Texto: Naíza Ximenes
Uma casa mimetizada no terreno e que quase some no horizonte dependendo do ângulo pelo qual se observa. Assim é a Casa Colina, projetada pelo escritório de arquitetura FGMF.
Ao se deparar com o declive considerável do terreno, o trio de arquitetos que comanda o escritório optou por utilizar essa característica a favor do projeto, ao invés de neutralizá-la. O resultado foi uma casa de impacto mínimo, em um espaço que parece intocado, com um extenso jardim na rampa sobre a morada.
As primeiras considerações sobre o lote de 810 metros quadrados, situado em Porto Feliz, no interior de São Paulo, definiram alguns critérios para o projeto. Por ser de esquina, era necessário criar uma estratégia que garantisse a privacidade dos moradores.
Além disso, o formato quadrangular do terreno permitia uma construção mais perimetral e a criação de um pátio interno no projeto.
A aposta foi em uma casa predominantemente térrea, no formato de “U”. As construções em alvenaria se conectam e se voltam para o interior, como se a casa fosse uma grande varanda para o pátio. “Nós criamos um pátio semi-interno, rebaixado em relação à rua, que garante privacidade sem perder a relação com as áreas externas”, explica o escritório.
A partir da entrada, há duas opções: virar à direita e acessar a ala privativa, onde ficam as suítes de hóspedes, ou seguir reto e acessar a ala social, formada por sala de estar, sala de jantar, cozinha, área gourmet e piscina. O formato da construção permite contato visual entre todos os ambientes térreos da Casa Colina, tamanha integração.
Toda a estrutura é coberta por uma laje sobre a alvenaria, que se tornou um dos destaques do projeto. Isso porque ela começa em uma altura comum, em uma das extremidades, e inclina-se como uma rampa até unir-se ao chão, na outra extremidade.
Essa cobertura foi completamente preenchida por grama, que, além de criar um jardim, mimetiza toda a obra no terreno, ou seja, camufla a casa ao ponto de ela quase sumir, dependendo do ângulo em que é observada.
Sobre a laje superior, há, ainda, um outro diferencial: o volume onde fica a suíte principal. Ele ganhou grandes portas camarão, que se abrem 180° em direção ao pátio central, e permitem uma grande visibilidade do entorno. Essa estrutura, inclusive, é a única visível a uma certa distância do terreno.
A diferença entre os setores da casa é reforçada pelo tipo de material utilizado em cada espaço. Partindo do bloco onde ficam os quartos, a escolha foi por um painel ripado de madeira nas paredes, que também atua como venezianas nos quartos.
Quando abertas, as portas camarão com 100% de abertura integram interior e exterior da casa. Quando fechadas, delimitam todo o bloco destinado a acomodações.
A transição para a área social, por sua vez, é toda envidraçada, com vãos generosos e pensados para garantir a ventilação cruzada do projeto. As portas de vidro de correr possuem abertura de nove metros e completam o visual clean e contemporâneo do interior. A sustentação da estrutura através de pilares metálicos finos na cor preta completa a estética.
A paleta de cores é bem sóbria e neutra, com revestimentos majoritariamente cinzas e mobiliário que varia entre cinza, preto, branco e madeira. O porcelanato usado no piso da área social é o mesmo da área de lazer, conectando os ambientes.
Já a área de lazer é dividida entre área gourmet e piscina com solário, um pouco mais ao centro. O solário fica em um deck de madeira que contorna a piscina, cujo revestimento (a pedra mineira) foi escolhido para proporcionar um aspecto ainda mais natural ao projeto. Há uma parte da piscina que fica embaixo da rampa, protegida do sol.
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