O projeto do Complexo Multiuso, do escritório FGMF Arquitetura, cria uma nova referência de arquitetura para a zona industrial de Brasília. Ao agregar três diferentes usos – serviços, comércio e escritórios modulares – em um lote de 32.000 m², o empreendimento promete ser um marco na paisagem, valorizando o entorno e estabelecendo um novo destino comercial. “Esta relação acontece por meio de espaços públicos generosos e abertos, permeabilidade visual, altura reduzida Projetamos uma construção atraente e aberta para a via local, isolada do barulho da via expressa, capaz de atrair pedestres e motoristas para conhecer a praça abraçada pelo edifício Fernando Forte da construção e fragmentação do programa”, revela o arquiteto Fernando Forte.
Como premissa, houve a contraposição ao entorno, que é caracterizado essencialmente como uma área industrial. O desenho arrojado enfatiza áreas públicas e privadas, que são os elementos estruturadores da proposta. “Projetamos uma construção atraente e aberta para a via local, isolada do barulho da via expressa, capaz de atrair pedestres e motoristas para conhecer a praça abraçada pelo edifício”, explica Fernando.
Na proposta arquitetônica – em vez de torres estanques há uma sobreposição de ‘camadas’ de diferentes naturezas –, a geografia do edifício é determinada pelas diversas funções agregadas e pela configuração da praça central. O complexo usufruirá de um sistema gradual de permeabilidade em torno de lojas e espaços de estar ao potencializar o fluxo de pessoas.
Com formato em U, a construção é organizada em quatro pavimentos divididos por usos. No térreo semienterrado está localizada a área comercial, que propõe uma relação natural com a atraente praça central – linear e integrada ao conjunto –, para onde convergem cafés, lojas, restaurantes e sorveterias.
“Patamares, pilotis, espelhos d’água e áreas verdes criam uma diversidade espacial propícia a diversas atividades. As lojas âncoras e as do lado Leste, mais próximas à praça, poderão ser focadas no público de perfil popular, uma vez que o deslocamento entre o transporte público e a via local é favorecido”, declara Fernando.
Já as lojas ao Sul e Oeste atenderão a usuários e visitantes do próprio complexo, além de atender a pessoas de fora que tenham essas lojas como destino final. No perímetro externo, voltado aos recuos e sem circulação de pedestres, ficam escritórios com varanda coberta e jardim privativo, além de seis portarias, também integradas à praça e às lojas, permitindo o acesso controlado aos elevadores que levam aos andares corporativos e de escritórios.
O primeiro andar destaca-se como um objeto sólido sobre o térreo. Nele situam-se espaços Conseguimos a melhor proporção do volume construído em relação ao espaço aberto no térreo, que ganha bastante destaque Rodrigo Marcondes Ferraz corporativos organizados de maneira linear em uma grande laje de 16.515 m², com um mezanino de 2.629 m². “A planta flexível permite a locação tanto para uma única empresa quanto para várias, com necessidades distintas”, explica Fernando.
Nesta plataforma serão apoiados os edifícios de escritório e uma incrível praça suspensa, com uso corporativo exclusivo. O espaço reunirá área externa para almoço e descanso dos funcionários, local de descompressão e até pérgulas para reuniões informais em dias agradáveis.
Caracterizados por conjuntos pequenos e médios, os edifícios de escritórios demandaram boa iluminação e ventilação, por isso os arquitetos projetaram fitas esbeltas com duas fachadas e circulação central. Cada volume tem uma distância média entre eles de 10 a 12 m. Uma parte dos escritórios é voltada para ‘fora’, ou seja, para a praça central e para os limites do terreno; os demais são voltados para ‘dentro’, um jardim suspenso acompanha as duas fitas, abrindo-se aqui e acolá para uma agradável e dinâmica paisagem.
A solução dá origem a um corredor verde que se alarga nas pontas do edifício, mostrando um grande jardim contínuo privativo dos conjuntos. “Os andares dispõem de conjuntos modulares de vários tamanhos, com e sem jardim ou mezanino. Essa flexibilidade permite acomodar empresas e profissionais e ainda favorece a liquidez do empreendimento”, reflete Rodrigo Marcondes Ferraz.
Estão localizados na cobertura espaços de lazer como academia, escolas de música ou idiomas, restaurantes exclusivos – diferentes dos oferecidos na praça de alimentação, no térreo – e auditórios e espaços culturais de grandes empresas. “A criação desse pavimento só foi possível porque lançou-se mão de uma brecha da legislação, respeitando os usos de lazer e cultura até o limite de 40% da cobertura com áreas computáveis”, lembra Fernando.
Mesmo as áreas fechadas são cercadas de varandas cobertas e jardins descobertos. Elas oferecem a vantagem de uso com extensão do horário padrão, atraindo usuários de fora do complexo. Rodrigo destaca a importância de utilizar a cobertura: “Conseguimos a melhor proporção do volume construído em relação ao espaço aberto no térreo, que no projeto ganha bastante destaque”.
Ao olhar para o todo, vê-se uma eco-construção com caminhos avarandados, espaços sombreados pelas edificações e vegetações e terraços abertos associados a lajes repletas de jardins, revelados pela rotação dos escritórios envidraçados. Fernando resume: “Trata-se de um edifício democrático, convidativo, que desperta o interesse de quem passa”.
A grande incidência de verde nas praças privativas arborizadas favorece uma intensa ventilação natural. Para controlar a incidência de ar, telas no padrão colmeia funcionam como brises e mantêm a privacidade dos ambientes corporativos. Mas não é só isso. Os brises acabam incorporando outro atributo ao edifício, que passa a ser translúcido tanto em seu interior quanto no exterior, por meio de um interessante jogo de luz e sombra.
Os espelhos d’água ultrapassam a função de meros elementos paisagísticos. Eles refletem a luz natural para dentro do edifício e auxiliam no controle térmico e de umidade por meio da evaporação. “O resultado é a melhora da umidade e do resfriamento do ar, com maior controle de temperatura, e o aumento da luminosidade, em função da capacidade de reflexão”, expõe o arquiteto Lourenço Gimenes. Outro recurso utilizado para incrementar a ventilação e a umidade são as turbinas e os aspiradores de água fria. O projeto recebeu menção na categoria edifícios de serviços no Prêmio Asbea 2012.
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