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Arena Pernambuco

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Design, sustentabilidade e tecnologia sustentam o projeto da Arena Pernambuco. O complexo é totalmente integrado ao entorno e comprometido com a economia de recursos ambientais. Por Fernandes Arquitetos Associados. Imagens: Divulgação Fernandes Arquitetos Associados
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Estádio camaleão

Texto: Tais Mello

A capacidade de acomodar 46 mil torcedores sentados – em uma área de 24 mil m² –, distribuídos em arquibancadas, 102 camarotes e cadeiras especiais durante os cinco jogos da Copa do Mundo da FIFA, em 2014, parecerá pequena se comparada a toda infraestrutura proporcionada pela Arena Pernambuco. O projeto, cujas obras estão a cargo do Consórcio Arena Pernambuco (Odebrecht Participações e Investimentos e Odebrecht Infraestrutura), está na fase final e prevê a longo prazo – conclusão para 2025 – uma verdadeira ‘Cidade da Copa’ no entorno do estádio, com área de mais de 250 hectares. A primeira do gênero na América Latina.

Localizado na Região Metropolitana do Recife, em São Lourenço da Mata, o estádio ficará longe da O desafio do projeto é criar uma edificação totalmente integrada ao meio ambiente natural; posteriormente harmonizada com o futuro desenvolvimento urbano previsto para a região Daniel Fernandes malha urbana e trará com ele o desenvolvimento. Hotéis, centros de convenções, museu, cinemas, teatro, arena indoor, campus universitário, centros comerciais, edifícios empresariais e residenciais, praças de alimentação, restaurantes, shopping center e um parque ecológico de 600 mil m² com preservação da mata nativa fazem parte do projeto. O objetivo é fomentar um novo centro urbano e econômico, onde a Arena está sendo construída, a zona Oeste. Tudo isso com foco na qualidade de vida e segurança. “O estádio também é referência em sustentabilidade. O desafio do projeto é criar uma edificação totalmente integrada ao meio ambiente natural; posteriormente harmonizada com o futuro desenvolvimento urbano previsto para a região”, declara Daniel Fernandes, do escritório Fernandes Arquitetos Associados. Para isso, a edificação se adapta e tira partido da topografia em elevação, mais baixa que os morros existentes no entorno.

Gigante camuflado

A ideia é olhar para o estádio e ter a sensação de que ele surge naturalmente do solo e não de algo artificial e edificado. Ao contrário dos grandes volumes e dimensões de estádios desse porte, têm-se uma arena mais baixa e inclinada, com uma grande praça circular facilitadora do acesso e da dispersão do público. A geometria ascendente do fechamento externo também estabelece uma nova relação entre as pessoas e as futuras edificações. “A nova configuração suaviza o impacto grandioso da obra”, resume Fernandes.

O projeto tem a Parceria Público Privada (PPP) entre Governo de Pernambuco e Consórcio Arena Pernambuco (Odebrecht Participações e Investimentos e a Odebrecht Infraestrutura, uma Sociedade de Propósito Específico para a construção, manutenção e operação da arena) que contará com a AEG, líder mundial em eventos de esporte e entretenimento, como promotora de eventos.

Potencialidade e multiuso

A sofisticada obra tomará 128 mil m² de área nos moldes das arenas e estádios europeus, sendo projetada para ser um espaço multiuso. “Logo que a Copa acabar, sua estrutura poderá ser adaptada para abrigar shows, convenções, feiras e outros eventos esportivos”, revela Daniel. Isso só será possível porque estão previstos sala de conferências, auditório para 420 pessoas e salão de imprensa.

Toda a cobertura é feita em estrutura metálica que proporcionará ao expectador conforto termoacústico. O estacionamento possui 4.700 vagas, sendo 200 destinadas a ônibus. Seguindo as normas da FIFA, a evacuação de todo o público, para as áreas de segurança, levará apenas 8 minutos.

Design, sustentabilidade e tecnologia sustentam o projeto da Arena Pernambuco, totalmente integrada ao entorno e comprometida com a economia de recursos ambientais Foto: Fernandes Arquitetos Associados

Cobertura em aço

A cobertura proporciona conforto aos espectadores e melhor condição para as áreas de transmissão, Logo que a Copa acabar, sua estrutura poderá ser adaptada para abrigar shows, convenções, feiras e outros eventos esportivos Daniel Fernandes imprensa e setores VIP. Sua sustentação é composta por uma estrutura espacial em aço, com fechamento superior formado por dois trechos distintos: o anel externo e o interno. O primeiro é fechado com telhas termoacústicas responsáveis pelo sombreamento e proteção contra chuvas. O segundo exibe fechamento em vidro, o que evita grandes áreas de sombra no gramado, que prejudicaria a saúde da grama e a transmissão dos jogos pela televisão.

Mesmo grandiosa, a estrutura inspira leveza. Um dos motivos é o fato de a parte inferior ser parcialmente fechada com telhas metálicas perfuradas. Eventuais manutenções em telões, caixas de som, refletores de iluminação do campo e luminárias para as arquibancadas serão facilitadas por passarelas técnicas localizadas na cobertura.

O concreto é o destaque entres os acabamentos. Presente na estrutura principal da arena, ele é aparente nas arquibancadas, escadas, paredes, nos pisos e acessos numerados. Apenas nas áreas vip o material cede espaço a painéis de laminado melamínico, pastilhas cerâmicas, argamassa texturizada, pisos autonivelantes em poliuretano e forros acústicos.

A mágica da tecnologia

A Arena Pernambuco poderá mudar de cor de acordo com a operação. Estão previstas cores neutras (durante o período do dia), além de outros tons (para os jogos noturnos). A tecnologia será a mesma utilizada no Allianz Arena, em Munique, estádio que recebeu a abertura da Copa 2006. Ela possibilita a personalização do equipamento, seguindo as cores dos clubes mandantes ou temas de outros eventos. O Etileno Tetrafluoretileno (ETFE) é o responsável pela mágica. Usado no fechamento lateral, une forma e função. Semitransparente, ele permite um diálogo constante entre áreas internas e externas, além de controlar a iluminação e ventilação natural de acordo com diferentes usos sob a pele. O arquiteto Daniel explica que é possível combinar tipos de filme transparente e opaco, padrões de serigrafia aplicados a eles. “Isso ameniza os efeitos de ganho de calor pela superfície do fechamento”, complementa. O uso do ETFE, associado às aberturas, favorece a ventilação natural e, consequentemente, ajuda no controle da temperatura interna.

Sustentabilidade

Ao buscar o certificado de sustentabilidade LEED, concedido pelo Green Building Council (GBC), a Arena tem forte preocupação com o meio ambiente. Estão previstos diversos itens como sistemas de reaproveitamento de águas pluviais e de aquecimento de água por meio de coletores solares instalados na cobertura; utilização de equipamentos e dispositivos economizadores de água em todos os sanitários e vestiários; painéis fotovoltaicos para geração de energia solar; materiais recicláveis, a exemplo do filme de ETFE presente no fechamento lateral, aproveitamento da iluminação e ventilação naturais.

Para otimizar os recursos naturais, quase metade do terreno será reservada a parques públicos e espaços abertos e verdes, tirando partido da localização às margens do Rio Capibaribe. Todas as espécies vegetais utilizadas são adaptadas ao clima e regime de chuvas locais, por isso dispensam sistema de irrigação e contribuem para a redução no consumo de água. A área do estádio foi planejada para ser percorrida a pé ou de bicicleta.

Gramado drenante

A grama Bermuda – de folhas estreitas e cor verde intenso – foi a escolhida para cobrir o gramado por ser uma espécie propícia a atividades esportivas e clima quente, como o do estado de Pernambuco. Resistente ao pisoteio e a pragas, ela também oferece rápida recuperação após uma partida de futebol, por exemplo.

O sistema de drenagem é o colchão drenante composto de brita, que reterá parte da água. Como auxílio, um topsoil à base de areia e matéria orgânica cria uma camada onde acontecerá o desenvolvimento das raízes da Bermuda, que também irá colaborar na absorção da água. Para a drenagem superficial, tubos perfurados no formato ‘espinha de peixe’ irão escoar a água por gravidade, mas com a ajuda da automação.

Escritório

  • Local: PE, Brasil
  • Início do projeto: 2010
  • Conclusão da obra: 2013
  • Área construída: 136.000 m²

Ficha Técnica

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