Para implantar a Fundação Instituto Fernando Henrique Cardoso (iFHC) – um think thank que nasce com a proposta de contribuir com a documentação política e disseminar conhecimento sobre o desenvolvimento da democracia no país – foi necessário realizar intervenções em quatro pisos do edifício CBI Esplanada. O prédio, projetado pelo arquiteto Lucjan Korngold, há mais de 60 anos, está situado em local de destaque no centro da cidade de São Paulo, junto ao Vale do Anhangabaú. O edifício foi tombado pelo CONPRESP no ano de 1992.
O projeto preserva o aspecto palaciano marcante dos estabelecimentos que tomavam conta dos espaços da cidade – a sede do tradicional Automóvel Clube do Brasil, no sexto pavimento, e um banco, localizado no nível debaixo, além de dois subsolos destinados ao acervo de documentos e objetos.
“Particularmente, o instituto foi muito feliz em escolher o Edifício CBI Esplanada. Trata-se de um exemplar de nossa arquitetura moderna com uma concepção estrutural arrojada e dimensões dos ambientes proporcionais e perfeitas às adaptações exigidas pelas novas tecnologias para os espaços de trabalhos de hoje”, conta o arquiteto Marcos Aldrighi.
A primeira etapa do projeto – entre os anos 2003 e 2004 – englobou a requalificação do andar que recebia o Automóvel Clube, além de dois subsolos – no total, uma área de 2,1 mil m².
“Considerando toda a história da instituição, que em meados da década de 1950 mobilizava muitas pessoas, seria um contrassenso não tirar proveito de toda a estrutura que dialogava com o lugar. A forte harmonia entre os materiais utilizados – como o lambril de madeira nas paredes do corredor que serpenteava o andar, o mobiliário e as luminárias – qualificava e dava identidade àquele ambiente. O bar do Automóvel Club que lá permaneceu é um exemplo disso”, afirma.
A escala palaciana norteou a remodelação do espaço, agora pensado para abrigar a área administrativa e os ambientes de representação do iFHC como a sala do ex-presidente, a biblioteca, as áreas operacionais e de pesquisa, as salas técnicas e um auditório para 75 pessoas, além do subsolo – um lugar para armazenar o acervo com documentos e objetos particulares de Fernando Henrique Cardoso.
Além da restauração de alguns elementos construtivos – como os caixilhos da fachada ou o lambril de madeira dos corredores –, o grande desafio do projeto era a adequação e o abrigo das novas instalações e tecnologias necessárias para o funcionamento de uma instituição que inaugurava o século 21 em um prédio / continente pensado com as técnicas de ponta disponíveis em meados do século passado.
“Como os acervos guardam documentos antigos, a climatização e o controle de umidade e temperatura eram fundamentais. Então, reunimos toda a infraestrutura necessária para que isso fosse atendido. Um sistema de ar-condicionado exclusivo foi necessário para equipar esses ambientes técnicos situados nos subsolos, além das áreas operacionais do 6º pavimento, uma vez que o edifício não dispunha dessa infraestrutura”, conta.
Outro aspecto levado em consideração foi a acústica, uma vez que o edifício situa-se em uma região que serve de palco para muitos eventos e manifestações. Essa necessidade foi atendida a partir de uma segunda pele de caixilho (interna) com propriedade específica de ser estanque aos ruídos externos.
Em 2009, existiu uma nova demanda de ocupação que permitiu exposições e reuniões públicas para o debate de assuntos correlacionados ao instituto. A comemoração dos 15 anos da implantação do Plano Real no Brasil seria o primeiro grande evento. Assim, o quinto andar foi o partido da vez.
“Diferente do padrão de ocupação do sexto andar, o uso do quinto pavimento pedia ambientes com flexibilidade para exposições com iluminação controlada e específica. A diretriz do projeto revelou / escancarou a estrutura de concreto precisa proposta por Korngold em 1948, tanto do ponto de vista das dimensões das peças estruturais – pilares, vigas e empenas – quanto da sua materialidade – a marcação das tábuas de madeira que desenham as superfícies do concreto cinza-claro antes revestidas por argamassa. Feito isso apenas foram adotados um piso frio com placas de granilite preto e um sistema de perfis metálicos fixado à laje existente, que servia de guia e suporte para os painéis das obras de arte, proporcionando a flexibilidade desejada para o espaço expositivo. Lâminas metálicas, como estatuto de forro vazado e transparente, contidas entre as grelhas formadas pelos perfis metálicos estruturais completam a intervenção da proposta. O andar abriga ainda salas de reunião e um pequeno escritório operacional de apoio aos eventos”, destaca Marcos Aldrighi.
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