Criar um espaço de oração e fé foi o objetivo de Paulo Henrique Herwig, do escritório HS Arquitetos, ao desenvolver o projeto arquitetônico do Santuário Santa Paulina, em Nova Trento (SC).
A ideia era trazer uma arquitetura diferenciada em relação à forma e à volumetria sem comprometer questões técnicas como iluminação e ventilação natural. Outro objetivo dos arquitetos foi propiciar uma estrutura de manutenção simples e econômica.
A construção do santuário teve como base a vida de Santa Paulina: simples e humilde, mas com valores sólidos e puros. Herwig explica que, na arquitetura, essas questões influenciaram as formas e as volumetrias, por exemplo, no volume em duas águas e no formato curvo da cobertura. A solidez e a pureza são reveladas pelos materiais, como o concreto aparente.
A fachada frontal do Santuário Santa Paulina é a que mais representa a concepção do projeto, pois assemelha-se a duas mãos em prece. A curva ascendente da cobertura, potencializada pela iluminação natural, remete à busca da fé e da espiritualidade.
Todas as fachadas são predominantemente revestidas com vidro. Somente a dos fundos que recebeu acabamento em concreto, para evitar a incidência do sol. Nela foram inseridos dois vitrais naturais e sem cor trabalhados em bisotê e jateamento.
“Com este trabalho conseguimos direcionar a luz natural apenas para o altar dando um efeito natural único. O desenho trabalhado em bisotê representa o trigo e o desenho jateado, o vinho”, conta o arquiteto.
A ventilação natural do Santuário Santa Paulina é proporcionada pela cobertura zenital com venezianas fixas. O ar frio entra pelas laterais do prédio e o ar quente, mais leve, sai de forma natural por ela.
A iluminação natural é obtida através da cobertura zenital, revestida com vidro duplo laminado e uma película opaca que facilita a incidência da luz indireta. As fachadas laterais e a frontal, também envidraçadas, auxiliam na luminosidade natural. “Nas entradas naturais, utilizamos a película translúcida”, fala Herwig.
Para proporcionar conforto térmico e acústico, todas as alvenarias são duplas e executadas em bloco de concreto aparente, do tipo liso e canelado. De baixa manutenção, esse material faz a parte de vedação e evita o reboco e a pintura.
Para Herwig, o tratamento acústico foi uma das soluções mais interessantes do projeto do Santuário Santa Paulina. “Utilizamos telhas contínuas, tipo sanduíche, com duas camadas de isolamento. A primeira é uma projeção de lã de rocha que controla a temperatura da telha no verão e ameniza o barulho da chuva”, disse.
Já a segunda camada recebeu isolamento de lã de rocha ensacada sobre a telha contínua do forro, que por sua vez é microperfurada para absorver o som proveniente do interior do santuário, evitando eco.
A disposição dos blocos de concreto e da geometria das alvenarias no fundo da nave central, bem como a alvenaria curva no presbitério, são elementos que controlam a acústica. “Por norma, tínhamos de chegar a um Tempo de Reverberação Ótimo (TRI) para Igrejas de 2,4. Nosso projeto foi tratado acusticamente para um TRI de Auditório, 1,4, mais focado na oratória”, conclui o arquiteto.
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