O lote em que a Residência AB foi inserida era ocupado por uma outra casa, que precisou ser demolida. “Era uma casa bem antiga. Demolimos e respeitamos o local onde ela estava porque era muito bom”, conta Paulo.
De certa forma, isso facilitou a implantação do novo projeto, uma vez que o terreno já ficou desmatado, eliminando formação de lama. Ainda assim, as dificuldades de se construir em uma ilha - que só pode ser acessada por barco - não foram poucas, trazendo desafios sobretudo às equipes de mão de obra e ao fornecimento de materiais.
A planta da Residência AB conecta os dois platôs existentes, gerando uma construção de dois pavimentos. A área íntima ficou no nível superior, mais próxima à montanha, e as áreas sociais e de lazer no inferior, mais próximas do mar.
Segundo o arquiteto Bernardo Jacobsen, o térreo funciona como um piloti, uma área vazia e transparente; e a parte propriamente fechada da casa, como uma asa visível, que é o setor acima dos quartos. “A residência é basicamente formada pelo pavimento superior, com a área íntima, e pela parte de baixo, com home theater, salas de estar e de jantar, varanda, piscina e toda a parte de lazer e social”, comenta.
O segundo andar foi montado exatamente na altura do topo da montanha. “A residência parece sair do morro como uma flecha", menciona Paulo. Já a parte baixa parece decorrer do nível superior, como uma sombra.
Desde o início a intenção era trazer o jardim externo para dentro da Residência AB. As salas de estar e de jantar receberam pé-direito duplo, o que facilitou a entrada do verde. Pequenas árvores separam esses ambientes, mas sem comprometer a idealizada integração.
Grandes beirais também foram projetados para auxiliar na união das áreas da casa. No andar de baixo, por exemplo, o beiral funciona como varanda para o piso superior. “Os fechamentos ficam sempre recuados dos limites da construção, pois é uma casa para ficar aberta. A impressão que se tem é que não há fechamentos”, complementa Bernardo.
Um muro posicionado atrás do terreno barra a entrada de ventilação cruzada no térreo. Para amenizar a temperatura e trazer conforto aos moradores, todo o layout foi projetado em pé-direito duplo. “Porque ganhamos altura, e o muro só existe na parte de baixo”, diz Paulo. Assim, o andar superior é banhado por ventos refrescantes.
“Totalmente aberta, a sala não tem ar-condicionado, nem previsão para isso. Esse equipamento só é utilizado nos ambientes fechados, como nos quartos. É uma casa muito fresca, colada na mata, sendo que o vento entra por trás e pela frente”, afirma Bernardo.
O primeiro piso é todo em pedra de granito cerrado, que sai do interior e vira parte da varanda chegando na piscina Bernardo JacobsenAs técnicas construtivas e os materiais foram escolhidos levando em conta as particularidades de uma ilha. Foram utilizados estrutura metálica e painéis de madeira e de vidro pré-fabricados, ambos de fácil transporte e montagem rápida, reduzindo mão de obra e descarte. A intenção dos arquitetos foi, ainda, proporcionar uma manutenção maleável e de baixo custo em longo prazo.
Piso e forros foram, em sua maioria, revestidos de madeira. Para o fechamento dos dormitórios foram utilizados painéis de correr com folhas de vidro dos dois lados. “O primeiro piso é todo em pedra de granito cerrado, que sai do interior e vira parte da varanda chegando na piscina”, conta Bernardo.
Com estrutura de aço, a casa ficou mais leve. Segundo Paulo, isso foi fundamental para suportar o desenho "pavilhonar" da construção, extremamente longo e fino.
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