A gentileza urbana entra em cena neste projeto arquitetônico do gruposp – escritório dirigido por João Sodré, Alvaro Puntoni e, à época da construção, Jonathan Davies. Batizado de Edifício Habitacional na Rua Simpatia, ele está localizado no descolado bairro da Vila Madalena, em São Paulo.
Os arquitetos aproveitaram o bairro arborizado para estabelecer uma bela relação entre a construção, o verde e a população. No pátio inferior, a piscina está solta sobre o terreno e, no primeiro subsolo, a lavanderia se abre para o jardim. Junto à rua, o edifício recuado oferece à cidade uma pequena praça/ jardim formada por um banco e uma árvore.
Além da praça, os moradores também podem passear no pátio de acesso enquanto admira as copas das árvores frutíferas do jardim envoltório. E mais: alcançar e saborear um fruto, como se estivesse no quintal de casa.
O posicionamento perfeito do edifício na topografia acidentada, típica da região, revela dois blocos em um vale existente entre a rua Simpatia e a rua Medeiros de Albuquerque.
Ao entrar no prédio, ao contrário de um espaço fechado, chega-se a um vazio no meio do edifício e a um jardim aquático. Na extremidades, uma sala coletiva e avarandada abre-se para a paisagem e convida à realização de festas ou encontros. Neste pátio de acesso localiza-se o bloco de circulação vertical, com escadas e elevadores, entre os dois prédios.
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Os profissionais abraçaram o projeto já com o prédio pronto, mas era necessário tirar partido da situação complexa do lote e do terreno natural em desnível para trazer identidade ao Edifício Habitacional na Rua Simpatia.
No nível mais alto fica a construção residencial, superior e aérea; no declive, ficam os serviços e espaços para automóveis. Entre os blocos, o espaço livre dispõe de uma laje livre e elevada, flutuando sobre o terreno, cujo acesso é feito por uma passarela vinda da calçada que possibilita admirar o vale embaixo. Sobre a passagem há um painel gigante, do artista Andrés Sandoval, com 2,80 x 10 m, com nove placas montadas in loco.
Modernos, os apartamentos oferecem planta livre e flexível, sem paredes, capaz de ser adaptada de acordo com a necessidade dos moradores. Outros itens também permitem a personalização da arquitetura de interiores, a exemplo da laje sem contrapiso e do teto carente de forro. Puntoni conta que essas características dão ao morador liberdade total para escolher os acabamentos e divisórias desejados.
Os apartamentos estão organizados nos blocos opostos – Simpatia e Medeiros –, com conformações e vistas diferentes, nas aberturas das faces norte e sul. Já as faces leste e oeste marcam a presença do edifício na paisagem urbana. Estas fachadas se sobressaem pelos planos de vidros em toda a extensão das unidades e pela abundância de luz natural nos ambientes.
Para dispor de uma planta flexível, as colunas de infraestrutura e hidráulica foram instaladas junto aos pilares. Isso possibilita que as áreas molhadas – banheiros e cozinha – sejam posicionadas em qualquer lugar do apartamento.
Outra vantagem deste tipo de planta é a liberdade que o morador tem para escolher até onde colocar as janelas, encontrando essa flexibilidade em duas das três fachadas de cada unidade do Edifício Habitacional na Rua Simpatia. Com esta zona delimitada para as aberturas e um desenho-padrão de janela, que pode ser composta em módulos, as fachadas ganharam mais movimento com a posição aleatória das aberturas.
Queríamos manter a sensação de espaço externo, como se a calçada adentrasse o edifício e invadisse as áreas de convívio, Alvaro Puntoni
Na fachada posterior, as varandas de estrutura metálica também contribuem para dar movimento à arquitetura do edifício. Elas ficam suspensas, sustentadas na parte superior por duas grandes vigas metálicas.
Pintura vermelha na empena voltada para o pátio interno e acabamento cerâmico caracterizam o design da fachada. A escolha do material tem a ver com a praticidade de ser autolimpante, característica imprescindível em uma cidade poluída como São Paulo. No piso da área de convivência – um espaço entre a porta do elevador e a dos apartamentos – figura o mosaico português. “Queríamos manter a sensação de espaço externo, como se a calçada adentrasse o edifício e invadisse as áreas de convívio”, conclui.
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