Instalado em um terreno com grande declividade e muitas residências no entorno, o Módulo Bruxelas, composto por dois prédios, destaca-se pela facilidade de integração ao cenário. O arquiteto Gui Mattos, responsável pelo projeto, conta que a construção foi toda ditada pelo terreno e, o desafio, esteve em como acomodar e acessar o programa. “Por isso lançamos mão de uma grande ponte metálica que serve de conexão ao acessar o segundo lote”, explica.
A moderna passarela em tom amarelo integra-se perfeitamente à versatilidade do partido recheado de vãos, luz, ventilação cruzada, um térreo livre e salas mais amplas e lineares, quase como se fossem estúdios verticais entre pátios. Por outro lado, a construção completa a região onde está inserida: o bairro residencial de Perdizes, localizado na zona oeste de São Paulo.
Por causa da configuração do lote, Gui Mattos priorizou a horizontalidade. “Busquei projetar uma construção que pudesse, de alguma maneira, aquietar-se um pouco no bairro, e não ser um elemento vistoso”.
Ao olhar para ele, enxerga-se apenas uma passarela, sendo impossível fazer uma leitura apurada do que acontece Gui Mattos
O terreno atinge as duas faces do quarteirão com um desnível entre elas de, aproximadamente, 12 a 15 metros. A solução criada pelo arquiteto desdobra o edifício em dois blocos, cada um no nível relacionando a uma rua. Desalinhado, o empreendimento volta-se para a rua Bruxelas com uma área retangular, maior e bem longo. Já o segundo bloco quase não é perceptível de lugar algum. “Ao olhar para ele, enxerga-se apenas uma passarela, sendo impossível fazer uma leitura apurada do que acontece”, analisa Mattos.
“A escolha pela instalação da passarela metálica mantém a funcionalidade e oferece outras formas de convívio – aproximando o edifício à escala sensorial de uma moradia. Ela também possibilitou que o empreendimento não se colocasse como um corpo estranho na situação”, diz Gui Mattos.
Com aberturas que servem como terraços-jardins, os dois pavimentos do prédio são destinados a salas de escritórios. “Cada um tem uma varanda ajardinada que se estende por todo o volume, criando jardins suspensos”, destaca. Essas áreas externas contribuem para recuar a fachada, protegendo-a da incidência direta do sol e ainda criam a possibilidade de realizar reuniões ao ar livre.
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A estrutura do prédio é em concreto, com laje cubeta sob pilotis. “Dentre as possibilidades estudadas, esta foi a que apresentou melhor custo-benefício, além de propiciar um vão mais interessante”, ressalta Gui Mattos. Como elemento de acabamento e vedação foram usados pastilhas e cobogós – elemento cerâmico vazado, branco e brilhante, que resgata um pouco da história do bairro. Ao mesmo tempo, o material filtra a luz externa e limita a visão para a rua, trazendo privacidade ao interior da construção.
A escolha pela instalação da passarela metálica mantém a funcionalidade e oferece outras formas de convívio – aproximando o edifício à escala sensorial de uma moradia. Gui Mattos
O térreo livre reflete a ideia de uma praça de encontro: tem um café e é onde as pessoas acessam a ponte metálica. Como se fosse um caleidoscópio, painéis coloridos e interativos no térreo complementam o visual da construção. Os vidros ‘correm’, permitindo às pessoas movê-los entre si e dar origem a diversas tonalidades.
Os escritórios ocupam dois andares configurados entre pátios, com atmosfera oposta ao primeiro edifício. “As lajes são mais amplas e mais abertas, postadas sobre o térreo. Há seis metros de altura eles parecem embutidos”.
Localizada no primeiro andar do primeiro edifício, a garagem dispensa a tradicional rampa de acesso e utiliza o elevador de carros. “Em todos os estudos a construção de uma rampa ocuparia o lugar de várias vagas, já o elevador utilizaria apenas uma vaga e meia. A solução também evita cavar mais um subsolo. Então, o usuário para, o manobrista entra com o carro no elevador e desce ao subsolo”, conta Gui Mattos.
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