Projetada pelo FGMF Arquitetos, a Casa Subtração, localizada no condomínio Quinta da Baroneza, em Bragança Paulista (interior de São Paulo), tem entre suas características mais marcantes a presença de vazios como elemento articulador.
Esses vazios foram abertos nos planos horizontais (lajes), desencontrados entre si e associados a escadas. Decorre deles, inclusive, o nome do projeto, pois, depois que o desenho estava pronto, os arquitetos foram ‘subtraindo’, abrindo buracos nas lajes. “O desafio era fazer um programa convencional assumir uma aparência não ordinária”, menciona o arquiteto Lourenço Gimenes, um dos autores do projeto.
Os recortes minuciosamente criados dão origem a uma multiplicidade de vistas e favorecem a integração de ambientes como sala, piscina e até jardim da garagem, que fica no subsolo. “A ideia de criar uma casa que pudesse usufruir de uma paisagem externa, mas que também pudesse criar suas próprias paisagens internas está no cerne da nossa proposta”, avalia Gimenes.
Os vazios também registram a passagem do tempo, através da tonalidade do sol que penetra pelos vãos, do horário do dia, da mudança das sombras no chão. “A casa se transforma com o passar do tempo de uma maneira bastante poética”, afirma o arquiteto.
A ideia de criar uma casa que pudesse usufruir de uma paisagem externa, mas que também pudesse criar suas próprias paisagens internas está no cerne da nossa proposta Lourenço Gimenes
Com 3.106 m², o lote escolhido é quadrado, com leve aclive e generosa vista. Como a futura construção de residências ao redor poderia comprometer boa parte dos visuais, os arquitetos decidiram escavar o terreno na sua faixa central, criando-se um subsolo com pátio iluminado, garagem e jardim no nível da rua, elevando-se a casa em relação ao solo.
O nível intermediário é o principal e abriga todo o programa, como dormitórios, sala de estar, cozinha, terraço e piscina. O nível superior, por sua vez, abriga a cobertura, que pode ser acessada a partir de uma escada nos fundos do terreno, e onde fica um mirante.
A laje de piso e a de cobertura formam dois planos de concreto aparente que, paralelos, delimitam o espaço onde se distribui o programa. Nele, a maior parte dos ambientes está integrada a terraços externos, com exceção dos quartos e banheiros que, tendo as aberturas voltadas para fora, são como pequenas caixas brancas encaixadas entre as lajes.
Já a circulação da casa acontece de uma maneira bem interessante, uma vez que não há corredores e eixos de circulação vertical muito definidos. “É tudo distribuído de uma forma quase orgânica”, opina Gimenes.
“Um material preponderante na obra é o concreto aparente, que é o elemento estrutural das duas grandes lajes e dos pilares que sustentam essas lajes”, conta Rodrigo Marcondes Ferraz, também arquiteto no FGMF. O material também foi usado no piso e nas passarelas externas.
“Onde tinha que ter paredes optamos por fazer brancas, bem puras e modernistas, até contrastando com uma certa liberdade de traços nos recortes dos vazios. A piscina foi feita com uma pedra branca e encrustada no terreno, voltada para a melhor vista”, descreve Fernando Forte, arquiteto e sócio do escritório.
Na cobertura, foram usados rachões, um tipo de brita grande. “Ficou uma coisa meio árida, bem diferente do usual”, avalia Forte.
A sala se integra com o terraço por meio de grandes caixilhos de vidro, os quais, quando recolhidos, tornam imperceptível o limite entre dentro e fora. “A arquitetura é um meio de suporte para a aeração, e a casa não tem fronteiras claras entre interior e exterior, o que é sempre uma grande preocupação em nossos projetos”, conclui Gimenes.
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