O “corredor cultural” mais importante da cidade de São Paulo (SP) ganhou uma nova e imponente construção, o Sesc Avenida Paulista. Graças ao projeto de retrofit desenvolvido pelo escritório Königsberger Vannucchi, o prédio que abrigava a antiga administração central do Serviço Social do Comércio ganhou cara nova e mudou de função.
O antigo edifício havia sido projetado em 1970 por Sérgio Pileggi e Euclides de Oliveira. De 1978 a 2005, ele abrigou a sede administrativa do Sesc, e de 2005 a 2010 funcionou como unidade provisória da instituição, dividindo espaço com a FecomercioSP. Em 2011, começaram as obras que deram origem ao novo centro cultural.
O Sesc Avenida Paulista destaca-se por ser uma extensão da via e por sua ampla área de convivência, além da cobertura, do café e do mirante, de onde se tem uma bela vista da cidade e do famoso mural do arquiteto Oscar Niemeyer pintado por Eduardo Kobra.
Quando fomos convidados para iniciar este projeto, sabíamos que não seria uma unidade igual as outras, porque a parte esportiva não teria piscinas e quadras. Então, tudo foi voltado para a arte, a tecnologia e os cuidados com o corpo Gianfranco VannucchiAs portas, que antes eram alinhadas à avenida, foram recuadas de forma que a entrada ficou maior, e a calçada, mais livre e larga para que os pedestres possam caminhar tranquilamente, inclusive aos domingos, quando a Av. Paulista está fechada para veículos, e o fluxo é mais intenso.
O térreo, onde está a recepção e o acesso aos demais andares por meio de elevadores e escadas rolantes, é uma grande caixa de vidro. Já o auditório, ao fundo, virou um cubo transparente dentro desse espaço quadriculado e envidraçado. Um sistema de cortinas envolve a área e permite que o visitante desfrute de um espetáculo mais intimista e reservado. É no térreo que fica a única obra de arte que foi mantida do antigo projeto, um mural pintado pelo artista plástico Ricardo Vivas.
As escadas conectam os visitantes à cidade, pois ficam ao lado da fachada de vidro. A pele de vidro que envolve a volumetria permite ao usuário visualizar o que acontece nas salas.
O programa da nova unidade paulistana do Sesc foi disposto de forma flexível e organizado em 17 pavimentos, com três auditórios; salas para oficinas, ensaios e ginástica; academia de última geração; áreas para exposições, além dos tradicionais café, restaurante e lojas. “Quando fomos convidados para iniciar este projeto, sabíamos que não seria uma unidade igual as outras, porque a parte esportiva não teria piscinas e quadras. Então, tudo foi voltado para a arte, a tecnologia e os cuidados com o corpo”, conta Gianfranco Vannucchi.
O primeiro pavimento – o mezanino – recebeu um camarim coletivo, sala de controle da sonorização e iluminação, sala CFTV e áreas técnicas para controle do ar-condicionado, da parte elétrica e da automação.
As centrais de relacionamento e atendimento geral ficam no segundo andar, onde também estão a copa e a famosa loja do Sesc. Há também uma parte externa, onde os visitantes podem relaxar numa aconchegante área de convivência formada por dois lounges com bancos, colchonetes e floreiras.
O público infantil ganhou um cantinho especial para bagunçar, brincar e aprender – o ambiente recebeu uma boa acústica para que o barulho não se dissipe para os outros espaços. Chamada de “Espaço Criança”, a sala foi implantada no terceiro pavimento e conta com fraldário e lactário.
O quarto andar tem três salas reservadas para oficinas. Nelas, são ministrados cursos de tecnologia e artes. Com paredes retráteis e piso de madeira cumaru, os ambientes podem se tornar um só, virando uma sala gigante.
Os pavimentos cinco, seis, 13 e 14 recebem as exposições de arte. Neles, também há camarins coletivos para os artistas e uma sala com os sistemas cenotécnicos.
O mirante é um sucesso! Todo mundo que sobe lá fica encantado com a vista. Como está numa posição em que a Paulista faz uma curva, é como se estivesse no meio da avenida e não na lateral Gianfranco VannucchiO sétimo andar é exclusivo para a área técnica, com depósitos, oficinas de manutenção e um local para os colaboradores do Sesc descansarem. O oitavo é dedicado à saúde, com sete consultórios odontológicos. Já no nono fica o departamento administrativo.
Os pavimentos 10, 11 e 12 são dedicados aos cuidados com o corpo, com salas de ioga e pilates, academia de última geração, além de vestiários feminino e masculino.
A biblioteca está no 15° andar. E a comedoria, no 16°. Subindo um pavimento encontra-se o charmoso café, que dá acesso ao terraço e ao mirante. “O mirante é um sucesso! Todo mundo que sobe lá fica encantado com a vista. Como está numa posição em que a Paulista faz uma curva, é como se estivesse no meio da avenida e não na lateral”, comenta Vannucchi.
Além disso, o edifício também dispõe de uma garagem que comporta 61 veículos, um bicicletário com 43 vagas, áreas de serviços (lavanderia, depósitos, reservatórios para água potável etc.) distribuídas em dois subsolos e dois áticos, onde ficam a casa de máquinas, as caixas d'água e os barriletes.
O projeto aplica novas tecnologias de modo arrojado, flexível e com infraestrutura relativamente simples. São três tipos de tecnologia para transmissão de áudio e vídeo integradas, com custo baixo e pouco impacto ao meio ambiente: a rede de áudio DANTE, a rede de áudio e vídeo HDBASET e a rede de dados para vídeo SDVOE, instalada pela primeira vez no Brasil.
O sistema de comunicação digital possibilita a transmissão de toda a programação desta e de outras unidades em todos os pavimentos, permite realizar projeções nas paredes e transmitir shows realizados no térreo, no café da unidade. O sinal digital disposto pelo Sesc elimina eventuais interferências da Avenida Paulista. São seis monitores de 55’’ voltados para a rua
Os sistemas têm capacidade para vídeos com 4K em 10 km de fibra óptica, 128 canais de áudio digital com 40 microfones e um sistema de som Clair Brothers com 24 minicomputadores auxiliando na comunicação digital.
As aberturas laterais e frontais dos terraços proporcionam ventilação cruzada e renovação de ar, o que evita o superaquecimento das coberturas e, consequentemente, dos ambientes internos. O sistema Spyder, aplicado na empena lateral, é composto de vidro laminado temperado; os caixilhos voltados para os terraços são de alumínio anodizado cor inox e vidros low-e de baixa emissividade, que apresentam excelente isolamento térmico, apesar da alta transmissão de luz.
As fachadas têm painéis de zinco composto e caixilhos de alumínio anodizado na cor inox e vidros de controle solar com baixa reflexão que reduzem em até 50% a entrada de calor nos ambientes internos. O arquiteto revela que teve algumas dificuldades na parte estrutural. “Ela não aguentaria muito “desaforo”, então, quando tiramos a caixilharia existente tivemos de substituí-la por algum elemento leve. Por isso, trabalhamos nas duas fachadas com um sanduíche de gesso com fibra de vidro, material que parece um alumínio composto, mas na verdade é zinco”.
Foram especificados dimmers individuais – dispositivos que permitem regular a intensidade do brilho da iluminação – para as lâmpadas halógenas, descentralizando a alimentação dos circuitos elétricos e aumentando as possibilidades de posicionamento dos refletores.
A transmissão de sinal DMX para o comando do sistema de iluminação cênica se dá por meio de rede ethernet, ampliando as formas de controle e endereçamento dos equipamentos. Os motores de suspensão de grids também têm controle individual e automatizado, otimizando a movimentação das grelhas para fixação de cenários e refletores.
Há uma ampla utilização de equipamentos de iluminação com fonte de LED, inclusive nas áreas de exposição, proporcionando sustentabilidade no gerenciamento dos recursos energéticos e mais recursos para uso dos equipamentos, com excelente reprodução de cores. Além disso, foram adotados padrões internacionais nas áreas de protocolos digitais e conectividade dos sistemas, podendo ser comparado aos melhores espaços do mundo voltados para exposições de arte, eventos e espetáculos.
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