No Izakaya Yorimichi, um bar recém-aberto no bairro do Paraíso, em São Paulo, elementos da cultura japonesa fundem-se com outros bem brasileiros, gerando um projeto arquitetônico que preza pela descrição e pelo bem-estar dos frequentadores.
Assinado pelo escritório Albert Sugai Arquitetura e Design, o trabalho inspirou-se nos izakayas típicos do Japão – locais reservados, e algumas vezes até escondidos, que executivos frequentam após o expediente.
“Pensamos em criar um bar voltado para os expatriados e para isso projetamos buscando adequar o local à cultura oriental, mas com um toque de brasilidade”, reforça o arquiteto Albert Sugai.
Segundo ele, o Izakaya Yorimichi está localizado onde antes funcionava um escritório. Na reforma do espaço, todas as paredes internas foram quebradas, a estrutura foi reforçada e os esforços foram colocados para as laterais, dispondo os ambientes em dois pavimentos.
Como o programa era muito extenso para um imóvel relativamente pequeno, de 120m², o escritório procurou aproveitar cada centímetro do espaço para que os ambientes parecessem amplos e aconchegantes. “Conseguimos um ótimo aproveitamento colocando quase 15% de assentos a mais do que o esperado, e obviamente aumentando a possibilidade de lucros”, relata o arquiteto.
Para conferir privacidade ao estabelecimento, os arquitetos usaram fachada cega no projeto, com apenas uma pequena abertura com o noren, a cortina de entrada com o logotipo do estabelecimento. O desenho da fachada é feito de ardósia na cor preta e ferrugem com formato de mosaico em diferentes espessuras.
O acesso de entrada criado sugere certo mistério ao Izakaya Yorimichi, despertando a curiosidade dos frequentadores que, ao passarem por um pequeno túnel escuro entre a cortina e a porta, são inundados de luz e sensações.
Essencialmente discreto, o local conta com uma pequena cozinha, um balcão e uma churrasqueira no pavimento térreo. Já no pavimento superior ficam as salas privativas, depósitos e sanitários.
Minimalismo e simplicidade são traços marcantes do projeto de interiores. “Procuramos trabalhar de forma simples, mas não simplória. Pelo contrário, o mínimo diz tudo”, conta Albert Sugai.
A reforma baseou-se em linhas verticais, presentes nos ripados internos, nas cadeiras, na escada e até nos bambus. Todos os materiais utilizados, aliás, são nacionais, como a madeira de reflorestamento, as pedras, os bambus e os pedriscos. Eles foram usados tanto na arquitetura, quanto no mobiliário e no paisagismo.
Buscando soluções artesanais, o arquiteto desenhou todo o interior do Izakaya Yorimichi, desde o balcão, tatames, portas, logotipo, cardápio, sinalização até as cadeiras. Além disso, as cerâmicas e as obras de arte passaram por sua escolha ou sugestão.
O acesso ao pavimento superior é feito por uma floresta de bambus. Nas salas superiores, os tatames conferem certa privacidade. O arquiteto trabalhou com uma paleta de cores que sugere aconchego e beleza. A iluminação, por sua vez, não se sobressai; ela apenas reforça e maximiza os esforços da arquitetura.
No bar, o saquê ganha posto de personagem principal. “Na cultura nipônica, a pessoa escolhe o que irá beber olhando a garrafa e o rótulo, e não o cardápio. Assim, criamos uma grande exposição de garrafas em caixas de madeira iluminadas, no salão do térreo”, conclui o arquiteto.
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