Na 8ª edição da mostra Morar Mais por Menos Goiânia, realizada em 2015, 32 ambientes aderiram à proposta de sustentabilidade combinada à tecnologia. Um desses espaços era a Varanda Gourmet, idealizada pelo arquiteto Marcos Gouvêa com uma estrutura pré-moldada feita de aço carbono patinado em corten e parcialmente vedada por telhas zincadas. Além do sistema de irrigação do jardim, que era automatizado, a iluminação 100% LED superava os quesitos mais modernos, pois poderia ser comandada via aplicativo de celular.
O projeto foi implantado nos fundos do lote – um vazio que antigamente servia como estacionamento. Para Gouvêa, a construção requalificou o espaço e se integrou aos ambientes circundantes como se sempre estivesse ali.
Segundo o arquiteto, a inspiração para a Varanda Gourmet veio das obras do renomado pintor Piet Mondrian, considerado o pai do Neoplasticismo e influente artista do século XX. A ideia era criar uma estrutura cuja forma lembrasse um quadro do autor, que por sua vez marcava suas telas com traços retilíneos e geométricos. “Também pensamos na execução do projeto, que deveria utilizar materiais e técnicas atuais, sobretudo, sustentáveis”, ressalta Gouvêa.
Toda a estrutura da varanda foi fabricada em aço carbono patinado em efeito corten. De acordo com Gouvêa, esse acabamento evita manutenções dispendiosas devido à pátina que se forma através de um processo químico natural. Com o passar do tempo e com a ação do sol e da chuva, a aparência do material modifica-se dia após dia sem ter a necessidade de repintura.
Erguendo-se sobre pilares a 6 metros de altura, a estrutura metálica foi parcialmente vedada com telhas zincadas, que seguiam pela cobertura e desciam até um certo ponto fazendo as vezes de parede. Nesse conjunto harmônico, a leve inclinação do telhado passava quase imperceptível.
As referências da Varanda Gourmet à Mondrian surgiam pela disposição das vigas e dos pilares dessa estrutura metálica, marcada por linhas retas em composição geométrica. Como a parte da frente era completamente aberta, o tracejado formava um interessante jogo de cheios e vazios, comum nas obras do pintor.
Como conta Gouvêa, a maior dificuldade desse tipo de estrutura foi fazer com que os serralheiros – acostumados ao ‘padrão industrial’ – se empenhassem em executar algo mais artesanal e artístico. “Apesar do primeiro momento, tudo ocorreu dentro do planejado. Ela foi transportada da serralheria ao local da instalação, onde realizamos as junções e as soldas de fixação, e em 12 dias ficou pronta”, detalha.
Gouvêa explica que o layout linear do ambiente – um retângulo de 5 x 11 metros – era desinteressante para um projeto de varanda. “Não se podia, por exemplo, fazer uma sala em L, nem mesmo uma ilha comprida demais.”
Então, a solução foi criar dois ambientes separados por um hall com jardim vertical monoespécie. À esquerda, a ilha gourmet estava conectada à mesa por meio de uma horta de temperos e uma bica d’água, enquanto à direita, o uso era flexível, prestando-se como garagem ou até mesmo pista de dança. Dividindo esses dois espaços, um vazio era decorado pelo paisagismo que exibia samambaias suspensas em baldes de alumínio e cordas náuticas.
Utilizando o sistema RGB, bastava um clique no aplicativo do celular para se obter um ambiente totalmente diferente Marcos GouvêaPor todos os cantos, a Varanda Gourmet apresentava um estilo baseado na mistura de tendências – rústicas, industriais, vintage e ecológicas. E o mobiliário foi o responsável por esse visual, desenhado por linhas retas e composições geométricas produzidas em aço corten, alumínio anodizado e zinco. Além das caixas-conteiners de plástico (alocadas na estante), completam o décor o refrigerador retrô e o móvel mais rústico que funciona como cristaleira.
No lado esquerdo, a parede dos fundos acomodava uma obra de arte feita em papel, com moldura em aço corten. Já à direita, havia uma estante preparada para receber livros e objetos de coleção.
Uma das principais características do projeto consistia no seu caráter sustentável e tecnológico. A iluminação, 100% feita de LED, possuía um sistema de automação que gerava economia de 60% em comparação às lâmpadas comuns e ainda permitia a criação de diversas cenas, especialmente no lustre de cabaças. “Utilizando o sistema RGB, bastava um clique no aplicativo do celular para se obter um ambiente totalmente diferente”, enfatiza Gouvêa.
O paisagismo também contou com ajuda da tecnologia, uma vez que a irrigação do jardim era feita por gotejamento automatizado. Sem desperdícios, um rasgo com seixos brancos recolhe o excesso de água do sistema.
Escritório
Termos mais buscados