No cruzamento das ruas Natingui com a Macunis, tendo como vizinhos os bairros da Vila Mariana, Vila Madalena e Pinheiros, em São Paulo, um grande jardim vertical toma conta da fachada da moderna construção. O projeto arquitetônico do Aigai Spa, do arquiteto Mario Figueroa, tira partido do terreno singular, localizado em uma esquina, composto por uma grande faixa frontal com cinco metros de altura somada a uma área posterior de fundo.
Basicamente o verde e a água organizam o projeto Mário Figueroa“Para quem vê de fora, existe a sensação de o edifício ser maior do que realmente é. Em primeiro lugar, isso acontece por causa da fachada verde. Também é resultado de uma sequência de pátios existentes entre o prédio e essa frente”, revela Mário Figueroa.
O muro verde, projetado pela paisagista Talita Buchier, representa uma mediação interessante entre a calçada e o jardim, pois transforma o recuo em uma inspiradora faixa de vegetação, tanto para o spa quanto para a cidade. Um oásis urbano e natural que conduz não só à natureza, mas a um lugar de repouso e proteção, feito para concentrar no relaxamento e dar ao corpo e à mente a oportunidade de se desconectarem.
Toda a construção se organiza a partir dos pátios internos. Integrados às salas por um vidro, oferecem a vantagem de quase duplicar a espacialidade das salas. “Alguns pátios são verdes, pois incorporam árvores que faziam parte da vegetação existente; outros, são pátios de água, por trazerem esse elemento representado em espelhos d'água. Assim, basicamente o verde e a água organizam o projeto”, explica o arquiteto.
Segundo Mário Figueroa, a interpretação e projeção dos pátios surgiu a partir de uma imagem trazida pela proprietária de uma caverna com um lago interno. Uma área de pedra e água que inspirava silêncio e proteção, além de sentimentos de otimismo e experimentação sensorial.
Outra peculiaridade no projeto é o fato de nenhum desses pátios ser igual ao outro – cada um possui uma relação específica ao tipo de tratamento e de característica impressa nas salas. No volume superior, o maior de todos os pátios abre-se sobre a piscina, que ocupa quase a totalidade da lateral. “Neste ambiente é muito agradável deitar-se e aproveitar o calor do sol, admirar o céu e as nuvens... Isso nos remete a um relógio solar, afinal, dentro de um edifício com pátio é possível acompanhar o passar do dia, ver a sombra mudando e deslocando-se. É uma situação interessante”, comenta Figueroa.
No Aigai Spa, a luz natural predominantemente vem de cima. Apenas em alguns pontos específicos ela é lateral. Esta condição permite aos usuários do espaço observar a mudança da luz de maneira muito distinta. As salas pela manhã ou à tarde apresentam luzes diferentes, que atribuem a cada um dos espaços de tratamento virtudes e potencialidades únicas, em horários diversos.
Para tirar partido das forças da natureza – a luz e o vento, no inverno ou no verão – o arquiteto estabeleceu uma relação direta e franca com o meio ambiente. Ele atende às condicionantes do projeto, mas tira o máximo de proveito da insolação e, consequentemente, da economia energética propiciada e até da vegetação existente na vizinhança. “Tentamos nos aproveitar um pouco disso: das árvores da rua, incorporando-as nas visuais do projeto”, confessa Figueroa.
O muxarabi acaba amarrando um pouco a linguagem arquitetônica Mário FigueroaConcreto, vegetação e água são, resumidamente, os três elementos principais da edificação. O edifício possibilita o reuso de todas as águas, com exceção das de tratamentos feitos com produtos químicos, como o shampoo.
O concreto está presente no volume maciço sobre o edifício, que quase flutua pela fachada verde. Sobre esse bloco uma pele de madeira solta reveste a superfície como se fosse um muxarabi. “Na realidade, a trama expõe quadrados que geram essa pele e imprimem a sensação de que ela flutua. A solução repete-se em outros setores, como o forro e a área externa da piscina. O muxarabi acaba amarrando um pouco a linguagem arquitetônica”.
Essa organização especial das salas gera a possibilidade de cada ambiente ter um pátio próprio. “O projeto é otimizado, sem apresentar sobras, pois tudo tem um uso e é aproveitado visualmente”, conclui.
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