Morada e hobby se unem de forma inteligente no projeto do arquiteto Humberto Hermeto para uma família composta por um casal com três filhos. No terreno irregular de 3.160 m2, localizado em Nova Lima, Minas Gerais, o programa precisava incorporar os dois usos. Na residência, a família ansiava por todo o conforto e bem-estar, distribuídos nas cinco suítes integradas a amplos espaços de convívio, além das dependências de serviço. Na galeria, com o acervo pessoal dos proprietários, era necessário um ambiente mais reservado, com condicionamento de ar constante.
Uma das limitações iniciais enfrentada por Hermeto foi o próprio terreno. “O tamanho do programa solicitado pelos clientes esbarrava no formato irregular e na inclinação original do lote. Precisávamos de uma grande área para atender as demandas apresentadas – principalmente da residência. Mas o espaço disponível para implantação era pequeno, considerando os pontos com bom potencial de usufruto da vista”, conta.
Inicialmente, o que parecia ser uma restrição transformou-se em um aliado, guiando o projeto. A diferença de níveis existente foi resolvida com a distribuição de usos diferentes em níveis diversos. “No pavimento inferior dispus a galeria de arte, um volume estereotômico que brota do chão como uma grande rocha, uma grande plataforma. No superior, projetei a residência, o volume tectônico.” Com esta lógica, o arquiteto criou um nível ‘base’ para a casa, com a função de ser uma área externa integrada. “A cobertura do volume da galeria tornou-se o jardim externo do pavimento que abriga a residência”, expõe Hermeto. Otimizado, o terreno viabilizou o impossível: uma construção com generosos 1.240 metros quadrados.
Além de pedir uma casa capaz de acomodar dois programas distintos – morada e trabalho –, era fundamental para a família de moradores explorar o potencial da vista ao máximo e ter uma área de lazer integrada ao nível principal. Essa segunda ação determinou no programa uma cobertura contínua configurada por um pórtico em concreto armado.
Extensa, são 81 metros cuja função também é definir o volume construído da residência. Abaixo da cobertura os ambientes foram distribuídos de acordo com as necessidades específicas: acesso, área de recreação, cozinha, estar e quartos. “E o melhor: as visadas existentes definem as várias aberturas e possibilitam ver as montanhas de todos os ambientes”, comemora o arquiteto.
Para garantir uma circulação e comunicação perfeita entre os vários níveis da residência, Humberto Hermeto projetou um núcleo central dotado de elevador. “Ele conecta o primeiro piso da galeria ao piso da casa. O nível intermediário interliga garagem e dependências de serviço, além do mezanino da galeria”, descreve.
Os espaços abertos se estendem sobre a cobertura da galeria através de um grande deck, uma piscina e os jardins. O acesso principal à morada é definido por um vazio no início do pórtico em concreto. Por ele chega-se às diferentes ocupações sob a cobertura, consideradas áreas fechadas – sauna, cozinha, estar e quartos – e abertas, as varandas.
Com duração de 15 meses, a construção se destaca no lote como um partido elevado. O fato de ter uma estrutura suspensa atende a uma questão puramente pragmática, revela Hermeto. “Era imprescindível evitar a umidade do solo, protegendo a construção”.
As visadas existentes definem as várias aberturas e possibilitam ver as montanhas de todos os ambientes Humberto HermetoOutra característica marcante da residência é o pé-direito variável, que chega a atingir 5,35 metros na sala. As medidas generosas não param por aí. As aberturas de alumínio dos quartos alcançam em média 14 metros quadrados e oferecem veneziana integrada com fechamento eletrônico. Já a caixilharia da sala, também de alumínio, apresenta um vão total de 75 metros quadrados.
Materiais, design e arte estão juntos nesta construção. Os materiais escolhidos são nobres e duradouros e variam de acordo com o local utilizado. O vidro dos fechamentos são o temperado e laminado. Na residência, o piso da sala é em mármore travertino, enquanto na galeria encontra-se o epóxi branco, ideal porque mantém a neutralidade exigida pelo ambiente.
Para manter o conforto térmico na galeria de arte, as portas expõem caixilhos de alumínio com fechamentos de vidro. “Elas protegem da insolação direta – uma grande inimiga das obras de arte. Outra proteção utilizada são os brises com estrutura metálica revestidos em chapas de alumínio na cor vermelha”, explica o arquiteto.
O acervo protegido guarda obras de artistas como Adriana Varejão, Tunga, e Cildo Meireles. Para complementar a arquitetura artística, o projeto de iluminação indireta valoriza a cor branca. “Aqui o elemento neutro é indispensável, pois permite o destaque dos quadros expostos”, finaliza Humberto Hermeto.
Veja a Casa Galeria, um projeto no qual a arte também é a protagonista.
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