Como parte do plano de ações de recuperação, restauração e potencialização geral dos espaços sociocultural e esportivo do Clube Alto dos Pinheiros, localizado em São Paulo (SP), o escritório Gálvez & Márton Arquitetura realizou a ampliação do ginásio, com a construção das quadras cobertas.
Quem está de fora observa um ambiente enterrado, aparentemente sem amplitude, mas ao entrar, depara-se com a quadra poliesportiva com medidas oficiais Gabriel ReisAntigamente, o equipamento esportivo compreendia duas quadras de concreto, instaladas a céu aberto. Com a intervenção, elas foram totalmente demolidas e o terreno escavado. Dois foram os motivos: manter o gabarito de 10 metros de altura do bairro de Pinheiros e atender às necessidades espaciais de esportes, como o vôlei. No entanto, o rebaixamento do lote deveria obedecer aos limites estabelecidos pela presença do lençol freático e do recuo da Marginal Pinheiros.
“Quem está de fora observa um ambiente enterrado, aparentemente sem amplitude, mas ao entrar, depara-se com a quadra poliesportiva com medidas oficiais”, comenta o arquiteto Gabriel Reis.
Foi dentro desses parâmetros que os arquitetos Márton Gyuricza, Andrés Gálvez e Gabriel Reis, do Gálvez e Martón Arquitetura, procuraram intervir no projeto originalmente assinado por Fábio Penteado e Teru Temaki, como um gesto de continuidade que fosse viável construtiva e financeiramente.
Diante dessas premissas, o projeto preliminar foi encaminhado ao engenheiro Alexandre Munaretto para estimar a quantidade de aço que seria necessária para cobrir a área de, aproximadamente, 1200 m². Assim, o primeiro estudo mensurou a utilização de 150 toneladas, o que inviabilizava a obra do ponto de vista financeiro do Clube Alto dos Pinheiros.
“O objetivo era reduzir o peso da estrutura, deixando-a mais leve e barata. Sendo assim, o profissional nos orientou a alterar seu formato, por isso, chegamos à configuração dos arcos que, apesar de divergir da sede original, estabelece uma relação de respeito arquitetônico”, expõe Gyuricza.
Com a ajuda de softwares que indicavam onde a estrutura deveria ser fortalecida ou enrijecida, os arquitetos puderam reduzir a quantidade de aço de 150 toneladas para 40, ou seja, diminuíram-se 110 toneladas e, consequentemente, os custos para a realização da obra. “Desenhávamos a armação em linhas unifilares e repetíamos o processo por diversas vezes até encontramos uma forma interessante e ao mesmo tempo rígida. É como se criássemos uma sequência de gerações desse elemento, que vão se aprimorando até chegar ao resultado final”, conta Gyuricza sobre o método que ele denomina como busca estrutural.
A leveza da cobertura se deve à estrutura de aço tubular soldada, pintada de branco, sobre a qual, especificamente nas cumeeiras dos arcos, são fixadas as membranas translúcidas, componentes semelhantes ao tecido de uma camisa. “Na verdade, elas são uma tensoestrutura. Têm fibras nos dois sentidos e, quando tensionadas, não sofrem nenhuma deformação; pelo contrário, ganham rigidez. Sem contar a curvatura, essencial para definir esse tipo de modelo”, explica Márton Gyuricza, acrescentando que o cálculo estrutural ainda considerou as ações do vento e da chuva.
Pela característica do tecido translúcido, a cobertura funciona naturalmente como um filtro, que durante o dia ilumina a quadra poliesportiva e à noite tem o apoio dos holofotes. Além disso, através dos fechamentos verticais, chamados de triângulos de ventilação, foi instalado um tecido microperfurado pelo qual ocorre a saída do ar.
Outra particularidade importante do projeto arquitetônico do Ginásio - Clube Alto dos Pinheiros consiste na possibilidade de captar água da chuva a partir do pilar de concreto, cuja forma é comparada à junção de duas mãos pelo arquiteto Márton Gyuricza. “Ele recebe a água que desce pelo telhado e, no fundo do pilar, há um triângulo onde encontra-se o captador de água. Depois disso, o líquido é estocado na cisterna e reutilizado para o regadio das quadras de tênis”, esclarece.
Segundo Gabriel Reis, os pilares de concreto foram executados de maneira precisa para que, no momento da montagem da estrutura metálica, não surgisse nenhum tipo de desalinhamento.
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