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Fábrica coBLOgó

Fábrica coBLOgó
SUBdV subverte o conceito tradicional de criação arquitetônica para criar a fachada com blocos de concreto que simula efeito de elementos vazados. Imagens: Rodrigo Chust
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Inovação paramétrica

Texto: Thais Matuzaki

À primeira vista, a construção de um anexo de apenas 500 m² para abrigar o escritório administrativo, um depósito e o showroom de uma fábrica de brinquedos pode parecer uma obra simples. No entanto, este projeto executado em Taboão da Serra (SP) distingue-se pela técnica adotada na concepção e na execução de sua fachada, que lhe conferiu uma identidade industrial contemporânea.

Embora seja constituída por vários blocos de concreto, a disposição em que eles se encontram não é uniforme, como de costume. Pelo contrário, eles são calculadamente desalinhados para permitir a entrada controlada da luz natural no interior da edificação, simulando o efeito de elementos vazados. O processo criativo deste projeto, intitulado coBLOgó, envolveu uma série de estudos ligados à arquitetura paramétrica conduzidos pelos arquitetos Franklin Lee e Anne Save de Beaurecueil, sócios do escritório SUBdV.

Arquitetura paramétrica

Nessa modalidade de arquitetura, a concepção do projeto foge do processo convencional. Com a ajuda de um software adequado, são produzidos diversos scripts paramétricos. No caso do coBLOgó, eles deram origem a diferentes variações de aberturas da fachada, que foram simultaneamente testadas num software de simulação ambiental. Por meio dele, foi possível verificar quais das opções ofereceriam melhor iluminação natural e sombreamento. “A produção de protótipos ao longo do processo foi crucial para a escolha da fachada e do material”, revela Franklin.

A fachada vazada controla a entrada de iluminação natural e cria efeitos de luz e sombra no interior do escritórioFoto: Rodrigo Chust

O resultado foi a composição de uma fachada vazada com blocos de concreto que controlam os raios solares nas faces sul e oeste, e ao mesmo tempo evitam a entrada de ar quente nos ambientes internos. Enquanto o lado norte é fechado, por estar encostado no edifício existente, o leste encontra-se aberto e parcialmente sombreado por árvores e pelo muro vizinho. Além do jogo de luz e sombra, isso permite a ventilação natural cruzada dentro do anexo.

Uma segunda pele de vidro contribui tanto para o isolamento acústico dos ambientes internos (quesito importante tendo em vista o barulho dos caminhões que circulam pela fábrica) quanto térmico. De acordo com Franklin, o sol bate nos blocos de concreto e retém o calor, enquanto a transparência das esquadrias ainda permite a passagem da luz difusa.

“Esta fachada decorativa não é à toa; traz economia. Tem menos luz direta entrando, o que reduz a necessidade de ar-condicionado sem impedir a passagem da iluminação natural pelos vãos entre os blocos. Minimizam, assim, os custos com energia elétrica”, complementa Anne Save.

Metodologia high-low

Com os desenhos da fachada prontos, um software paramétrico gerou guias de posicionamento dos blocos de concreto. Esses desenhos foram modelados em chapas de papelão por meio de corte digital a laser. As guias de papelão foram, então, montadas no local da obra para auxiliar os pedreiros e o mestre de obras na elevação da alvenaria, servindo como gabarito das fiadas de blocos desalinhados. Era preciso apenas encostar o material na guia e colocar a massa e os pregões para formar a parede, o que dispensava uma mão de obra especializada. Mas segundo Franklin: “ao longo do processo, tivemos que aprender a como passar essa inteligência do escritório ao canteiro de obra”. Dessa forma, foram produzidos protótipos e maquetes que materializaram as instruções contidas nos desenhos.

Para Franklin Lee, o projeto é um exemplo da aplicação prática da metodologia high-low. Ou seja, enquanto a alta tecnologia computacional (high) viabilizou a abordagem da arquitetura paramétrica, foi a adoção de materiais de baixo custo (low) que permitiu construir a fachada conforme o detalhamento do projeto. “Acredito ser a primeira vez no Brasil que uma fachada foi construída com esse método”, pontua o arquiteto.

Tal como a fachada, os painéis decorativos das paredes, o guarda-corpo e os móveis do anexo foram concebidos por meio da computação paramétrica e da fabricação digital. “Eles contribuem para absorber o som na planta aberta do escritório e também para ambientar o espaço monocromático com superfícies policromáticas”, descreve o arquiteto. Detalhados com encaixes que dispensam o uso de cola, esses elementos trazem uma estética lúdica ao projeto.

Escritório

  • Local: SP, Brasil
  • Início do projeto: 2013
  • Conclusão da obra: 2014
  • Área do terreno: 300 m²
  • Área construída: 500 m²

Ficha Técnica

Fornecedores desta obra

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