Logo Construmarket
Banner

Arena Pantanal

Arena Pantanal
No campo, o concreto e o aço delineiam o estádio multiuso de arquitetura simples, mas com a importante função estrutural de suportar a enorme carga dinâmica de efusivos torcedores nas arquibancadas, que se expressam com cantos, gritos e incontáveis pulos. Imagens: Leonardo Finotti
Arena Pantanal
Arena Pantanal
Arena Pantanal
Arena Pantanal
Arena Pantanal
Arena Pantanal
Arena Pantanal
Arena Pantanal
Arena Pantanal
Arena Pantanal
Arena Pantanal
Arena Pantanal
Arena Pantanal
Arena Pantanal
Arena Pantanal
Arena Pantanal
Arena Pantanal
Arena Pantanal
Arena Pantanal
Arena Pantanal
Arena Pantanal
Arena Pantanal
Arena Pantanal
Arena Pantanal
Arena Pantanal
Arena Pantanal
Arena Pantanal
Arena Pantanal
Arena Pantanal
Arena Pantanal
Arena Pantanal

Jogo de peso

Texto: Tais Mello

Com investimento de aproximadamente R$ 520 milhões, o Estádio José Fragelli (Arena Pantanal) traz no projeto arquitetônico um complexo multiuso com instalações esportivas, culturais, educativas e de entretenimento combinadas a um design inédito e pouco usual. O escritório GCP Arquitetos quebra a tradição dos estádios com estruturas orgânicas e inteiriças e ousa ao apresentar uma planta retangular e dividida em quatro blocos independentes.

“Cuiabá é uma cidade extremamente quente. Ao pensar em um estádio desmembrável, separado por blocos, trocamos o tradicional layout das arquibancadas ao redor do gramado, inteiriço, por uma nova configuração em quatro módulos, com esquinas abertas, favoráveis à ventilação cruzada”, explica Sergio Coelho, autor do projeto. “Privilegiamos o conceito do tripé: legado, flexibilidade e responsabilidade socioambiental”, completa.

Legado

Tudo começou nos primórdios da obra, quando toda a estrutura foi pensada para ser um estádio A primeira questão era como viabilizar um equipamento sem que ele se tornasse um elefante branco? Sergio Coelho para a cidade de Cuiabá (MT) e não apenas para atender à Copa do Mundo de 2014. “A primeira questão era como viabilizar um equipamento sem que ele se tornasse um elefante branco? O que fazer com uma megaestrutura dessas no pós-copa?”, questiona Sergio.

Projetá-lo com capacidade para receber outros eventos e áreas de apoio – restaurante, museu de esporte e marquise –, estrutura flexível e a preocupação com o meio ambiente, por meio da recuperação de uma área degradada e da criação de um parque foi a resposta dada pelos profissionais.

A revitalização contabiliza cerca de 2.500 novas árvores plantadas e a perspectiva de transformar o lugar em um novo centro e destino turístico da cidade.

Arquibancadas removíveis

A Arena Pantanal é feita sob medida para a cidade de Cuiabá, e o fato de sediar quatro jogos da Copa de 2014 é apenas um detalhe. A mega capacidade para acomodar aproximadamente 43 mil e 600 espectadores poderá ser reduzida em até 15 mil assentos após o evento, dependendo da configuração desejada – um ajuste necessário à demanda real de público para eventos esportivos, culturais e de lazer. “Sendo multiuso, é possível realizar shows e espetáculos porque a infraestrutura permite, por exemplo, a entrada de um caminhão dentro do gramado. Todas as dimensões são preparadas para que se possa montar e desmontar o palco sem problema algum”, argumenta Sergio.

A flexibilidade para reduzir a capacidade de assentos, racionalizar e baratear a construção exigiu uma planta especial dos arquitetos da GCP, com arquibancadas e cobertura – 26 mil m², apoiada por quatro pórticos que vencem, respectivamente, vãos de 96 a 136 m – divididas em quatro módulos separados e idênticos, dois a dois: leste e oeste; norte e sul. A estratégia permite desmontar parcialmente esses elementos sem comprometer a integridade estrutural do estádio.

Para isso, as arquibancadas norte e sul – localizadas atrás do gol – foram projetadas em estrutura metálica montada com perfis aparafusados, permitindo serem desmontadas, e o melhor: reutilizadas em estádios menores ou outras construções culturais. Segundo Sergio, existe uma ideia do governo do Mato Grosso de que parte da Arena Pantanal torne-se um centro de convenções, a partir das áreas subutilizadas depois da copa, como os camarotes. As demais arquibancadas ostentam estrutura de concreto pré-moldado com modulação estrutural de 8 x 8 m.

As paredes foram revestidas com placas de aço corten e pontos de luz em LED Foto: Leonardo Finotti

Outras vantagens

Com o layout independente, a abertura dos cantos do estádio garante a visualização da área externa, além de integrar o projeto paisagístico da Praça. O resultado são os benefícios da ventilação cruzada.

Para o fechamento lateral foram projetados estrutura metálica para fixação e apoio de brises, Ao pensar em um estádio desmembrável, separado por blocos, trocamos o tradicional layout das arquibancadas ao redor do gramado, inteiriço, por uma nova configuração em quatro módulos, com esquinas abertas, favoráveis à ventilação cruzada”, Sergio Coelho também metálicos na base, e uma membrana em PVC perfurada que circunda o esqueleto de aço – quatro coberturas independentes com feixe de telhas de aço e vidro de policarbonato – sustentadas pelos quatro pórticos. Elas favorecem a ventilação nas costas da arquibancada, o sombreamento, vista do exterior e estética, dando unidade à edificação.

Até em algumas áreas do subsolo da garagem – com taludes e vãos abertos – há ventilação. “Localizada no nível do gramado, há aproximadamente 6 metros abaixo do nível de acesso da arena, projetamos espelhos d'água em alguns locais, conseguindo modificar o ar que atravessa o subsolo. A ventilação extra fará diferença principalmente no inverno, quando a temperatura continua muito alta e o ar é seco”, revela Sergio.

A exemplo dos modernos estádios construídos recentemente, a Arena é menor em planta e maior em verticalidade. Sério Coelho revela: “Com a nova configuração, é possível ficar mais próximo do palco e otimizar a acústica de um espetáculo, pois o PA (som para o público) não sofre com a reverberação e o eco no interior do estádio. Dentro do que a Fifa preconiza, a obra respeita a norma que exige a evacuação das pessoas do edifício em no máximo oito minutos, independentemente do ponto onde se esteja”.

Foco na sustentabilidade

Desde o início, o projeto tem a preocupação de atender aos parâmetros ambientalmente corretos e normativos para a certificação do LEED (Leadership in Energy and Environmental Design). O conceito estrutural simples, calcado no concreto e no aço, permitiu que o material construtivo fosse fornecido por empresas da região. A decisão favorece a sustentabilidade, pois evita o deslocamento, a queima excessiva de combustível e prioriza a compra em empresas locais. A mesma ótica é observada em outros conceitos arquitetônicos da obra, comprometidos com a conservação dos recursos naturais, principalmente relacionados à energia e água.

A arquitetura responsável também favorece os sistemas elétricos, de ar-condicionado e luminotécnica, todos projetados com tecnologia voltada à eficiência energética e, consequentemente, redução de, no mínimo, 12% no consumo de energia, além do reúso de água, por meio da captação de água pluvial, construção de uma Estação de Tratamento de Efluentes (ETE) e utilização do líquido para irrigar o campo de futebol. As medidas preveem uma redução aproximada de 40% no consumo de água. Para favorecer o conforto térmico, os arquitetos especificaram na pavimentação materiais que atenderão ao parâmetro LEED. O piso deverá ter SRI (Solar Reflectance Index) 29, de gradação mínima; e a cobertura, SRI 78. “A medida diminuirá as áreas de concentração térmica, conhecidas como ‘ilhas de calor’. Já em alguns trechos da fachada, vidros com Fator de Ganho Solar (SHGC-Solar Heat Gain Coefficient) de, no máximo, 0,48 filtram a luz externa e reduzem o calor nos ambientes internos”.

Espécies nativas

No paisagismo, a implantação de espécies nativas, oriundas da Mata do Cerrado e Amazônica – parte do bioma onde a cidade de Cuiabá está inserida – dispensará a necessidade de irrigação artificial. O projeto paisagístico é mais que um elemento estético ou bucólico, feito para o apreço visual. Ele tem a função de propiciar a ventilação e aumentar a umidade nas construções e em seu entorno.

No projeto de terraplanagem, a técnica de compensação entre corte e aterro eliminará a importação ou bota-fora de material de escavação, evitando o impacto ambiental acarretado por uma obra desse porte.

Escritório

  • Local: MT, Brasil
  • Início do projeto: 2010
  • Conclusão da obra: 2013
  • Área do terreno: 307.309 m²
  • Área construída: 77.044 m²

Ficha Técnica

Veja outros projetos relacionados