A proposta de conceber um empreendimento que respeita seu entorno e cria espaços públicos dentro de uma área privada é, sem dúvidas, o grande artifício do projeto. Situado em um terreno triangular margeado por frondosas árvores, em um único quarteirão que abrange três ruas, o partido de ordem corporativa e comercial identifica-se com o lote por meio de um formato curvo que abraça uma praça implantada próxima à principal avenida.
“Na verdade, cada um dos vértices da edificação foi caracterizado por uma praça – no total são três –, com paisagismo em terreno natural, convergindo para que as áreas externas ganhem uma conotação pública. Com isso as pessoas podem circular e usufruir desses espaços. O curioso é que em certo ponto o pedestre enxerga o lado convexo do prédio e logo adiante, depara-se com as praças que surgem como elementos-surpresas pelo caminho”, conta Bernardo Farkasvölgyi, arquiteto.
As fachadas em vidro semirreflexivo se sobressaem na estrutura, conferindo força formal, além de apresentarem leve brilho que contrasta com a escolha das pedras foscas do prédio. A proposta debruçava-se em um layout limpo, que evitasse texturas e diversidade de materiais, para não quebrar a unidade.
O arquiteto explica que “a opção por esse sistema de pele de vidro teve a intenção de garantir a maior iluminação natural e a privilegiada vista das copas das árvores da avenida, acessível aos usuários de todos os andares do edifício. Além disso, o material tem alto fator de reflexão solar, uma propriedade que induz ao menor gasto de energia, reduzindo o uso do ar condicionado”.
Para a vedação externa da cobertura foi pensada uma marcação fora de escala por meio de brises de alumínio. Nesse trecho superior serão alocadas as máquinas de condicionamento de ar, uma vez que os brises contribuem para não comprometer o efeito estético.
No quesito sustentabilidade, a construção adota equipamentos e materiais que contribuem para a preservação do meio ambiente. Uma rede de canalizações recupera a água da chuva, utilizada para a manutenção dos jardins e outros fins. Há, também, um sistema de caixa coletora de águas pluviais para a formação de reservas; áreas permeáveis que retém a água; além de torneiras com dispositivos de fechamento automático. Existe possibilidade, inclusive, de o empreendimento contar com painéis para energia solar.
A automação do edifício abrange a iluminação e o ar condicionado das áreas comuns, escadas rolantes com acionamento por aproximação, de elevadores com automação de desempenho, portas elétricas de acesso e trava elétrica das portas de incêndio com acionamento para pânico.
O partido implantado no terreno tem dois acessos – frontal e posterior – feitos em nível, sem utilização de escadas. De acordo com o arquiteto, isso acontece para não haver diferenciação de acesso convencional para os portadores de mobilidade reduzida. O prédio também possui instalações sanitárias de acordo com a NBR-9050.
“Para todos os projetos que desenvolvemos, temos a preocupação efetiva com a acessibilidade. O portador de necessidades é uma pessoa comum e precisa ter facilidade de acesso como quaisquer outros usuários. No J.M IRFFI todos os cômodos, andares e espaços são totalmente acessíveis”, afirma.
O edifício obedece a uma forma horizontal, com menos andares, atendendo às limitações de altura ditadas pelo conjunto urbano tombado. Com balanços generosos, ele tem lajes de aproximadamente 2 mil m² por andar.
“O programa é bem-definido com lojas no pavimento térreo, três subsolos de garagem com capacidade para 360 vagas, uma área no segundo pavimento – que corresponde à entrada do edifício, com espaço comum, auditório, salas de reuniões – e os pavimentos-tipo, que abrangem salas comerciais. Os dois últimos andares são mais recuados e possuem área privativa descoberta para quem deseja um escritório mais despojado, casual”.
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