Texto: Naíza Ximenes
Primeiro país das Américas e sétimo país do mundo a receber o Roca Gallery, o Brasil abriu suas portas para este importante projeto, iniciado em 2013 pela empresa espanhola Roca.
O Roca São Paulo Gallery foi projetado pela arquiteta Fernanda Marques e ocupa uma área de 1300 metros quadrados na Avenida Brasil, na capital paulista.
Pensado tanto para profissionais, quanto para o público em geral, o espaço atua como um ambiente cultural de discussões e conhecimento sobre arquitetura, design e inovação. A proposta consiste em fomentar debates, palestras e discussões sobre tudo o que diz respeito ao futuro e às principais tendências para o setor arquitetônico no mundo.
O Roca São Paulo Gallery é o segundo da rede a ser projetado por uma mulher. O primeiro deles foi o Roca London Gallery, fruto do trabalho da arquiteta Zaha Hadid. Segundo Marques, o convite para projetar o Roca São Paulo Gallery representou uma grande honra e impôs, de uma forma bastante positiva, uma série de responsabilidades.
“Significou a oportunidade de deixar minha marca em um projeto que invade a dimensão urbana, combinando arquitetura, design, inovação e sustentabilidade. Foi, também, uma forma de compartilhar minha visão criativa para um espaço significativo da cidade e contribuir para a promoção do conhecimento e do encontro de profissionais na minha área de atuação”, diz.
O Roca São Paulo Gallery fica em um prédio que é dividido em três blocos diferentes. Cada um deles representa uma marca do Grupo Roca no Brasil — Roca, Celite e Incepa —, e, apesar da separação, os três possuem arquiteturas complementares.
Durante o briefing do projeto, o pedido foi por um espaço multifuncional, que representasse todos os Galleries pelo mundo. Para isso, a aposta foi em um layout amplo, sem barreiras físicas, com arquitetura e design expressivos — representados pela elegância e conceito clean da arquiteta — e muita conexão entre interno e externo.
Fernanda Marques não só atendeu aos requisitos do projeto comercial, como também ampliou toda a proposta de integração ao explorar a conexão entre natureza e urbanidade circundante.
Logo na fachada, a contemporaneidade e a oposição entre vegetação e artificialidade ficam evidentes. O paisagismo, projetado por Alex Hanazaki, se conecta delicadamente à via de mosaico português que contorna o prédio, marcado por grandes placas de vidro com imagens da Mata Atlântica. No canto esquerdo superior, está o logo: Roca São Paulo Gallery.
A vegetação segue orientando o visitante por um jardim até a porta de entrada, em uma grande parede de painéis ripados de madeira. Pelo caminho, algumas projeções na estrutura do primeiro bloco expõem a vista para o jardim das áreas de reunião — mais uma estratégia de integração entre interior e exterior.
Ao entrar na galeria, o uso de materiais naturais e da vegetação como elemento decorativo preenche o olhar. A arquiteta conta que o intuito é transmitir uma sensação de calma e conexão com o natural, ao mesmo tempo em que a transparência do vidro permite uma visão panorâmica da área urbana no entorno.
No teto, ripas de madeira compõem o forro, direcionando a percepção para o fundo do espaço. A parede atrás do pequeno balcão de recepção foi inteiramente recoberta por vegetação, com uma faixa de painéis de led que vão de uma ponta à outra. Os mesmos painéis compõem toda a parede lateral esquerda. O piso, por outro lado, ganhou um porcelanato cinza que passa despercebido em meio aos pontos focais.
À direita da área principal, o destaque é do mobiliário. Na primeira metade, há sofás brancos e poltronas minimalistas. Na segunda metade, balcões cercados por banquetas pretas e assentos de couro marcam o limite do ambiente. A vegetação continua sobressalente ao recobrir as duas colunas dessa lateral, bem como toda a parede do jardim externo. Com grandes portas de vidro de correr, o jardim fica visível em qualquer circunstância, ainda que as portas estejam fechadas.
“Para a escolha dos móveis, a premissa do elegante e atemporal também foi mantida”, comentam Marques e o Grupo Roca. “O mobiliário preza pela funcionalidade e conforto, com uma abordagem que valoriza tanto os nomes brasileiros, quanto internacionais. Trabalhar com a brasilidade, sem dúvida, colabora para divulgar a indústria local, valorizar nossos talentos e, além disso, promover a identidade regional que consideramos essencial no projeto.”
As escadas de acesso ao pavimento superior são de madeira — de reflorestamento, demonstrando o compromisso do projeto com a sustentabilidade — e as áreas voltadas à exposição de novas coleções das marcas ganharam paredes de concreto em arco, de forma que a transição seja curvilínea e fluida.
Falando sobre o paisagismo, Hanazaki completa: “Para o interior do Roca São Paulo Gallery, a escolha de espécies tropicais densas e volumosas teve como intenção proporcionar fluidez entre os espaços internos e promover a sensação de amplitude, conforto e acolhimento”.
Confira outros projetos de Fernanda Marques:
Escritório
Termos mais buscados