A convivência entre o antigo e o atual é explorada com maestria no projeto da Unidade de Operações da Bacia de Santos (UO-BS) da Petrobras. Não apenas porque a recuperação de 50 m do antigo armazém de exportação da São Paulo Railway, datado de 1884, era uma exigência legal. Mas principalmente porque compatibiliza os fatores históricos, arquitetônicos e urbanísticos inerentes ao terreno, situado na região conhecida como Valongo.
“A restauração de parte do armazém retoma as características externas da fachada e coberturas originais. Ao fim do galpão uma parede de vidro o separa do orquidário que funciona como uma área de convivência. Dessa forma, a transição do cenário histórico para o atual acontece por meio de uma fileira de antigos pilares que se alonga para além da extensão do galpão – atravessa o orquidário e dá espaço aos novos pilares de sustentação de uma cobertura de vidro ondulada. A forma arquitetônica dos novos pilares se espelha na dos antigos, mas tem elementos mais modernos. A cobertura toma a área externa do complexo até as torres de escritórios”, explica Gilberto Gabriel, arquiteto e sócio diretor da Ruy Rezende Arquitetura.
Ainda debaixo da cobertura ondulada, mas já nos domínios privados da Petrobras, há uma área com três pavimentos que abrigam biblioteca, auditório e restaurante.
Como explica o arquiteto, “este programa atua como o centro gravitacional do conjunto, uma vez que permite acesso a outros ambientes de apoio. O terceiro pavimento, por exemplo, interliga as torres da UO-BS e proporciona outro espaço de convivência marcado pelo projeto paisagístico que preserva as espécies endêmicas ou em extinção da flora santista. Trata-se, também, de uma praça climatizada por aspectos bioclimáticos devido ao bom aproveitamento da direção dos ventos”.
Para o trecho específico, o projeto utiliza uma cobertura de vidro com partes opacas, translúcidas e transparentes a fim de garantir o percentual necessário de sombreamento para o conforto dos usuários.
São três torres de escritório – a primeira tem 13 pavimentos com capacidade para 2,2 mil postos de trabalho – que seguem o conceito de imponência sem ostentação. A fachada dos edifícios é marcada por grandes panos de vidro serigrafado em camada dupla que ajuda no controle da incidência solar, garante eficiência energética e o bom desempenho acústico.
“Além dos escritórios, o projeto engloba área para acervo de documentos, uma parte crítica de datacenter com operadores 24/7, toda a área técnica específica do pré-sal como a sala para sedimentologia (análise geológica), e ainda áreas de apoio com auditórios, biblioteca, centro médico, academia de ginástica, controle de segurança, área de treinamento e restaurante para 500 pessoas”, complementa.
O projeto do UO-BS adota diversas medidas para obter o LEED New Construction / Multiple Buildings GOLD.
O conforto térmico interno e do entorno foi obtido através da criteriosa especificação dos vidros, da aplicação de cores claras nas fachadas e da criação de coberturas verdes, de forma que não há formação de ilha de calor pela edificação. O teto verde ajuda, ainda, no recolhimento das águas pluviais que são reutilizadas. Já a preocupação com o uso predominante da iluminação natural foi uma das premissas do projeto, visando não só a eficiência energética como a integração dos usuários. Há, também, sistemas de tratamento do ar exterior e o proveito de materiais reciclados, recicláveis e certificados.
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