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FDE - Escola Várzea Paulista

FDE - Escola Várzea Paulista
Uma arquitetura amigável vence a rigidez do concreto com aberturas, clima agradável e áreas de convivência e convida professores, alunos e a vizinhança a usufruir de um espaço que extrapola a função de escola. Imagens: Nelson Kon
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Aberta à comunidade

Texto: Tais Mello

“Esta talvez seja a obra mais modernista que já realizamos”, pondera Rodrigo Marcondes Ferraz, do Há uma grande racionalização entre a estrutura e o espaço; a forma e a função. Dentro desse contexto, os brises de concreto, tipicamente modernistas, surgem com força e reforçam essa estética, aliados aos poucos revestimentos permitidos Rodrigo Marcondes Ferraz escritório FGMF – Forte, Gimenes & Marcondes Ferraz Arquitetos, também formado pelos arquitetos Fernando Forte e Lourenço Gimenes –, ao refletir sobre a arquitetura da Escola Várzea Paulista, localizada na região metropolitana de São Paulo. A instituição faz parte de um programa da Fundação para Desenvolvimento do Ensino – FDE, que envolve escolas estaduais de primeiro e segundo grau construídas pelo Governo do Estado. Todas as obras têm em comum sistema construtivo pré-moldado, componentes industrializados, o programa de salas e áreas de convivência e a articulação entre os espaços. E o resultado do projeto é um lugar confortável para alunos e professores, com arquitetura planejada para a prática do ensino. “Por conta do próprio sistema da FDE, há uma grande racionalização entre a estrutura e o espaço; a forma e a função. Dentro desse contexto, os brises de concreto, tipicamente modernistas, surgem com força e reforçam essa estética, aliados aos poucos revestimentos permitidos”, justifica o arquiteto. Aliados a esses fatores, os conceitos comumente usados na arquitetura do trio surgem na obra: os espaços intermediários (entre brises e vedações), a estreita ligação entre o interior e exterior, a possibilidade de ver as áreas externas e o entorno da maioria dos pontos internos.

Integração de espaços

Desde o início do projeto a arquitetura tem a função de criar uma grande integração entre espaços públicos e semipúblicos, ambientes internos e externos. Tudo começa com o próprio terreno acidentado, localizado no alto e visível a toda a comunidade. Estratégico, ele proporcionou uma grande praça de acesso à escola, aberta à comunidade local.

Ao todo são dois prédios, um com três pavimentos e outro apenas com piso térreo. No primeiro, o andar térreo abriga administração, refeitório cozinha e banheiros, enquanto nos demais encontram-se salas de aula, salas-ambiente, informática e depósitos, além de salas de professores e diretores. Já o segundo edifício, um galpão coberto, tem pé-direito duplo e quadra poliesportiva, sendo voltado para a área de lazer externa. Enquanto os alunos usufruem de várias atividades no galpão durante a semana, a comunidade vizinha, carente de atividades recreativas, aproveita sua infraestrutura nos finais de semana e em eventos especiais.

Na frente, elementos vazados de concreto agrupados exibem aberturas irregulares, formando um grande mosaico com a função de filtrar a luz Foto: Nelson Kon

Sistema construtivo pré-moldado

Na estrutura da escola foi utilizado o sistema pré-moldado com vigas e pilares simples, além de laje protendida pré-moldada tradicional de concreto aparente. A escolha garantiu qualidade de execução, rapidez de montagem e custo acessível, além de atender à exigência do FDE e do sistema de escolas pré-moldadas, enquadrando-se na lista de componentes que fazem parte do programa. O sistema dita o caráter da escola, cuja estrutura modular corresponde às dimensões dos principais ambientes internos. “Trabalhar dentro desse programa requer adaptação às possibilidades pré-aprovadas, tornando-se um desafio. É preciso realizar um projeto interessante e diferenciado a partir de um número limitado de componentes, que vão desde a estrutura até a luminária, um projeto interessante e diferente dos outros”, explica Rodrigo. Ele conta que a única peça diferente desenhada pelo escritório foram as grandes vigas de concreto em formato de “L”. “Elas sustentam os brises da fachada discretamente”, completa o profissional.

Fachadas protetoras

Ao extrapolar os limites do prédio a estrutura de concreto do edifício sustenta também os elementos Trabalhar dentro desse programa requer adaptação às possibilidades pré-aprovadas, tornando-se um desafio. É preciso realizar um projeto interessante e diferenciado a partir de um número limitado de componentes, que vão desde a estrutura até a luminária, um projeto interessante e diferente dos outros Rodrigo Marcondes Ferraz de sombreamento. Rodrigo revela que desde o início houve grande preocupação com a insolação nesse projeto. O cuidado surge a partir da necessidade de haver um controle térmico adequado para as salas de aula e o conforto visual para alunos e professores. “Mas logo o receio evoluiu para o desejo de que sombras e luzes criassem interessantes 'momentos' dentro da escola”, expõe.

Esses ‘momentos’ foram obtidos por meio de uma fachada que extrapola a função estética ao proteger o interior da edificação. Na frente, elementos vazados de concreto foram agrupados e exibem aberturas irregulares, formando um grande mosaico com a função de filtrar a luz. O arquiteto declara que “Até chegar ao desenho final, trabalhamos extensivamente as possibilidades de proteção oferecidas pelos elementos pré-aprovados pela FDE”.

Na fachada principal os elementos de concreto, rígidos, formam um grande painel de três andares de altura que parece flutuar sobre a comunidade. O desenho marcante foi obtido por meio da repetição e rotação dos elementos de sombreamento”, explica Rodrigo. Dentro e fora do prédio, o efeito proporcionado pelos elementos vazados é cativante. No interior, o mosaico emoldura a paisagem; no exterior, ele assemelha-se a um gigantesco painel. Apenas à noite, quando as luzes das salas de aulas estão acesas, o mosaico perde sua força, enquanto a escola ganha um caráter mais leve e diáfano.

Na fachada dos fundos, no trecho do galpão onde o pé-direito é duplo, há um grande brise de telha metálica perfurada de alumínio dentro da área de recreio e convivência coberta. As telhas perfuradas permitem ver o céu durante o dia. Elas proporcionam diversas sensações: no período diurno, o sombreamento e a entrada de luz acontece de tal forma que a cobertura torna-se transparente para quem está dentro do galpão, diminuindo o limite entre exterior e interior do prédio. À noite, a percepção se inverte: do jardim tem-se a impressão de que a escola está aberta para a comunidade.

Com a obra, o escritório FGMF recebeu duas premiações: menção honrosa na Bienal de Arquitetura de Brasília e Prêmio Especial Eduardo Kneese de Mello, do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB).

Escritório

  • Local: SP, Brasil
  • Início do projeto: 2007
  • Conclusão da obra: 2008
  • Área do terreno: 6.344 m²
  • Área construída: 2.703 m²

Ficha Técnica

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