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Residência Itamambuca

Residência Itamambuca
Sem frente nem fundo, a Residência Itamambuca, do arquiteto Gui Mattos, tem todos os ambientes voltados para a Mata Atlântica. Frescor e luminosidade foram palavras de ordem no projeto. Imagens: Nelson Kon
Residência Itamambuca
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Conectada com a mata

Texto: Nuri Farias

Inserida em uma área de preservação na Praia de Itamambuca, em Ubatuba (SP), esta casa projetada pelo arquiteto Gui Mattos é envolvida por uma vegetação densa e alta da Mata Atlântica. Tinham árvores importantes ali, por isso tive essa ideia de conectar toda a casa com a mata. Os proprietários gostaram e então começamos a desenvolver as soluções para o encaixe sem agredir o terreno Gui MattosLocalizada bem próximo ao mar, ela pousa suavemente sobre o lote sem interferir na natureza.

Batizada de Residência Itamambuca, a morada ocupa apenas 300 m² de um terreno de 1.000 m². Mas, mesmo com programa enxuto, foi possível aproveitar toda a extensão permitida e atender fielmente às necessidades dos moradores.

Natureza preservada

Junto com a localização privilegiada na mata veio a ideia de criar um volume sem frente e sem fundo para aproximar a família da natureza e para que os ambientes internos recebessem iluminação e ventilação naturais.

Segundo Mattos, o lote é um local bem fresco, devido a um filtro natural de luz em conjunto com a vegetação. “Tinham árvores importantes ali, por isso tive essa ideia de conectar toda a casa com a mata. Os proprietários gostaram e então começamos a desenvolver as soluções para o encaixe sem agredir o terreno”, conta.

Por uma questão de “saúde” da Residência Itamambuca, sua estrutura foi levemente erguida do solo para ventilar e evitar problemas com a umidade, já que, como os moradores não residem lá, ela passa a maior parte do tempo fechada.

Volume de concreto

O concreto protege a casa como uma colcha Foto: Nelson Kon

Este volume içado foi moldado como uma base quadrada e de concreto, formando um degrau de acesso para a casa.

Lembrando uma colcha de concreto, o térreo engloba as áreas de uso comum como cozinha e salas de estar e de jantar. Quando abertas, as grandes portas de correr de vidro transformam o pavimento numa ampla varanda, além de levar luz e ventilação para o interior.

A gente brinca que é uma lasanha de madeira. São tábuas prensadas que funcionam como parede, laje, teto ou laje de piso e de teto. Elas são estruturais e conseguem fabricar grandes painéis Gui Mattos

Foi feito um apoio de concreto com nove apoios periféricos que recebem uma pirâmide invertida com o propósito de abrir a vista para a costa litorânea. “Essa pirâmide é o oposto de um telhado tradicional, onde o ponto alto está no centro e fecha a vista para o periférico. Fizemos exatamente o contrário, então, quando se está dentro do ambiente, percebe-se o espaço crescendo em direção à mata e tem-se uma leitura mais completa”, comenta o arquiteto.

Caixa de madeira

Encaixados na parte de cima do concreto estão os elementos pré-fabricados de madeira, que envolvem as áreas íntimas de forma leve e mantêm a privacidade e o aconchego dos moradores.

Para que todas as crianças tivessem o seu próprio cantinho, foram feitos pequenos dormitórios como se fossem cabines de navio e cada um possui o seu desenho especial. Esse segundo volume também abriga a suíte principal destinada ao casal.

A madeira utilizada nos módulos é de uma nova tecnologia, chamada cross laminated timber. “A gente brinca que é uma lasanha de madeira. São tábuas prensadas que funcionam como parede, laje, teto ou laje de piso e de teto. Elas são estruturais e conseguem fabricar grandes painéis”, explica Mattos.

Esse tipo de montagem é rápido e sem desperdício de material, além de ser reflorestada. Logo após a construção do bloco de concreto, a caixa foi encaixa no volume, para então virem os acabamentos. Todo o processo durou cerca de uma semana.

A área de lazer, separada dos demais pavimentos, tomou conta do terreno ao lado, que na época estava à venda e sem boa parte das árvores. Lá foi feita a piscina e uma pérgola ao ar livre a 20 m da praia.

O sistema cross laminated timber foi utilizado na cobertura de madeira. São tábuas prensadas que agem como parede, laje, teto ou laje de piso e de teto Foto: Nelson Kon

Materiais

A Residência Itamambuca tem abertura para todos os lados e é cercada de vidros que controlam as aberturas e fechamentos e equilibram a entrada de ar. “Optamos por caixilhos de alumínio, um material que talvez sofra um pouco menos de patologias com o passar dos anos, porque é um pouco mais estável do que a madeira”, menciona o arquiteto.

Além do fechamento das áreas íntimas, a madeira também foi usada no mobiliário, nas salas de estar e jantar e na cozinha.

Escritório

  • Local: SP, Brasil
  • Conclusão da obra: 2016
  • Área do terreno: 1000 m²
  • Área construída: 300 m²

Ficha Técnica

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