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Casa Planalto

Casa Planalto
Localizada em uma avenida movimentada da cidade de São Paulo, a residência estruturada em concreto e aço vence o barulho da vizinhança e a forte insolação com soluções e materiais escolhidos a dedo. Imagens: Nelson Kon
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Interface amigável

Texto: Tais Mello

Primeiro veio a inspiração, reflexo do desejo e anseio dos moradores – um casal com dois filhos. Depois, a escolha do melhor posicionamento no terreno plano e retangular, com 20 x 40 m, e de materiais e técnicas construtivas. Assim nasceu a Casa Planalto, uma edificação com estrutura mista de aço e concreto, implantada em uma região urbana da cidade de São Paulo, o bairro Planalto Paulista. O projeto tem à frente o arquiteto Flávio Castro, do FC Studio, que reuniu, desde o início, soluções sustentáveis voltadas às necessidades e à funcionalidade da obra. Explorado em sua essência, o concreto serviu para erguer paredes autoportantes; e as vigas Criamos brises na fachada oeste, que controlam a incidência do sol, e aberturas na fachada sul, para amenizar o barulho Flávio Castro metálicas, para vencer grandes vãos. O uso do aço permite a máxima integração nos espaços sociais unidos ao jardim – uma grande área verde externa – por meio de generosas portas envidraçadas e deslizantes. Convenientemente, enquanto as paredes estruturais em concreto delimitam ambientes, a transparência do vidro traz a natureza para dentro da casa. No interior, cada espaço detém cores, texturas e transparências inerentes ao material escolhido.

Em plena cidade

Para erguer a construção em plena metrópole, Flávio Castro precisou amenizar problemas como a forte insolação e os ruídos provocados pelo trânsito de uma movimentada avenida. A definição do partido, da planta e de todas as necessidades do programa foi essencial para chegar à solução. “Criamos brises na fachada oeste, que controlam a incidência do sol, e aberturas na fachada sul, para amenizar o barulho”, revela.

Para controlar a luminosidade, as fachadas voltadas para o sol e áreas de lazer usam grandes aberturas, que podem ser abertas ou fechadas de acordo com a necessidade Foto: Nelson Kon

Partido do bem

Projetados em 800 m², dois enormes volumes perpendiculares em balanço, voltados para as fachadas frontal e posterior, dividem-se entre as áreas íntimas da casa, no andar superior, e os espaços sociais, de serviço, lazer e paisagismo, no térreo. “O partido arquitetônico impressiona ao gerar uma série de balanços e desencontros, tendo a circulação vertical como único ponto de intersecção entre a caixa inferior e superior”, descreve Flávio. A forma confere estética leve e garante a iluminação e ventilação de alguns espaços. O acesso à residência é feito por meio de uma rampa implantada um pouco acima do nível da rua. Dentro da casa, um generoso corredor de 1,80 m atravessa o pavimento térreo e interliga os ambientes. Com portas largas e ausência de degraus, a planta é amigável, ao proporcionar livre acesso a cadeirantes. No primeiro andar, a ampla circulação se repete, mas com um adicional: vãos de pé-direito duplo presentes na escada e sala de estar – além de pilares isolados –, quebram a monotonia do espaço.

Voltado para o lazer, o terraço-jardim está localizado na cobertura do bloco transversal. Ele abriga a área de churrasqueira e garagem, podendo ser acessado, também, pela escada.

Frescor e silêncio

Mais que um solário de descanso – a cobertura do térreo, composta de deque elevado e pedras soltas –, é um auxiliar no quesito sustentabilidade, pois resfria a área de lazer, localizada logo abaixo.

Em vez de utilizar a energia elétrica, a residência é servida por um sistema de energia solar, cujos painéis absorvem a luz natural e aquecem a água necessária aos moradores. Localizado na cobertura, o reservatório armazena o líquido quente, enquanto a distribuição para toda a casa acontece através de tubulações.

A economia energética também é proporcionada pelas aberturas estratégicas localizadas nas O partido arquitetônico impressiona ao gerar uma série de balanços e desencontros, tendo a circulação vertical como único ponto de intersecção entre a caixa inferior e superior Flávio Castro fachadas e no teto, que permitem a entrada da claridade, dispensando o uso de luz artificial no período diurno. “Exemplos disso são as grandes portas corrediças da fachada lateral direita e as aberturas junto aos brises de aço corten, responsáveis por controlar a incidência solar direta e, consequentemente, o calor”, explica o arquiteto.

A proteção acústica indispensável à morada tem origem, também, na cobertura plana impermeabilizada com manta térmica e proteção mecânica. A função inicial da manta é resfriar o pavimento inferior, mas a camada espessa de argila com a qual é formada acaba isolando o andar superior de ruídos externos. Além dessa solução, alguns ambientes necessitaram de reforço extra na contenção dos sons, como o home theater, cujas paredes de alvenaria são dotadas de proteção acústica.

Obra limpa, rápida e econômica

Ao optar por uma estrutura modular e simétrica em relação à modulação dos pilares metálicos, o arquiteto conseguiu adotar a solução estrutural em quase a totalidade da construção, além de optar por técnicas e materiais disponíveis no mercado e que não apresentam grandes especificidades. Pilares e lajes maciças em concreto foram construídos no canteiro, por mão de obra especializada local. Já a estrutura metálica chegou pronta para ser instalada, enquanto a conexão entre as partes foi projetada no escritório do arquiteto. Por tudo isso, a construção caracteriza-se como rápida, ágil e limpa, pois não estimula a geração de resíduos.

Escritório

  • Local: SP, Brasil
  • Início do projeto: 2012
  • Conclusão da obra: 2013
  • Área do terreno: 800 m²
  • Área construída: 600 m²

Ficha Técnica

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