O escritório Fernandes / Arquitetos Associados projetou o Aeroporto Internacional de Nacala com uma base aérea já implantada. “Existia um potencial futuro relativamente grande, por exemplo, na ligação do sul da África com a Ásia. É um aeroporto que inicialmente está operando com capacidade restrita, mas que tende a aumentar bastante nos próximos cinco, dez anos”, explica o arquiteto responsável Daniel Hopf Fernandes.
O projeto foi desenvolvido para pousos de aeronaves Boing 747 – com pista de 3100 metros de comprimento – e tem capacidade para 1 milhão de passageiros por ano. Por isso, a pista pré-existente foi reformada e ampliada.
Projetado para ser o segundo maior aeroporto de Moçambique, o empreendimento funciona como ponto de rota estratégico e grande gerador econômico para a região. “Esse tipo de investimento tem um impacto, acho que até psicológico na cultura e na população. Mesmo com o baixo orçamento, era desejo enorme do cliente, e do país, ter a melhor infraestrutura possível, por isso a responsabilidade era muito grande”, ressalta o arquiteto.
A inspiração do Aeroporto Internacional de Nacala surgiu com base em uma série de referências locais. “A carga regional é muito forte. Tivemos algumas referências como a aviação em si, a questão da tecnologia, da fluidez. Tem de tudo um pouco, mas não existe um único suporte”, conclui Fernandes.
O projeto inclui, não só o terminal, como também todas as áreas necessárias para oferecer um bom nível de serviços aos passageiros. “A projeção sofreu uma série de modificações. Hoje o empreendimento está com seus 26 mil metros quadrados, mas chegou a ter 11, 12. Tinha uma dimensão inicial e foi aumentando naturalmente devido à implantação de algumas funções, áreas e circulações”, destaca o arquiteto.
A base do aeroporto divide-se em dois níveis. O embarque é realizado no nível superior e o desembarque no inferior – através de um acesso com uma rua elevada. De acordo com Daniel, os fluxos são bastante distintos. “Temos o mesmo nível funcionando como coração central, que é a parte do check-in. Em um lado temos o embarque e no outro, o desembarque. Todo mundo se encontra na chegada e na saída”.
A parte elevada do Aeroporto é o mezanino, que abriga as áreas comerciais, área administrativa e algumas áreas operacionais. Por conta da ventilação e das questões climáticas, o pé-direito é mais alto. Uma distância considerável separa o pátio de aeronaves da linha pré-estabelecida para embarque, possibilitando uma futura ampliação.
Industrializar os materiais utilizados foi uma solução econômica e viável, devido à escassez de mão de obra. Por isso, a estrutura predominante é a metálica. “Ela pôde ser embarcada, pré-fabricada e industrializada. Conseguimos transportá-la em containers e montá-la com mais agilidade”, disse Fernandes. Outro recurso utilizado foi a implantação de uma cobertura curva na entrada principal do aeroporto. Ela vence grandes vãos, valoriza e dá amplitude à edificação térrea.
A escolha dos materiais foi criteriosa e teve por objetivo facilitar o trabalho dos profissionais. “Tentamos achar materiais universais. Utilizamos itens metálicos e forros acústicos comuns em qualquer lugar. Também aplicamos porcelanato cerâmico e revestimentos com pedra local”, detalha o arquiteto.
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