No Recife, o lote concentrado na principal Avenida da Reserva do Paiva, margeado pelos mangues, favorece a implantação da instituição de ensino. A execução em fases viabilizará um programa em diferentes blocos que orientará a funcionalidade de cada prédio.
"Trata-se de uma região de características exclusivas, que permitiu a adequação do projeto em função de uma melhor eficiência. A escola ocupa uma quadra inteira e ficará voltada para a rua principal, na orientação leste, onde também será possível vislumbrar a praia e o conjunto de coqueiros do lugar. Por esse motivo, essa fachada será o principal cartão de visitas", afirma o arquiteto Marco Milazzo.
Por trás dessa concepção, o projeto possui um caráter bem definido: a construção tem um custo acessível, mas de alta qualidade arquitetônica. Isso implicou no desenvolvimento de um programa que aproveita ao máximo os espaços por meio da circulação vertical e horizontal, além de explorar técnicas e materiais construtivos duráveis e fáceis de manter.
“Para obter velocidade na obra, o cliente definiu a estrutura pré-moldada de concreto, onde a repetição de elementos foi necessária e definidora do partido arquitetônico. Procuramos utilizar um elemento de fachada que aproveitasse a modulação da estrutura, utilizando também elementos pré-moldados de concreto, mas que ao mesmo tempo criasse uma identidade única ao conjunto. Assim, propusemos o uso de um único elemento trapezoidal, em posições invertidas e intercaladas, apoiadas nos balanços das lajes pré-moldadas que formam ‘caixas’. Estas dão movimento à fachada e a protegem parcialmente da insolação direta”, conta.
Como complemento, as paredes dos peitoris das janelas apresentarão variações de cores, graças ao conjunto de pastilhas cerâmicas, além do uso de brises e cobogós para potencializar a eficiência energética do estabelecimento.
Definidos o lote e o caráter construtivo, observa-se a configuração influenciada pelo formato do terreno e pela necessidade da obra em fases. Primeiro, o prédio de acesso. Ele está voltado à rua principal e conjuga a área de administração, o teatro para 300 pessoas, o refeitório e as salas do maternal e jardim de infância.
“O teatro apresenta uma forma mais orgânica, diferente do resto do empreendimento – reflexo das necessidades de configuração e acústica. No último andar desse bloco, foi projetada uma cobertura verde sobre o teatro, criando uma área de convívio e extensão da área interna do refeitório. O teatro poderá funcionar independente da escola e servir para eventos da comunidade”.
No mesmo núcleo concentram-se o ginásio de esportes, marcado por uma construção simples e limpa, que utiliza treliças metálicas na cobertura e brises metálicos nas fachadas, criando uma marcação horizontal.
“Há um acesso independente pela rua, de caráter semipúblico, pois servirá para competições e eventos festivos. Por esse motivo, foram localizados ao longo da passagem o planetário e a capela, também abertos para outras pessoas da região. Abaixo do ginásio fica o estacionamento e as áreas de serviço da escola”.
A capela possui aberturas em vidro na entrada e no fundo do altar, permitindo ao público e às crianças no pátio compartilharem o espaço. Rasgos na cobertura da capela complementam o efeito de luz natural pretendido.
Já o prédio das salas de aula foi implantado ao longo do terreno. Ele fica mais protegido do sol e possibilita a construção em quantas etapas forem necessárias, com ampliação em módulos. Com a distribuição dos prédios ao redor do lote, formou-se um pátio descoberto central, protegido visualmente e acusticamente.
“Pode-se dizer que o projeto concentra diversos conceitos e características típicas de uma escola com qualidade arquitetônica, porém sem ostentação ou luxo e dentro da viabilidade econômica. É um projeto que agrega necessidades e objetivos comuns às instituições públicas e privadas de ensino, abrindo o uso ao público intensamente, o que justifica sua existência e viabiliza sua manutenção”.
A acessibilidade foi uma das premissas mais importantes do projeto, com grande influência nas soluções adotadas. As normas foram totalmente atendidas e permitem o acesso por cadeirantes e pessoas com algum tipo de necessidade a todos os ambientes da escola.
O arquiteto explica que “mesmo com poucos pavimentos, o projeto dispõe de um elevador que complementará as rampas de acesso a todos os pavimentos. O acesso principal da escola acontece no nível acima da cota do terreno, assim temos dois pavimentos superiores e um pavimento inferior, o que contribui para distribuir melhor o fluxo de alunos. As salas de aula das crianças mais velhas foram projetadas nos pavimentos mais altos”.
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